Uma livraria é sempre uma história de pessoas, livros e afectos.
Foram muitas as pessoas que passaram aqui pelo nosso espaço da Av. do Uruguai, em Benfica.
Nascemos de parto natural e ainda uns três anos antes do encerramento pelo velho regime salazarista, no tempo de Marcelo Caetano, do movimento cooperativo cultural dos anos 70. Nunca estivemos sós. Houve sempre muita gente a apoiar-nos. Eu sei que a Ulmeiro foi importante neste movimento de ideias da década de 70 e que ninguém poderá apagar essa memória. Herdei essa memória e decidi sempre nesses tempos de acordo com a minha consciência e as minhas convicções e assumo todos esses passos com muita honra no momento em que sobre as livrarias e as editoras independentes novas nuvens negras pairam no ar e pouco sei do Futuro que nos espera.
Nascemos nesse e desse movimento e apoiámos tudo aquilo em que acreditávamos: por aqui passaram a pedir apoio pessoas ligadas à luta clandestina contra o antigo regime salazarento, contra o colonialismo português, maoístas, M-L's de todos os feitios, CDE, anarquistas, católicos progressistas (eu próprio fui um dos subscritores do Manifesto dos 101 contra a guerra colonial, em 1965), revolucionários de todos os quadrantes, que ingenuamente pensámos poderem após o 25 de Abril entender-se no debate de ideias que se abria nesse momento histórico. Também conheci a esquerda moderada, tive ocasião de conhecer Sá Carneiro, da chamada ala liberal e, curiosamente, uns anos depois conheci Snu Abecassis, a grande Senhora da Dom Quixote, enfim... memórias de uma vida ligada aos livros e também sempre dominada por afectos que perduram.
Continuo amigo dos meus amigos apesar das singularíssimas e diversíssimas trajectórias pessoais e políticas de muitas destas amizades desses tempos difíceis. Para mim as pessoas estiveram sempre em primeiro lugar...
Pensando um pouco retrospectivamente lamento os equívocos que me afastaram de alguns (chegam os dedos de uma mão para os enumerar!), talvez por minha culpa, talvez tivesse de ser assim, talvez por isto, talvez por aquilo...
Sinto que estamos à beira de encerrar um ciclo e de um ainda incerto caminho, mas gostaria de dizer que continuo aquilo que sempre fui: um homem dos livros, ligado a pessoas e dominado por afectos. Por tudo isto que foi este passado acredito que uma flor de lótus vai nascer no meio deste lameiro...
(JAR)
Foram muitas as pessoas que passaram aqui pelo nosso espaço da Av. do Uruguai, em Benfica.
Nascemos de parto natural e ainda uns três anos antes do encerramento pelo velho regime salazarista, no tempo de Marcelo Caetano, do movimento cooperativo cultural dos anos 70. Nunca estivemos sós. Houve sempre muita gente a apoiar-nos. Eu sei que a Ulmeiro foi importante neste movimento de ideias da década de 70 e que ninguém poderá apagar essa memória. Herdei essa memória e decidi sempre nesses tempos de acordo com a minha consciência e as minhas convicções e assumo todos esses passos com muita honra no momento em que sobre as livrarias e as editoras independentes novas nuvens negras pairam no ar e pouco sei do Futuro que nos espera.
Nascemos nesse e desse movimento e apoiámos tudo aquilo em que acreditávamos: por aqui passaram a pedir apoio pessoas ligadas à luta clandestina contra o antigo regime salazarento, contra o colonialismo português, maoístas, M-L's de todos os feitios, CDE, anarquistas, católicos progressistas (eu próprio fui um dos subscritores do Manifesto dos 101 contra a guerra colonial, em 1965), revolucionários de todos os quadrantes, que ingenuamente pensámos poderem após o 25 de Abril entender-se no debate de ideias que se abria nesse momento histórico. Também conheci a esquerda moderada, tive ocasião de conhecer Sá Carneiro, da chamada ala liberal e, curiosamente, uns anos depois conheci Snu Abecassis, a grande Senhora da Dom Quixote, enfim... memórias de uma vida ligada aos livros e também sempre dominada por afectos que perduram.
Continuo amigo dos meus amigos apesar das singularíssimas e diversíssimas trajectórias pessoais e políticas de muitas destas amizades desses tempos difíceis. Para mim as pessoas estiveram sempre em primeiro lugar...
Pensando um pouco retrospectivamente lamento os equívocos que me afastaram de alguns (chegam os dedos de uma mão para os enumerar!), talvez por minha culpa, talvez tivesse de ser assim, talvez por isto, talvez por aquilo...
Sinto que estamos à beira de encerrar um ciclo e de um ainda incerto caminho, mas gostaria de dizer que continuo aquilo que sempre fui: um homem dos livros, ligado a pessoas e dominado por afectos. Por tudo isto que foi este passado acredito que uma flor de lótus vai nascer no meio deste lameiro...
(JAR)
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