(por Vítor Vieira)
A existência de vazios urbanos - geralmente identificados ou definidos como espaços urbanos vazios, expectantes, desocupados, esquecidos, abandonados pela urbe e pelos seus habitantes, sem aparente movimentação e/ou deambulações humanas e que habitualmente são rotulados como sendo destituídos de funções sociais relevantes - é bastante comum - e assim parece ter sido ao longo da história - a quase todas as cidades de Portugal, assim como em outras cidades mundiais.
Benfica, freguesia urbana (mas ainda com acentuados resquícios de uma ruralidade, a perder-se …) da cidade de Lisboa, não poderia fugir à suposta regra consuetudinária ou princípio de sociologia urbana. E é precisamente destes espaços que nos iremos ocupar nos próximos tempos, em jeito álbum fotográfico da nossa freguesia.
Não somos movidos por nenhuma espécie de aversão ou horror do vazio, quando deambulamos, perdidamente, por estes espaços, que ainda são livres e, supostamente, mais arejados e desafogados.
Não desejamos - antes pelo contrário - que, nestes espaços, haja mais construção/edificação de casas para habitação ou lojas (pois temos noção que há um excesso de edificado em Lisboa, apesar de existirem muitas pessoas e suas famílias a viverem em precárias condições de habitabilidade e salubridade).
Nem tampouco temos a visão maniqueísta de que todos aqueles espaços são necessariamente “maus”.
Importa, pois, relativizar as coisas e refletir sobre eles, caso a caso. Não temos o ensejo, de, incessantemente, contribuir para que as entidades públicas ou particulares, com responsabilidades na matéria, ocupem todos esses espaços vazios da freguesia de Benfica.
Tem que existir, sobriedade, planeamento e, acima de tudo, noção de futuro!
Há muitos espaços que assim se deverão manter - porque, pelo menos, têm uma grande e decisiva função de permeabilidade dos solos -; outros, porém, deveriam ser alvo de intervenções mínimas/minimalistas, de molde a que sejam ou continuem a ser refúgios de habitats de fauna, flora e vegetação, no fundo de fontes vivas de biodiversidade.
Sem pretendermos ser exaustivos, nem esgotar a temática, deixaremos aqui alguns exemplos de utilizações possíveis desses espaços, em ordem a dignificá-los e a conquistá-los com alguma presença humana, mas mantendo-os como elementos de descontinuidade na, já muito pesada e densa, malha urbana de Benfica:
1) Campos de jogos tradicionais portugueses;
2) Estatuária e novas fórmulas de arte urbana;
3) Zonas verdes, jardins, parques e hortas urbanas;
4) Realização de mercados, feiras e vendas de garagem, dedicadas a pessoas que não façam do comércio a sua atividade principal, e
5) Realização de exposições de artes plásticas, performativas, espetáculos e concertos de música, sempre que o tempo o permita.
Eis um repto que aqui fica!
Começamos, então, o nosso périplo pelas traseiras do Mercado de Benfica/traseiras da Rua Emília das Neves...
Fotografias de Vítor Vieira (2013)
Continuaremos…. em breve!
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