domingo, 8 de setembro de 2013

Estrada dos Arneiros (“Rua dos Castelhanos”)





Todos os direitos reservados @ Fausto Castelhano, "Retalhos de Bem-Fica" (2013)




(por Fausto Castelhano) 




Projectada no tecido suburbano da Freguesia de Benfica e já muito próximo dos seus limites geográficos, tanto da vizinha Freguesia de Carnide, como da Estrada da Circunvalação (a linha de fronteira da cidade de Lisboa desde 1885), a Estrada dos Arneiros permaneceu, durante largas décadas, intimamente enlaçada pela presença de estruturas adjacentes de extrema relevância e que, praticamente na totalidade do seu trajecto acompanhavam o traçado da artéria. Ladeada à esquerda pela Quinta das Palmeiras (Quinta do Galla ou “Mata do Galla”), onde sobressaia a estupenda mancha de árvores frondosas e, após ultrapassar a Rua Cláudio Nunes, deparamos com a Quinta de Nossa Senhora do Cabo.



1-Estrada dos Arneiros (“Rua ou Estrada dos Castelhanos”); 2-Estrada do Poço do Chão (actual Rua da República da Bolívia); 3-Travessa dos Arneiros (Rua dos Arneiros); 4-Rua Cláudio Nunes; 5-Calçada do Tojal; 6-Estrada da Circunvalação ou Estrada Militar; 7-Estrada da Correia; 8-Estrada dos Salgados; 9-Encruzilhada do Caliça. A-Cemitério de Benfica antes do alargamento de 1959; B-Quinta das Palmeiras (“Quinta do Galla” ou “Mata do Galla”); C-Quinta do Charquinho; D-Posto de Limpeza Municipal; E-Horta do Sr. José Augusto; F-Horta do Sr. Manuel Esteves 
(Extracto da Carta Militar de 1949 do Instituto Geográfico do Exército) 


Ao lado direito perfilava-se a Quinta do Charquinho, mas o elemento de maior saliência recaia na área de implantação do Cemitério de Benfica, cuja fronteira colidia com a extrema da mencionada Quinta do Charquinho.



Moradia geminada no início da Estrada dos Arneiros, 2A e 2 (esquina com a antiga Estrada do Poço do Chão). Na porta 2A (à direita) residia a D. Isaura, empregada na Fábrica Simões e, na porta 2, morava a D. Bernardina (Foto de João H. Goulart, 1961 - Arquivo Fotográfico da Câmara Municipal de Lisboa


A Estrada dos Arneiros compunha-se de dois troços inconfundíveis: o primeiro lanço, em linha recta e ladeira moderada, abarcava um percurso de aproximadamente 475 metros, ou seja desde o início da artéria até ao encontro do términus da antiga Travessa dos Arneiros (à esquerda), a actual Rua dos Arneiros e onde o muro da Quinta das Palmeiras formava um ângulo extremamente agudo (cerca de 30º) formado por dois lados: a Estrada dos Arneiros e a Travessa dos Arneiros. A partir deste local, abeiramo-nos do segundo segmento da via com 325 metros de extensão (actualmente, Rua João Ortigão Ramos). Aqui, abria-se dilatado terreiro: à direita, a fachada principal do Cemitério de Benfica e que incluía um portão secundário e, logo depois e no enfiamento da Rua Cláudio Nunes, a entrada nobre da Quinta das Tabuletas apresentava-nos as boas-vindas…. Após o portão principal, seguia-se o muro de protecção (cerca de 40 metros) até ao espaço ocupado pela horta do Sr. Manuel Esteves e que abrangia uma área triangular balizada pelo já referido muro do Cemitério de Benfica, a Estrada Militar (Estrada da Circunvalação) até pertinho do cruzamento com a Estrada dos Salgados e, ainda pelos últimos metros da Estrada dos Arneiros no preciso local onde entroncava na Calçada do Tojal.



O final da Travessa dos Arneiros (actual Rua dos Arneiros) ao encontro da Estrada dos Arneiros. À direita, o muro da Quinta das Palmeiras, já parcialmente demolido. Ao fundo, a Estrada dos Arneiros, o portão secundário de acesso ao Cemitério de Benfica, um pouco antes da sua entrada principal. À esquerda, terrenos onde se desenvolveram diversas hortas cultivadas pela população local. 
(Foto de Augusto de Jesus Fernandes, 1967 - Arquivo Fotográfico de Câmara Municipal de Lisboa


No lado oposto, frontal à entrada do cemitério, encontramos o final da Travessa dos Arneiros (Rua dos Arneiros) e, também, o espaçoso terreno entre esta via e a Rua Cláudio Nunes e que era cultivada pela família residente na última casa da Travessa dos Arneiros, 121 e vulgarmente conhecida como a “Jornaleira” já que se incumbia, como uma das suas tarefas diárias, a distribuição e venda de jornais, revistas, etc. pela população da Freguesia de Benfica.


O actual portão secundário do Cemitério de Benfica junto à confluência da Estrada dos Arneiros e da Rua dos Arneiros, a antiga Travessa dos Arneiros. 
(Foto de Fausto Castelhano, 2013) 


Assim, depois da Rua Cláudio Nunes que desaguava frente ao portão principal do cemitério, somos confrontados com o baixo murete que rodeava a Quinta de N. Sra. do Cabo ou Quinta do Cabo (1) desde a parte final da Rua Cláudio Nunes e que prosseguia até ao termo da Estrada dos Arneiros prolongando-se, depois, ao longo da Calçada do Tojal onde se situava a entrada da herdade. A Estrada dos Arneiros findava na Calçada do Tojal, a cerca de uma trintena de metros do cruzamento da Estrada Militar com a Estrada dos Salgados e onde pontificavam dois locais de especial referência: a Quinta dos Lilases e o Retiro do Caliça. O comprimento total da Estrada dos Arneiros perfazia 800 metros. Curiosamente, a toponímia popular ou natural contemplou a Estrada dos Arneiros com nomenclatura alternativa: “Rua ou Estrada dos Castelhanos” devido à simples circunstância d’uma família bastante conhecida e portadora de tal apelido residir, precisamente na Quinta do Charquinho, Estrada dos Arneiros, 4.



Escritura de cedência de terreno da Quinta do Charquinho necessário para o alargamento do Posto de Limpeza Municipal e do Cemitério de Benfica. 
(Documento do Arquivo da Câmara Municipal de Lisboa) 


Via de relativa importância, a Estrada dos Arneiros manteve-se sem qualquer alteração significativa até meados dos anos 50 do século XX, tal e qual quando a conhecemos no ano de 1945. Isto é, após a primeira ampliação do Cemitério de Benfica e do Posto de Limpeza Municipal do 10º Distrito, obras ocorridas na transição das décadas de 20/30 (anexando uma faixa de terreno da Quinta do Charquinho), além da construção d’um colector de esgoto na Estrada dos Arneiros com o propósito de eliminar uma vala malcheirosa que corria a céu aberto na própria berma da artéria (projecto aprovado na sessão de 26/10/1933 da Câmara Municipal de Lisboa).



Projecto de construção de um colector de esgoto para substituição de uma vala a céu aberto na Estrada dos Arneiros, Benfica. 
(Documento do Arquivo da Câmara Municipal de Lisboa) 


Chegados aqui, vamos retroceder largas dezenas de anos e deitar uma olhadela à Estrada dos Arneiros dessa época e referir alguns detalhes que nos chamaram a atenção de modo particular, tanto da própria artéria em análise, como às casas de habitação, moradores e vizinhos, tal como se revelou e fomos descobrindo pouco a pouco e que, apesar da enormidade de tempo transcorrido desde então, permaneceram incólumes na nossa memória. Ora, o nosso primeiro contacto com a Estrada dos Arneiros sucedeu nos primeiros dias de Janeiro no distante ano de 1945 quando a família Castelhano viajou de um local relativamente próximo onde residia (Quinta de Montalegre, Carnide/Benfica) e aportou, aviado de armas e bagagens, justamente à Quinta do Charquinho. A Estrada dos Arneiros surgiu-nos como novidade verdadeiramente excepcional e tornou-se atracção irresistível para crianças em idade juvenil, como sucedia no caso presente. Logo depois, entraram em cena os primeiros amigos de rua e fomos descobrindo, a passinhos curtos, a vizinhança. Às tantas, o ingresso na Escola do Patronato Paroquial da Freguesia de Benfica (1946) e, logo no ano seguinte, a Escola Primária Elementar de Aplicação nº 47, sita na Estrada de Benfica juntinho ao antigo Quartel dos Bombeiros e da Sopa dos Pobres da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, popularmente denominada de “Sopa do Sidónio” ou “Sopa do Barroso”.



José da Conceição (Zezito) com o avô materno em 1952 fotografados à porta da residência da família Manuel da Costa Lemos e Maria José da Conceição, Estrada dos Arneiros, 2A. À direita, vislumbra-se um pequeno troço da antiga Estrada do Poço do Chão. 
(Foto do Arquivo de Fausto Castelhano) 


A breve trecho, a Estrada dos Arneiros converteu-se no palco ideal de inúmeros jogos e brincadeiras da garotada mas, a incomparável rampa desde o cotovelo apertado com a Travessa dos Arneiros até ao ponto de confluência com a Estrada do Poço do Chão, acabou por nos seduzir de modo absoluto. Sem descanso e aproveitando a sua favorável inclinação, iríamos utilizá-la como pista de alucinantes velocidades na condução do fantástico automóvel de pedais que um amigo de família nos oferecera quando residíamos na Quinta de Montalegre, objecto que agarrámos com unhas e dentes, tal e qual como se fora o tesouro mais precioso do Universo…


A família de Manuel da Costa Lemos (Estrelado). Em pé, Maria Encarnação (filha), a mãe, a esposa (Maria José da Conceição) e Manuel da Costa Lemos. Em baixo, um amigo e José da Conceição, (filho do casal Estrelado). Foto obtida no quintal da sua residência, Estrada dos Arneiros, 2A. 
(Foto do Arquivo de Fausto Castelhano) 


A insondável “Mata do Galla”, integrada na Quinta das Palmeiras desafiava a imaginação desbragada dos jovenzitos recém-chegados. Perante um sítio deveras aliciante e que nos conquistou p’ra sempre começámos, desde logo e sofregamente, a explorar os seus ínfimos recantos e mistérios…Apesar da canina vigilância do guarda da herdade, sempre de caçadeira aperrada e pronto a alvejar-nos com “cartuchos carregados com sal”, segundo se cochichava com temor, pois “os ferimentos nunca cicatrizariam”. Afinal, tratava-se de uma grandessíssima “tanga” destinada a criar receio desmedido a quem ousasse invadir a esplêndida propriedade…Pois bem, enquanto ali vivemos, jamais ouvimos o som de um único disparo da arma… O desafogado largo aonde convergiam a Estrada do Poço do Chão e o início da Estrada dos Arneiros, junto ao portão de entrada da Quinta do Charquinho tornou-se, rapidamente, o centro ideal de convívio e local propício aonde se combinavam ou decidiam todas as actividades e iniciativas. Aos poucos, outros amigalhaços juntaram-se: o Mário Félix (“Mário Americano”), os irmãos Armando e Henrique (alunos internos da Casa Pia de Lisboa, o António Cabaço, os irmãos Alfredo e Fernando Augusto (filhos da D. Lúcia), os manos Norberto e Paulo (filhos do Sr. Rogério Cardoso), o Mário Fonseca (“Mário Buracos”), os irmãos Carlos Alberto (o “Calminhas”), Fausto e Orlando, etc.



José da Conceição, irmão de Maria da Encarnação e filho da família de Manuel da Costa Lemos (Estrelado) no quintal da sua residência, Estrada dos Arneiros, 2A. 
(Foto do Arquivo de Fausto Castelhano) 


O inesquecível Manuel Luís (o “Manecas”), serralheiro-mecânico na Fábrica Simões, tendo o apoio unânime dos restantes condiscípulos, acabou por se assumir como líder indiscutível d’um fantástico grupo de jovens ousados e sempre disponíveis quando surgia a ocasião de alinhar em proezas arrojadas, os quais e ao correr das inolvidáveis décadas de 40/50 do século XX, lograram levar a efeito na área territorial da Freguesia de Benfica.



Estrada dos Arneiros, 2A e 2, 4 e 6. Entre as moradias 2/2A (geminada) e 6, localizava-se o portão da Quinta do Charquinho identificada com o nº4. Na foto observam-se as colunas de pedra da respectiva entrada. 
(Foto João H. Goulart, 1961 - Arquivo Fotográfico da Câmara Municipal de Lisboa


Não obstante, diga-se de passagem, sofrendo inevitáveis dissabores de permeio: processo em Tribunal levantado por Ludgero Alvarez (proprietário da Fábrica Portuguesa de Pregaria) e onde a sentença se ficou por pesada multa a 14 rapazolas que se sentaram no banco do réus na sala de audiências do Torel, mas com a velada ameaça de prisão que o colectivo de juízes teve o desplante de proferir…caso houvesse reincidência…Tão aterradora situação aconteceu daí a poucos meses, infelizmente, e envolveu alguns companheiros, facto que nos deixou absolutamente desolados. Azar do Diabo quando a polícia “deita a unha” a quem acelera em automóveis do alheio…e na ausência de uma qualquer licença de condução… Operários e empregados nas mais diversas áreas da indústria ou comércio, estudantes do Ensino Técnico ou Liceal, todos singraram nas suas honestas carreiras profissionais com maior ou menor sucesso...Ao cabo e ao resto, a inquebrantável amizade iria perdurar pela vida fora…Alguns já partiram deste mundo e os pouquinhos que restam continuam a aguardar a sua vez de embarcar na tal última e malfadada viagem sem regresso… Local carregado de gratas recordações, dali partiam as investidas às quintas e quintais, sem excepção, tanto na Estrada dos Arneiros, Estrada do Poço do Chão ou noutros pontos mais afastados, alvos preferenciais no tempo da fruta madura: a “chinchada”. Afinal, nada resistia ou escapava aos assaltos planeados em surdina … O diminuto trânsito rodoviário favorecia as renhidas jogatanas de futebol (trapeira e, mais tarde, chincha a sério) e, também, os jogos ditos tradicionais, hoje irremediavelmente caídos em desuso ou no mais inglório esquecimento.



Moradia na Estrada dos Arneiros, 6. Residência do casal João/Adelaide e filha. 
(Foto de João H. Goulart, 1961 - Arquivo Fotográfico da Câmara Municipal de Lisboa


Ali, em torno de conversas intermináveis onde a galhofa prevalecia, nasceu o Grupo Desportivo do Charquinho em 1952. Poucos anos depois esfuma-se e vai emergir o célebre Real Atlético de Benfica (1957), cuja equipa de futebol ganharia ampla reputação entre os chamados Clubes Populares na Freguesia de Benfica. A dispersão abrupta dos moradores em redor da Estrada dos Arneiros provocada pelas profundíssimas alterações urbanísticas na zona em questão determinou de modo concreto, a inevitável extinção do Real Atlético de Benfica em 1962.



Moradia na Estrada dos Arneiros, 10. A única moradia com águas/furtadas. Demolida nos anos 70 do século anterior. À direita, prédios de urbanizações da Quinta do Charquinho. À esquerda, o prédio com o nº12 e o toldo da antiga mercearia da mãe da nossa amiga Beatriz e irmãos. 
(Foto de Arnaldo Madureira, 1970 - Arquivo Fotográfico da Câmara de Lisboa


As fogueiras dos Santos Populares alcançaram merecida fama junto da população da Freguesia de Benfica. Alimentadas pela inesgotável lenha proveniente de podas das oliveiras da Quinta do Charquinho, o crepitar fragoroso e as altas labaredas das fogueiras, o estrelejar de foguetes e morteiros lançados no espaço, a inquestionável e farta animação dos participantes nos folguedos pela noite fora onde não faltavam bailaricos e danças de roda, causavam inusitado furor e entravam em sã compita com os festejos populares organizados pelos moradores da Travessa do Açougue, Largo Ernesto da Silva ou Travessa dos Arneiros… Após o asfaltamento do piso (finais dos anos 40) da Estrada do Poço do Chão, Estrada dos Arneiros e de muitas outras vias na Freguesia de Benfica, os festejos dos Santos Populares seriam transferidos para o interior da Quinta do Charquinho, mas perderam, sem dúvida, pedaço considerável do seu encanto… Precisamente dali, a Estrada dos Arneiros iniciava o seu percurso, isto é, à distância de cerca de 25 metros da moradia (Estrada do Poço do Chão, 65) localizada no interior da Quinta das Palmeiras e cujo acesso se fazia por meio de curtas escadinhas de pedra e um pequeno portão de ferro forjado. Ou seja, quando a Estrada do Poço do Chão descrevia uma guinada à mão direita e arrancava na direcção de Carnide onde desembocaria na Estrada da Correia, resvés ao palacete da Quinta do Sarmento ou Quinta do Bom-Nome.



Moradia na Estrada dos Arneiros, 10 e demolida nos anos 70 do século anterior. O prédio ao lado com o nº 12 foi construído em 1957 do século XX no local onde localizava a moradia com o nº 12 demolida em 1955. 
(Foto de Arnaldo Madureira, 1970. Arquivo Fotográfico da Câmara Municipal de Lisboa


Rectilínea, a ladeira da Estrada dos Arneiros avistava-se em toda a sua extensão, desde o seu começo até ao seu ponto mais elevado, a esquina da Quinta das Palmeiras, justamente antes de curvar para a Travessa dos Arneiros. Do lado esquerdo e sobre um baixo cômoro, o forte tapume formado por arbustos e rama de palmeiras ladeava a via, excepto nos últimos 30/40 metros, onde o robusto muro de protecção da herdade (em alvenaria) tomava o seu lugar. Note-se que, enquanto a valeta do lado direito seguia sempre rente às bermas, pelo contrário, à esquerda, a distância entre a respectiva valeta e o dispositivo de protecção da Quinta das Palmeiras variava, em alguns pequenos troços, cerca de 4/5 metros.



Prédio na Estrada dos Arneiros, 12 e construído em 1957. A família de D. José Blanc de Portugal viveu durante algum tempo no 2º andar (direito e esquerdo). Na loja com o toldo (Pastelaria/cafetaria RUFI) esteve instalada uma mercearia cuja proprietária era mãe dos nossos amigos, os irmãos Isabel, Beatriz e Faustino e que residiam no 3º andar D.to. 
(Foto do Arquivo de Fausto Castelhano, 2013) 


O pavimento em macadame e as valetas de escoamento de águas pluviais, calcetadas em paralelepípedos de basalto, apenas seriam substituídos por moderno tapete de asfalto em finais da década de 40, tal como referimos anteriormente. Ao mesmo tempo, abriram-se sargetas, refizeram-se valetas e alinharam-se bermas… A iluminação pública persistiu insuficiente por muitos e bons anos, agravada pelo contínuo rebentamento das lâmpadas na afinação de pontarias, tanto de pedradas como de fisgas do endiabrado rapazio apesar da desvelada ronda do nosso amigo guarda-nocturno e dono do ferro-velho da Travessa do Açougue/Largo da Cruz da Era… A pacatez e o sossego dominavam a Estrada dos Arneiros, somente quebrados quando esporádico funeral oriundo de Carnide e Luz (ou núcleos próximos das localidades mencionadas) tomava o caminho do Cemitério de Benfica, após palmilhar, vagarosamente e apeados, tal como era uso e costume ao tempo, o longo e penoso caminho que constituía a Estrada da Correia e a Estrada do Poço do Chão.



A bonita moradia da D. Vina na Estrada dos Arneiros, 16. Na foto, prédios de habitação construídos nas décadas de 60 e 70 do século XX. 
(Foto de Arnaldo Madureira, 1970 - Arquivo Fotográfico da Câmara Municipal de Lisboa


Afinal de contas, tais eventos tornavam-se verdadeiras atracções pela raridade da insólita movimentação das carretas funerários e a desusada participação de amigos e familiares, simples curiosos ou conhecidos que resolviam acompanhar os féretros até à morada definitiva na Quinta dos Calados. Um dos funerais que mais fundo retivemos na memória, quer pelo impacto provocado pelo inusitado espavento, quer pela selecta multidão acompanhante, aconteceu nos finais dos anos 40 do século XX e, na verdade, deixou os habitantes da Estrada dos Arneiros e de algumas ruas ao redor, perfeitamente embasbacados face a tão rico cerimonial: o cintilante funeral de António Guerreiro Galla, o titular da Quinta das Palmeiras, fulano portador de grossos cabedais, a fazer fé no que se constava um pouco por todo o lado. Porém, nunca conseguimos fixar os olhos em cima do arcaboiço de tal criatura que, na verdade, sempre nos pareceu demasiado fugidia…



A moradia da D. Vina, vista de outro ângulo, na Estrada dos Arneiros, 16. 
(Foto de Arnaldo Madureira, 1970 - Arquivo Fotográfico da Câmara Municipal de Lisboa


Ao escasso movimento da via, correspondia, também, a fraquíssima densidade populacional: seis fogos aconchegados no lado direito da Estrada dos Arneiros e erguidas num curto troço (cerca de 120 metros), ou seja, desde o início da artéria até à moradia identificada com o nº 30 e onde morava a família do Sr. Rogério Cardoso. Além de duas dezenas de pessoas domiciliadas em habitações na própria Quinta do Charquinho (rendeiro e família, trabalhadores rurais, etc.). A construção de todas as moradias de um único piso, remontam aos dois primeiros decénios do século transacto e incorporavam espaços murados nas traseiras que os próprios residentes cultivavam em pequenas hortas, ora plantando árvores de fruto, ora semeando espécies hortícolas. Por vezes, dedicavam-se à criação de animais domésticos: galináceos, coelhos, etc., suplementos alimentares de enorme valia como suporte na economia familiar… Pormenor curioso a salientar: só a moradia com o nº 10 exibia com um certo orgulho, duas atraentes “águas-furtadas”.



Antiga vivenda na Estrada dos Arneiros, 22 e demolida nos anos 70 do século XX. 
(Foto de Augusto de Jesus Fernandes, 1967- Arquivo Fotográfico da Câmara Municipal de Lisboa


A habitação geminada nº 2/2A, emoldurada por duas árvores de elevado porte, assentava sobre uma plataforma empedrada com ligeiro desnível em relação à Estrada do Poço do Chão. A data da sua construção reportava-se aos alvores do século XX, sendo por esse motivo considerada a mais antiga de todo o conjunto edificado e, ao mesmo tempo, correspondia ao início da Estrada dos Arneiros. Que cidadãos ocupavam tais residências? Ora, na porta nº 2A residia a D. Isaura, viúva e operária fabril na Fábrica Simões, mas no final da década de 40, subalugou uma parte de casa à família de Manuel da Costa Lemos, (esposa e dois filhos) operário na Fábrica de Borracha BIS (Venda Nova) e electricista (nas horas vagas) no Laboratório de Patologia Veterinária (Benfica).



Stand de Automóveis Saraiva, Estrada dos Arneiros, 20A. Prédio com o nº 20 construído no espaço da antiga moradia com o número 22. 
(Foto do Arquivo de Fausto Castelhano, 2013) 


Na porta nº 2, moravam os seguintes vizinhos: a D. Bernardina, viúva e operária na Fábrica Simões, mãe de Manuel Luís (“Manecas”) que também ali residia; D. Maria, irmã de D. Bernardina e operária na Fábrica Simões; o Sr. João, marido de D. Maria e empregado no comércio e, como biscate e dando borlas aos compinchas, exercia a função de porteiro no Cinema do Sport Lisboa e Benfica, sito na Avenida Gomes Pereira. Aos fins-de-semana, envergando as fardas do colégio, apareciam os filhos deste casal, o Armando e o Henrique, alunos internos na Casa Pia de Lisboa e nossos amigos. A seguir, a cerca de 20 metros do começo da via, surge o portão em chapa metálica da Quinta do Charquinho e, junto à coluna de pedra da ombreira (lado direito), a pega e corrente com a qual se puxava e badalava o sino em bronze (guardado a bom recato). Logo depois e com o nº 6, a residência do casal Adelaide/João (empregado de escritório) e filha. Pois bem, agora avancemos um pouco mais…A partir da entrada da Quinta do Charquinho e no espaço que compreendido até à horta do Sr. José Augusto (cerca de 45 metros), verificava-se a existência de cinco bonitas vivendas e onde se tornavam patentes, os pequenos e airosos jardins na frente das moradias, unicamente nas residências com os nºs 10, 16 e 30.





Estrada dos Arneiros, 22A, 22, 24, 26. O primeiro bloco de prédios edificado na Estrada dos Arneiros em meados da década de 50 do século XX no espaço de um terreno entre as moradias com os nºs 22 e 30 e agricultado pela família de José Augusto e D. Lúcia, moradores no pátio da Estrada do Poço do Chão, 35. 
(Foto de Fausto Castelhano, 2013) 


O primeiro bloco de prédios erguidos em “regime de propriedade horizontal”, abrangendo uma frente de 32 metros, ocorreu no início dos “anos 50” do século anterior e correspondem, actualmente, aos números 22A (acesso às garagens), 22, 24 e 26. Isto é, construídos nos terrenos onde anteriormente existia a horta cultivada pelo núcleo familiar do Sr. José Augusto e D. Lúcia, os pais dos nossos amigos de uma vida inteira, o António Pereira (“António da Farmácia”), Lourdinhas, Eduardo, Fernando, Alfredo e Carlitos.



A vivenda da família de Rogério Cardoso. Estrada dos Arneiros, 30. Esta moradia foi a última a ser demolida já na transição do século XX/século XXI. 
(Foto de João H. Goulart, 1961, Arquivo Fotográfico da Câmara Municipal de Lisboa


Alguns dos nossos vizinhos e bons amigos residiam neste bloco de apartamentos: o casal Marta (caixeiro viajante) residia no nº 22 r/c direito; o Sr. Fonseca, funcionário da Carris e natural de Vila Nova d’Ourém, pai do nosso amigo Mário Fonseca (“Mário Buracos”, mecânico de motos e motores-auto) morava no nº 24 r/c, esquerdo; A família de Joaquim Cabaço ocupava o 2º andar/esquerdo do nº 26. Natural do Vale de Santarém, agente da PSP na Esquadra de Benfica e distribuidor de vinhos da região ribatejana pelas tabernas e tascas da Freguesia de Benfica. O “ti’ Jaquim”, pai do nosso amigo António Cabaço, recentemente falecido. Apenas a moradia assinalada com o nº 30, onde residia a família de Rogério Cardoso (a esposa, D. Beatriz e os filhos, Norberto, Paulo, Jorge e Orlando) possuía uma entrada lateral bastante exígua para eventual recolha de automóvel. No entanto, permitia o acesso, tanto ao quintal que englobava um poço e a respectiva bomba manual de extracção de água, como ao barracão anexo que continha, também, estufa de alta temperatura e utilizado como oficina de trabalhos em cerâmica do Sr. Rogério Cardoso, professor na Escola António Arroio. Pois bem, esta moradia sobreviveu “in extremis” à passagem do milénio e seria a última que o camartelo arrasou. A estreiteza da sua frente (8 metros) obstou à fácil transacção e à consequente construção de novo prédio de apartamentos. Mantém o mesmo número de outrora e, no rés/chão, encontra-se instalada uma loja de comércio: a Frutaria José Santos.



A moradia da família de Rogério Cardoso na Estrada dos Arneiros, 30. O edifício foi demolido e no seu espaço foi construído o actual prédio na transição do século XX para o século XXI. 
(Foto de Arnaldo Madureira, 1970 - Arquivo Fotográfico da Câmara Municipal de Lisboa


Terminado o casario, avançamos um pouco mais até chegarmos ao topo da rampa da Estrada dos Arneiros. Assim, a partir da casa do Sr. Rogério Cardoso, segue-se o cerrado valado de caniços da Quinta do Charquinho (320 metros), o reduto murado do Posto de Limpeza Camarário do 10º Distrito (6 metros) desactivado em 1942 e, logo a seguir, o muro do cemitério.



Carlos Alberto e Fausto Augusto (Quinta de Montalegre, 1943) no fantástico automóvel azul (a pedais) com que atingiam velocidades alucinantes na rampa da Estrada dos Arneiros. 
(Arquivo de Fausto Castelhano) 


Meia dúzia de metros adiante e…já está: o final do nosso passeiozinho, isto é, o cume da ladeira por onde nos lançávamos em tresloucadas corridas no formidável bólide azul…a pedais. Para uma tal performance, exigia-se técnica apurada: vigor nas pedaladas iniciais a tomar balanço adequado, firmeza ao volante e destreza no largar de pedais no momento oportuno. Então, sim! Em roda livre, voávamos vertiginosamente até fixar os calcantes como travão de alta aderência em plena Estrada do Poço do Chão, frente a frente ao muro da Quinta da Granja de Baixo… O “bico” da “Mata do Galla”, precisamente o local que relembro sempre com um sentimento de certa emoção e infinita saudade. A curva fechadíssima no topo da Quinta das Palmeiras que contornei milhentas vezes aquando dos encontros com a então namoradinha de longa data (com quem viria a contrair matrimónio em 1965 na Igreja da Luz, Freguesia de Carnide) e moradora na antiga Travessa dos Arneiros 119 R/c direito. Tal e qual, os bons velhos tempos em que namorar à janela era norma vigente e aceite pacificamente por toda a sociedade... O mundo tão pitoresco e peculiar da velhinha Estrada dos Arneiros já não existe. Desapareceu para sempre…O processo do seu total desmantelamento iniciou-se, de modo irreversível, logo a partir dos últimos anos da década de 50.



Prédio construído no local onde existiu a moradia do Sr. Rogério Cardoso. Mantém o nº 30 e, no rés/chão, encontra-se instalada uma loja de comércio tradicional: a Frutaria José Santos. 
(Foto de Fausto Castelhano, 2013) 


Assim, a ampliação do Cemitério de Benfica em 1959 e a construção do Bairro Social da Quinta do Charquinho, além de vários prédios de habitação em “regime de propriedade horizontal”, assestaram o golfe final da Quinta do Charquinho. Ora, o mesmo destino, tiveram a Quinta das Palmeiras e a Quinta de N. Senhora do Cabo, a Quinta do Zé Brito, a Quinta das Pedralvas, etc. onde nos seus espaços se verificaram construções massivas de múltiplas urbanizações ou a abertura de novas ruas ou avenidas, tendo algumas delas perdido a antiga identidade e mudaram de nome: Rua da República da Bolívia (antiga Estrada do Poço do Chão), Rua João Ortigão Ramos (2º lanço da Estrada dos Arneiros), Rua dos Arneiros (ex. Travessa dos Arneiros).



O estandarte do Grupo Cultural Desportivo Recreativo “Os KAPAS”, sediado na Rua João de Barros, 14, Cave. 
(Foto do Arquivo de Fausto Castelhano, 2013) 


O Grupo Cultural Recreativo Desportivo, os Kapas, será fundado a 1 de Maio de 1969, mercê da amizade e carolice de um notável grupo de amigos e vizinhos residentes na própria Rua K ou arruamentos limítrofes da Urbanização da Quinta das Palmeiras. Encontra-se sediado na Rua João de Barros, 14 cave, (a antiga Rua K) e tem desenvolvido meritória actividade no campo social, como cultural e desportivo. Durante alguns anos retomaram a antiga tradição dos folguedos na época dos Santos Populares aproveitando o óptimo espaço junto às suas instalações e onde se destaca a harmonia e simplicidade do anfiteatro ao ar-livre…Assim, voltaram as fogueiras, os bailaricos, os comes-e-bebes…Parecia que ia pegar, mas “foi sol de pouca dura”… Do típico casario existente na Estrada dos Arneiros, arrasado de modo sistemático, já não resta, praticamente, qualquer vestígio. O local tornou-se incaracterístico como tantos outros na Freguesia de Benfica. A artéria alargou-se consideravelmente e assemelha-se a uma qualquer avenida de cidade grande, a intensidade do trânsito explodiu e o ruído aumentou de modo absoluto em determinadas horas do dia.



“Quem te viu e quem te vê”. A actual Estrada dos Arneiros numa perspectiva a partir da encruzilhada com a Rua da República da Bolívia (antiga Estrada do Poço do Chão. 
(Foto de Fausto Castelhano, 2013) 


Da soberba “Mata do Galla”, registamos a memória imperecível de tempos antigos, mercê do louvável altruísmo dos herdeiros de António Guerreiro Galla que doaram, para usufruto da população em geral, um naco valioso da mítica Quinta das Palmeiras. Lamentavelmente, certamente por total ignorância da história do local em apreço ou paupérrima imaginação, as autarquias lisboetas (local e municipal) baptizaram o aprazível espaço de lazer de “Eucaliptal” que, ao cabo e ao resto e de tão insípido, não significa absolutamente nada…Seria pedir demasiado, às entidades ditas oficiais, até por questão de mera gratidão ou bom senso, atribuir o nome da família Galla a quem, em tempos já recuados, procedeu de forma tão nobre e desprendida? E pronto, na debandada geral originada pela destruição do cenário ímpar da Estrada dos Arneiros, perdemos o rasto da maioria dos amigos e vizinhos…No entanto, alguns não se adaptaram aos sítios para onde emigraram forçadamente e, daí ao regresso às origens e fixação de residência em apartamentos modernaços nas imediações, foi o instante de um sopro… 




Notas


(1)- A área da Quinta do Cabo correspondia à histórica Quinta do Vale Tareja (Calçado do Tojal, 30) ou simplesmente Vale Tareja e já era referenciada no século XVII como um dos lugares (a Norte) e que faziam parte da Freguesia de Benfica, a par de Arneiros, Alfornelos, Penedo e Brandoa. E em 1712, o padre António Carvalho da Costa, num pequeno extracto dum texto, sublinhava a Freguesia de Benfica nos seguintes termos: “E da banda esquerda, vindo da Porcalhota para a igreja, fica a Venda Nova, e da mesma parte outra quinta, que chamam o Salgado, e junto a elas estão umas casas que chamam Montinel; e caminhando-se para a igreja, antes de chegar a ela, estão duas casas, que chamam Vale de Tareja, e defronte outras duas que chamam o Tojal”


Os Transportes Colectivos na Estrada dos Arneiros 

Apesar de várias pedidos e reclamações durante alguns anos, tanto das populações residentes no Bairro da Quinta do Charquinho, como das novas urbanizações entretanto surgidas na zona em questão, apenas em Maio do ano de 1969 é inaugurada a primeira carreira de autocarros da Carris (via Estrada dos Arneiros): a carreira 33 entre o Cemitério de Benfica e o Campo dos Mártires da Pátria (Campo Santana), via Campo Grande e depois da abertura da 2ª Circular. Ao longo da sua existência, esta carreira sofre diversas alterações no seu percurso. Em 2004, a carreira 33 toma o nº 767 que se mantém até aos dias de hoje. A carreira 24, Alcântara/Cemitério de Benfica, via Monsanto e Alvito (posteriormente prolongada até à Pontinha) será inaugurada em 16 de Fevereiro de 1976. Mais tarde, adquiriu o nº 724. A 30 de Junho de 1975 será inaugurada a carreira 16B entre a estação do Metropolitano em Sete-Rios e o Cemitério de Benfica (via Estrada dos Arneiros). Ora, esta carreira divergia em relação às carreiras 16 e 16A, um pouco antes do terminal em Benfica, uma vez que seguia pela Avenida do Uruguai e Estrada dos Arneiros até, finalmente, chegar ao terminal no Largo do Cemitério de Benfica. O prolongamento da linha do Metropolitano de Lisboa até à estação do Colégio Militar ditou o fim da carreira 16B em 1988, isto é, 13 anos depois da sua inauguração. A carreira 16B foi substituída por um conjunto de outras carreiras e a ligação ao Cemitério de Benfica, Bairro da Quinta do Charquinho e outros, ao Metropolitano do Colégio Militar passou a ser assegurada pela nova carreira 65. A carreira 15B funcionava 2 dias por ano em serviço extraordinário para o Cemitério de Benfica: 1 e 2 de Novembro. Inicialmente, quando os autocarros chegavam a Benfica, subiam a Rua Cláudio Nunes (onde existia uma paragem) até ao terminal no Largo do Cemitério de Benfica. Pois bem, aqui era colocada uma paragem provisória com a indicação de 15B, Marquês de Pombal, via Campolide. Quando é suprimida a ligação directa entre a Rua Cláudio Nunes e a Estrada de Benfica, a carreira 15B passou a circular pela Avenida do Uruguai e Estrada dos Arneiros. Mais tarde, este serviço extraordinário passou a ser garantido pela carreira 58A, apenas no dia 1 de Novembro. A carreira em questão circulou pela última vez em 1992. Quando foi criada a carreira 24, tanto a carreira 33, como a carreira 16B (e que terminavam no Largo do Cemitério de Benfica), foram prolongadas com mais uma paragem, ou seja, até ao final da Rua João Ortigão Ramos, passando a zona destas carreiras para este novo terminal. A abertura em pleno da Estação do Colégio Militar do Metropolitano provoca o nascimento da Carreira 765 da Carris entre a referida estação do Metro e o final da Rua João Ortigão Ramos. 





16 comentários:

Julio Amorim disse...

Uma pequena questão quanto à Travessa dos Arneiros 119.
Habitei no nr. 115 entre 1962 e 1963 e, indo a memória falhando, só me recordo de mais um edifício entre o 115 e o Cemitério.
Seria esse o 119 ?

Anónimo disse...

Amigo Carlos Amorim, no 119 rés/chão esq. (construído na segunda metade dos anos 50)residia a que viria a ser a minha futura esposa e no 121, a sua amiga Alice. Abraço. Fausto Castelhano

Anónimo disse...

Rectificação; Onde se menciona rés/chão esquerdo é, efectivamente, rés/chão Direito. Fausto Castelhano

Julio Amorim disse...

Portanto existiam nessa altura dois prédios acima do 115....e disso já não me lembrava.

Fernando Augusto disse...

Penso que na fotografia de há 60 anos mais ou menos da família Costa Estrelado, o menino que segura o copo,seria o meu irmão José António da Conceição Augusto, não mensionado na legenda.O que também não interessa muito para o artigo.Este sim e outros artigos que descobri agora e que estou a ler também,tiveram o condão de me despertar outras gratas recordações. Um abraço do tamanho de trinta e poucos anos.

Anónimo disse...

Amigo Júlio Amorim, teria todo o prazer em lhe enviar a foto dos últimos prédios da Travessa dos Arneiros do Arquivo Fotográfico da Câmara Municipal de Lisboa (ainda sem marca d'água) e que inclui os números 117, 119 e 121 (o último da década de 20 do século anterior). Ou publicar na página "Freguesia de Benfica" ou "Retalhos de Bem-fica" do FB. Um abraço. (Fausto Castelhano)

Anónimo disse...

Quanto tempo, Fernando! Perdemos o vosso rasto. O menino mais pequeno com o copo na mão é, efectivamente, o José da Conceição Costa, o Zezito falecido em 1957, segundo creio, num acidente de viação no Calhariz de Benfica) e irmão da Maria da Encarnação. Um grande abraço para todos vós com muita saudade!(Fausto Castelhano)

Unknown disse...

A Quinta das Palmeiras, posteriormente conhecida por Quinta do Galla, foi adquirida na viragem da primeira década do século XX pelo meu bisavô, o Comendador Joaquim Manuel de Campos Amaral. Após a sua morte a quinta foi herdada pela sua filha Maria que aí residiu por pouco tempo com seu marido, o embaixador Alberto da Veiga Simões, que chegou a ser ministro dos negócios estrangeiros em 1922 e posteriormente embaixador em Berlim antes da segunda guerra mundial. A quinta terá sido vendida ao Galla na década de 30 ou 40. tenho algumas fotografias no meu blog. http://arcacomhistorias.blogspot.pt

Carlos Vieira disse...

Estou em crer que a foto da Antiga vivenda na Estrada dos Arneiros, 22 e demolida nos anos 70 do século XX (como está mencionada)não está correta, mas sim esta vivenda estava situada na antiga Travessa dos Arneiros logo no inicio de quem vinha do cemitério. se repararem bem no lado direito da foto estás os prédios que estão virados para o cemitério

Anónimo disse...

Tem toda a razão, Carlos Vieira. Lamentavelmente houve uma troca de fotos que será corrigida. Muito obrigado pelo reparo. Fausto Castelhano

António Portugal disse...

Uma nova informação: Reparei que está documentado em foto o prédio onde viveu a familia de josé Blanc de Portugal. A informação está correcta, mas a mesma família, na qual me integro (sou filho) viveu anteriormente, desde 1942 até cerca de 1953 numa moradia nessa mesma rua, o n.º 20, que ficava ao lado da moradia, também aqui documentada e que pertencia à D. Vina. tenho foto da casa (n.º 20) com a familia Portugal à porta.

Anónimo disse...

Boa tarde António Portugal. Conheci perfeitamente os filhos de José Blanc de Portugal. Éramos vizinhos. O António, a Ana, a Isabel (a "Bé") e ainda uma mais pequenita de que de momento não me recordo o nome. E já lá vão muitos, muitos anos tendo perdido o rasto a muitos dos nossos vizinhos. E é verdade que a família Blanc de Portugal residiu no nº 20. Com um quintal que dava para um terreno onde mais tarde construíram os primeiros prédios da Estrada dos Arneiros e as traseiras para a Quinta do Charquinho. O tempo voou e, pelas minhas contas e desde que abandonei o local passaram, seguramente, cerca de 52 anos. Uma vida. Quanto à foto, gostaria de a publicar com a devida autorização e indicação de origem, como é evidente. Será possível? Existe uma outra referência a José Blank de Portugal num outro texto sobre a freguesia de Benfica e intitulado: "O dono da Farmácia União (Manoel de Almeida e Sousa). Foi um enorme prazer, António. Fausto Castelhano.

Antonio Portugal disse...

A irmã mais nova é a Amparo. Juntarei fotografia ( só não sei como enviar) dos quatro irmãos, com a Tia Nim (irmã de José Blanc de Portugal) junto à primeira casa onde vivemos na Estrada dos Arneiros, n.º 20.

Unknown disse...

Fausto: Eu sou Jorge Cardoso, filho do mestre Rogério. Que grande e agradável surpresa encontrei. Há muitos anos que evito passar pela Estrada dos Arneiros. Deves compreender porquê. Tanta saudade, tanta memória, reencontrada aqui. Obrigado por tê-las preservado. Quero entrar em contacto contigo, com a actual Estrada dos Arneiros, não.

Fausto disse...

Uma enorme surpresa, também, Jorge. O tempo voou e perdemos o contacto de tantos amigos. Gostaria de te encontrar quanto antes. Um grande abraço e até breve.
Aqui vai o meu contacto

telemóvel: 962858416

E-mail: lydia.fausto@sapo.pt

Anónimo disse...

Caro António Portugal, as minhas desculpas de só agora responder ao seu comentário. Teríamos um enorme prazer em publicarmos a foto dos quatro irmãos. Assim, poderá enviar para o seguinte endereço:
lydia.fausto@sapo.pt

Saudações cordiais

Fausto Castelhano