domingo, 28 de fevereiro de 2010

Sinais dos Tempos




"Saí de casa para descobrir que o vídeo clube fechou pelas razões que expõe em comunicado que deixou na montra...

João Garcia"



Fotografia de João Garcia





O vídeo-clube "Arco-Íris" ficava localizado na Rua República da Bolívia, há já 22 anos...







sábado, 27 de fevereiro de 2010

Grande Matiné de Fado





Imagens gentilmente cedidas por UNISBEN



Realizou-se ontem, 26 de Fevereiro de 2010, mais uma belíssima sessão de Fados, que se vai tornando uma louvável tradição da STIMULI/UNISBEN, Associação de Artes e Cultura da nossa Freguesia.



A preparação do menu pelas senhoras da Comissão de Alunos
(Fotografia de Fausto Castelhano - 2010)



Com a orientação do nosso amigo José Simões e a extraordinária colaboração da Associação de Alunos e outros amigos, que prepararam o respectivo menu, a decoração do salão, a instalação do sistema sonoro, etc., a sessão prolongou-se até cerca das 23:00 horas com o agrado de toda a assistência que superlotou a salão.



Os Amantes do Fado
(Fotografia de Fausto Castelhano - 2010)



Os fadistas convidados e os seus acompanhantes, viola e guitarristas (executantes de primeiríssima ordem) foram, na verdade, excelentes.



Imagem gentilmente cedida por UNISBEN



Fotografias de Fausto Castelhano (2010)




Então, para que conste, aí vão as imagens desta memorável jornada da STIMULI/UNISBEN.


Com um afectuoso abraço do
Fausto Castelhano





sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

"Fólio Exemplar"







A "Fólio Exemplar" é uma nova chancela editorial e livreira, que foi, recentemente, criada na freguesia de Benfica.

Para celebrar este início de actividade, a "Fólio Exemplar" colocou à venda, em edição facsimilada numerada e assinada pelo editor, apenas 300 exemplares do livrinho de Celestino Steffanina, "SUBSÍDIOS PARA A HISTÓRIA DA REVOLUÇÃO DE 5 DE OUTUBRO DE 1910", ao preço especial de promoção de 10,00€, acrescidos da taxa legal de IVA de 5%, i.é, 10,50€.

Este livrinho tem o formato de 16x23,5cm, inclui também em facsimile a dedicatória de Celestino Steffanina "Ao eterno revolucionario, of. o amigo C.S em 13/10/1913" e revela-nos os bastidores daquela data histórica.
Inclui ainda uma relação com os nomes, moradas e naturalidade dos mortos militares e civis da Revolução de 5 de Outubro de 1910.

Celestino Steffanina tinha ligações à Carbonária e é ele, com o seu amigo José Barbosa que recebe a rendição do Governo Civil de Lisboa. É um livrinho precioso que nos conta as pequenas histórias dentro da grande História daquela data!

O livrinho poderá ser adquirido na Livraria Alfarrabista na Av. do Uruguai, 13A, ou encomendado para:

"Fólio Exemplar - Unipessoal. Lda."

folioexemplar@gmail.com

Apartado 40112
1516-801 Lisboa

No caso de querer envio por correio sem mais custos, registado e em envelope almofadado dos C.T.T. é favor efectuar transferência bancária no valor acima indicado para o seguinte NIB:

0033.0000.45390038672.05.

No caso de pedido à cobrança o custo terá um acréscimo de 4,00€ para despesas de envio.



Contamos, brevemente, dar mais notícias sobre as publicações desta Editora!






quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Há dias felizes!...




Lembram-se do apelo que aqui deixei, por causa deste caso que se passava em Benfica?





Há dias (mesmo muito) felizes!... :)

Muito obrigada a todos os vizinhos que se preocuparam e, sobretudo, a quem nos ajudou a salvar estes animais!






A "Adega dos Ossos"





Mais uma relíquia descoberta via Helena Águas (Obrigada, Lena!)...




Fotografia do Arquivo Mário Novais

(disponível na Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian)




"Quando eu era pequeno havia duas pastelarias em Benfica. Uma por baixo da Igreja, frequentada pelo proletariado do bagaço, sempre cheia de serradura e de beatas esmagadas a que chamavam Adega dos Ossos e onde me desaconselhavam ir no receio de que eu me viciasse funestamente na ginjinha e no Português Suave e acabasse os meus dias a jogar dominó, a perder à sueca e a tossir no lenço.


Era um estabelecimento escuro, cheio de garrafas na parede, em cuja vitrina havia mais moscas que pastéis de nata. Para além das prateleiras de lombadas de garrafas, uma biblioteca de delirium tremens, lembro-me do empregado vesgo, de olho direito furibundo e esquerdo de uma benevolente ternura e do senhor Manuel sacristão que ali descia entre duas missas, de opa vermelha, a comungar copos de três numa unção eucarística oculto por trás do frigorífico no receio do prior, todo ele severidade e botões desde o pescoço aos sapatos, e para quem o vinho, quando fora das galhetas, adquiria a demoníaca propriedade de tresmalhar as ovelhas levando-as a preterir o rosário das seis horas a favor do vicío abominável da bisca."



António Lobo Antunes, in "O Paraíso" - "Livro de Crónicas" (1998)





quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

1º Jantar do "Retalhos de Bem-Fica"




Sábado (24/04/10), 19h30

Restaurante "Córsega"

Estrada Benfica 717-A/B,
1500-088 LISBOA
(junto à Pastelaria "Nilo")

Tel. 217 604 415








No passado dia 15/02/10, o "Retalhos de Bem-Fica" fez 1 ano de existência (apesar dos seus posts iniciais já terem existido, há pelo menos mais um ano, num outro local)!...

Uma vez que diversos leitores e redactores têm vindo a avançar com a ideia de que seria interessante promovermos a realização de um jantar no âmbito deste blog, decidimos juntar o útil ao agradável e, como forma de celebrarmos este 1º ano, em que juntos conseguimos transformar um "Retalhos" ostracizado e solitário num blog, cada vez mais, comunitário e interventivo na nossa freguesia...

Vamos realizar, brevemente, um jantar em que possamos reunir todos os redactores e leitores do blog (de Benfica e de outras freguesias), assim como todos os membros do Movimento de Cidadãos pela Preservação da Vila Ana e da Vila Ventura (uma pequena nota à parte, para aqui agradecer publicamente aos 11 membros que, ontem, se encontraram comigo no "Nilo". Gostei muito de vos conhecer e do brainstorming improvisado! :).

Ainda não temos data nem hora marcada para o jantar (vamos indicar aqui durante este fim-de-semana), mas o nosso amigo Fausto Castelhano já deu sugestão de dois restaurantes (espaçosos e com boa comida); pelo que, agora, apenas falta sabermos o número exacto de pessoas que se irão juntar a nós!

Como dizia, um destes dias, o Domingos Estanislau, "Esta comunidade tem que se conhecer melhor. Tem que estabelecer laços. Tem que ter melhores afectos. VAMOS A ISTO!"...

Fazemos nossas as palavras do Lau e convidamo-los a todos para este 1º Jantar do "Retalhos de Bem-Fica" (que esperamos possa vir a ser o primeiro de muitos outros!).

Quem quiser estar presente, poderá enviar-nos um e-mail para palavraseimagens@gmail.com, indicando o seu nome, se levará acompanhante/s ao jantar e qual a sua ligação a Benfica e/ou a este blog (esta última questão é, apenas, por curiosidade e para irmos conhecendo um pouco melhor quem por aqui passa).

Prometemos que, quando tivermos um poucochinho mais de tempo (destas lides das Vilas), colocaremos aqui online uma base de dados toda XPTO, onde os convivas poderão fazer directamente a sua inscrição no jantar.



terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

A 1ª Sede da Sociedade Filarmónica Euterpe de Benfica





Continuando na demanda pelo espólio da Sociedade Filarmónica Euterpe de Benfica, o Pedro Macieira escreve-nos o seguinte...




"Boa noite Alexandra,


De visita à primeira sede da Sociedade Filarmónica Euterpe de Benfica, o que aliás só vim a localizar, através do que foi publicado no "Retalhos de Bem-Fica" com a preciosa ajuda de Domingos Estanislau;

Envio-lhe fotos do "David da Buraca" e um programa do aniversário da Euterpe de 1923 , três anos depois da colocação da lápide de homenagem no edifício que tem o reclame do "David da Buraca".

(...)



Fotografias de Pedro Macieira (2010)




Não tenho nenhum jornal “A Filarmónica” correspondente ao ano da homenagem (1920), mas encontrei um número de 13 de Abril de 1923, número comemorativo do 64º aniversário da Euterpe de Benfica.

Neste número, o meu avô Eugénio Germano Baptista, no artigo “Ex improviso”, escreve sobre as as contingências a que as Sociedades de Recreios estavam sujeitas na altura:

“Rodeados por um circulo de fogo, lançado com fins que ainda não descortinamos, embora não se ande muito longe de acertar, já algumas Sociedades de Recreio desapareceram e outras lhes seguirão por ser impossivel manterem-se sobre tal pressão.”

E mais à frente:

“Foi também o concurso das Sociedades de Recreio que se gerou o ambiente favorável á implantação da República -«vinham junto do povo, porque era com ele que queriam viver» - diziam os propagandistas!!!”

E termina sugerindo que “se organize un Congresso das verdadeiras S.R. que tenha por base, a remodelação dos Regulamentos Policiais e demais legislação que existe sobre as mesmas, repondo as coisas no seu lugar e fazendo-se a devida justiça a quem de direito?”








Nesta altura, tinham passado 13 anos da implantação da República, vivia-se um período político e social tumultuoso, e, por curiosidade, é nesse ano que, proposta do Ministro da Instrução Pública, se propõe a reintrodução do ensino religioso em colégios particulares, o que , embora não aprovada, significava um importante passo atrás no laicismo oficial republicano.


Um abraço,

Pedro Macieira"





segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

"Benfica em Festa!"




Recebi, recentemente, um e-mail do Domingos Estanislau que me deixou muito entusiasmada e com a cabeça já a fervilhar de ideias...

E tenho quase a certeza que, também, vai deixar muitos dos nossos leitores no mesmo estado!






Fotografia do Clube Futebol Benfica (2008)
Arranjos gráficos de Alexandra Carvalho




"Como todos sabem Junho é o mês das festas da nossa cidade.

As Marchas Populares, são porventura, o expoente máximo dessas comemorações, que atrai tanta gente à cidade de Lisboa e é a expressão mais genuína da cultura popular de Lisboa.


Organizar e pôr de pé uma Marcha é uma tarefa complicada e naturalmente trabalhosa, mas trata-se de um evento a preservar porque aí está explanado o sentimento genuíno de um povo que não esquece as suas tradições e culturas.


Apesar dos tempos serem outros, o povo de Lisboa, não deixa morrer as suas raízes e por isso , com empenho e dedicação, vem para a rua no dia 12 de Junho e manifesta-se de forma saudável, acarinhando e saudando os representantes dos seus bairros que garbosamente e com alegria desfilam na Avenida da Liberdade.


BENFICA, mais uma vez vai estar presente nesta grande manifestação popular, de cor, alegria e vivacidade.
A nossa Marcha, a de BENFICA, mais uma vez vai estar presente.

Gostaríamos que o mês de Junho fosse também um reavivar de memórias e, como tal, embalados pelos eventos que em Lisboa por essa altura das Festas de Lisboa vão acontecer, estamos empenhados em fazer reviver os Santos Populares na nossa Freguesia.


A Junta de Freguesia, através do Pelouro da Cultura e o Executivo, mostram também empenho em que BENFICA se encontre com o seu passado e venha para a rua mostrar as suas tradições.


O Clube Futebol Benfica, vai empenhar-se nesta árdua tarefa e lança desde já e a partir daqui, a todos os habitantes da freguesia e também ao Comércio local ou outras Entidades um desafio: BENFICA EM FESTA, isto pressupõe sugestões e o que fazer.


Este blogue pode ser, efectivamente, um meio importante para uma grande realização que tenha em vista uma grande FESTA POPULAR no mês de Junho, por ocasião das FESTAS DA CIDADE.


Pela nossa parte os dados estão lançados.

Esperamos agora as vossas sugestões. Esta comunidade tem que se conhecer melhor. Tem que estabelecer laços. Tem que ter melhores afectos.

VAMOS A ISTO!


Domingos Estanislau"





Caros Amigos e Leitores do "Retalhos de Bem-Fica",

Na sequência do texto do Domingos Estanislau, podem remeter-nos as vossas sugestões para este "Benfica em Festa!" através de comentários aqui no blog, ou enviando e-mail para palavraseimagens@gmail.com.

Todas as sugestões serão devidamente reencaminhadas para o Domingos Estanislau, com quem contamos ter um encontro muito em breve, para falar melhor sobre esta iniciativa e linhas de acção da mesma.

Muito obrigada!






domingo, 21 de fevereiro de 2010

Figuras de Benfica - 5





"Olá Alexa...

Fiz esta pequena biografia de um ilustre benfiquense... Morou na Estrada do Calhariz de Benfica, onde é actualmente a Liga para a Protecção da Natureza... Sempre teve a humildade de evitar protagonismos sociais, chegando a recusar um titulo nobiliárquico, desculpando-se que a nobreza é inerente às pessoas e não a títulos, alegou também nessa ocasião que a sua linhagem era mais antiga do que a linhagem real...


Foi esquecido pela História, embora tenha contribuído muito, e em vários planos, para os destinos da nação... sempre se distinguiu naturalmente em todos os projectos em que se envolveu, é um exemplo de determinação e rectidão que todos deveríamos seguir e recordar... embora não o tenha conhecido, recebi muitos ensinamentos desta ilustre personagem, tenho-lhe portanto muito carinho e respeito...



Com LUZ


GASTÃO



Ah!!! Na fotografia de grupo é o que está sentado ao lado esquerdo do príncipe D. Luís..."







General ALFREDO AUGUSTO FREIRE DE ANDRADE

(1859-1929)



Fotografia gentilmente cedida por Gastão de Brito e Silva



Nasceu em 19 de Dezembro de 1859, na Figueira da Foz, filho do vice almirante Bento Maria Freire d’ Andrade e de Amália Antas Tinoco, casou com Virgínia Pery de Linde de quem teve quatro filhos.

Frequentou, a partir de de 1874, a Escola Politécnica e a Escola do Exército. Cursou ainda a Escola de Minas de Paris, que concluiu, em 1888 tendo-se distinguido como melhor aluno estrangeiro do seu curso.

No fim do curso, em 1889, foi nomeado comissário geral de minas de pedras preciosas e de metais preciosos na província de Moçambique, aproveitando a oportunidade para recolher elementos para a sua carta geológica não só das minas de Moçambique, como também de Rande e de Joanesburgo.

Oficial do Exército na arma de Engenharia. Foi governador interino de Lourenço Marques em 1892 e 1895, comandou a campanha do Transvaal que delimitou a Sul as fronteiras de Moçambique, teve uma heróica actuação em Magul, com um punhado de soldado desbaratou 6500 vátuas impondo-lhes uma derrota avassaladora.



Fotografia gentilmente cedida por Gastão de Brito e Silva



Governador geral de Moçambique desde 1906 e tendo exercido o cargo até 1910, tendo investido durante este período na construção de edifícios públicos, hospitais, faróis e escolas. Dentro destas últimas destacamos a criação da Repartição de Agricultura e Veterinária, a primeira Estação de Investigação Agronómica da província, oficinas mecânicas, entre muitas outras coisas. Realizou pois um conjunto de melhoramentos da província ultramarina mas sem auxílio da metrópole, apoiando-se apenas nos recursos obtidos por uma rigorosa economia na administração da colónia.

Em 1908 tornou-se professor da cadeira de Mineralogia da Escola Politécnica.
Manteve-se no governo de Moçambique até à implantação da República, data em que se demitiu, passando a dedicar-se ao ensino na Escola Politécnica, até perto da data de sua morte.

Entre 1911 e 1913, desempenhou o cargo de director geral das Colónias. Daí subiu à pasta ministerial dos Negócios Estrangeiros, em 1919 foi o delegado português à Conferência da paz em Versalhes em 1919, membro da Comissão dos Mandatos da Sociedade das Nações, presidiu em 1921 a comissão que negociou com África do Sul onde defendeu eficazmente os interesses do País.

Foi também presidente da Companhia dos Carris de ferro de Lisboa, lente da Escola do Exército, professor catedrático de Mineralogia e Geologia na Escola Politécnica de Lisboa, membro da Academia de Ciências de Lisboa, Secretário-Geral do Ministério de instrução Pública, Presidente do Conselho Superior de Instrução Pública, na qual foi empossado em Março de 1914, mantendo-se até 12 de Dezembro desse ano.



Fotografia gentilmente cedida por Gastão de Brito e Silva



Fez ainda parte da Comissão dos Mandatos criada pela Sociedade de Geografia e do Bureau International du Travail junto da Sociedade das Nações.
Recebeu diversas condecorações, nomeadamente a comenda e o colar da Torre-e-Espada, a grã Cruz da Ordem do Império Britânico e a grã Cruz da Ordem da Coroa Bélgica.

Faleceu na sua residência na Estrada do calhariz de Benfica em Lisboa, a 30 de Julho de 1929.





Principal Bibliografia:

•Reconhecimento geológico dos territórios compreendidos entre Lourenço Marques e o rio Zambeze, 1894
•Carta da região mineira de Manica, 1900
•Relatórios sobre Moçambique, 1910
•A questão dos serviçaes de S. Thomé, 1913









sábado, 20 de fevereiro de 2010

Pedido de Ajuda para 2 Cães - MUITO URGENTE




Actualização de 21/02/10:

Recebi esta tarde um e-mail de uma pessoa que tem ajudado inúmeros animais... que se disponibilizou para ajudar estes 2 cães, recolhendo-os até à sua plena recuperação e estarem perfeitamente saudáveis para serem dados para adopção.

Essa pessoa irá durante o dia de amanhã tentar apanhá-los.

Assim que tenhamos mais novidades (esperemos que boas!) divulgaremos aqui.

Muito obrigada a todos pelo auxílio que deram na divulgação deste caso e pela vossa preocupação por estes 2 animais...
É muito bom saber que, apesar de tudo, ainda há esperança e gente boa neste mundo!








O objectivo primordial do "Retalhos de Bem-Fica" não é sequer o do presente post (para isso possuo um outro blog, onde vou tentando ajudar nessa outra área), mas desde que me deparei com este caso, que se passou em Benfica, não tenho conseguido dormir em condições...

Pensava já ter visto muita maldade para com os animais... mas, de facto, é muito revoltante que tenhamos chegado ao ponto de desprezar com tanto nojo outros seres vivos, apenas porque nos consideramos moralmente superiores…

Como não tenho condições para ajudar de outra forma, mas também não consigo fechar os olhos ao que vi na passada 3ª feira, lanço aqui este apelo, na esperança de que ainda possa, de facto, existir Esperança neste mundo… e que estes animais possam ter um fim digno (qualquer que ele seja).

Muito obrigada pela sua ajuda na divulgação deste caso de modo a que se encontre com a maior urgência um local onde estes 2 cães possam ser acolhidos e se dê, assim, início ao tratamento dos mesmos… ou se lhes conceda a melhor solução possível para ambos, face ao seu estado clínico.



Se todos nós fizermos um pouco naquilo que está ao nosso alcance... o Mundo seria, de facto, um lugar muito melhor para se viver!




Fazer aqui o download do apelo para envio por e-mail (formato PDF).





A Sociedade Filarmónica Euterpe de Benfica e o velho Cemitério da Freguesia





Todos os direitos reservados @ Fausto Castelhano, "Retalhos de Bem-Fica" (2010)




"(...) Hoje, vamos trazer à liça a Sociedade Filarmónica Euterpe de Benfica, o velho e o novo Cemitério, as ossadas e, se calhar, almas do outro mundo.

Espero que os nossos amigos que têm desenvolvido um notável trabalho de pesquisa no que diz respeito à Sociedade Euterpe, não se sintam melindrados com as manigâncias dos dirigentes desse tempo que, pelos vistos, tentaram dar uma pequena golpaça à Irmandade do Santíssimo Sacramento. Se fosse hoje, a Comunicação Social tinha ali pano para mangas para duas ou três semanas.

A amiga Alexa não imagina o gozo que me deu (e à minha mulher) ao desenterrar este saborosíssimo episódio.

Como pode verificar na legenda da foto do coreto, o edifício é o mesmo de hoje porém, a rua não tinha o nome que tem hoje (Rua Ernesto da Silva). Na realidade, no tempo em que foi implantado o coreto, era a Rua do Espírito Santo. Brevemente, farei um pequeno texto sobre esta questão.


Fausto Castelhano"





A partir do século XVIII e com o aumento demográfico da Freguesia Benfica, após a descoberta destes pitorescos e aprazíveis lugares de veraneio colocou-se, a breve trecho, a questão de construir uma nova igreja que comportasse o enorme número de paroquianos que, ao templo, afluíam.
Essa ideia deve ter sido aceite com bastante entusiasmo e, naturalmente, já devia estar na mente dos paroquianos desde muito tempo atrás.

João Frederico Ludovice, que passava a época de Verão na sua casa apalaçada, no sítio da Alfarrobeira, deve ter desempenhado um importantíssimo papel na realização do projecto. É dele a primeira traça da construção e toda a capela-mor.

A 29 de Agosto de 1750, começaram os trabalhos da construção da nova igreja. Porém, provavelmente por falta de recursos, a obra parou em Dezembro de 1754.




Prédios da Rua Ernesto da Silva, que, à data do coreto da Sociedade Filarmónica Euterpe de Benfica, já existiam.

(Fotografia de Fausto Castelhano - 2010)



Só muitos anos depois, destacados paroquianos unidos a João Frederico Ludovice, arquitecto e valido de el-rei D.José I (que ofereceu o projecto para a restante obra), lançaram mãos à obra no intuito de a terminarem. Eram eles: Joaquim dos Reis e Francisco António, ambos mestres das Águas Livres; Bernardo António da Silva, escrivão da Junta das mesmas Águas; João Gomes, paroquiano e mestre-de-obras e que já havia construído a Real Obra da Memória, na Ajuda. Foram eles que tiveram uma influência decisiva no recomeço da obra em 28 de Março de 1780.
A obra avançou, com altos e baixos e com períodos de maior ou menor entusiasmo.

Então, a 12 de Dezembro de 1809 e num ambiente de extraordinário entusiasmo da população, tiveram início as cerimónias da sagração da Comunidade Paroquial de Nossa Senhora do Amparo de Benfica as quais, se prolongaram até à festa da Padroeira, em 18 de Dezembro.




Os edifícios da Rua Ernesto da Silva, que, à data da implantação do coreto no adro poente da Igreja Paroquial de Benfica, já existiam.

(Fotografia de Fausto Castelhano - 2010)



Acabada a construção e aberto o culto a todos os fiéis, verificou-se que o novo templo possuía duas belíssimas entradas com escadarias de pedra trabalhada e um enorme adro dividido em duas partes. Do lado nascente, existia já um belo cruzeiro, muito antigo e majestoso. Do lado poente, o adro tinha ainda maior amplidão e, segundo o cura João Cipriano de Assis e Morais pensava-se implantar, naquele espaço, um cruzeiro igual ao do adro do lado nascente.




Cemitério de Benfica
Augusto de Jesus Fernandes, in Arquivo Municipal de Lisboa

Portão em frente da Rua dos Arneiros. O muro em gaveto, à direita, pertencia à antiga Quinta das Palmeiras. A foto deve ter sido tirada antes de 1960.




Este projecto, porém, não reuniu os consensos necessários. O adro do lado poente, que confinava com a igreja velha, iria ser vedado com um muro que iria fechar o antigo adro de tal maneira que, toda a zona antiga será utilizada como cemitério. Tanto o velho templo, como o terreno do adro poente, irão ser utilizados com esse fim.

Assim, no ano de 1846, fizeram-se obras no cemitério novo com o objectivo de alargar o cemitério local que já existia. Demoliram a antiga igreja, já muito arruinada, mas de um valor incalculável, com portais góticos e uma antiquíssima capela de S. Roque que seria, provavelmente, as ruínas da antiga Igreja Paroquial. O cemitério passou a abranger uma área que rondava os 1250 metros quadrados e capacidade de enterramento de cerca de 90 corpos por ano.

O novo Cemitério de Benfica que, inicialmente se chamou Cemitério dos Arneiros, foi mandado construir no ano de 1869, na sequência da extinção dos antigos cemitérios paroquiais de Benfica e Carnide (localizado junto à Igreja de S. Lourenço). Para este espaço, foram trasladadas as ossadas identificadas existentes nos cemitérios paroquiais, e, nalguns casos, as próprias lápides originais das sepulturas.




O coreto construído pela Sociedade Filarmónica Euterpe de Benfica no adro poente da Igreja Paroquial de Benfica. O prédio que se observa em segundo plano, ainda lá está. Porém, a rua tinha outro nome… Rua do Espírito Santo.

(Imagem cedida por Fausto Castelhano)



Em 1880, o Cemitério dos Arneiros recebia as ossadas desenterradas do antigo cemitério, junto à Igreja de Benfica. Foi um levantamento muito descuidado pois, muito mais tarde e, em pleno século XX, na construção do Centro Paroquial, apareceram ossadas até dizer chega…Creio que o nome da Adega dos Ossos deriva desse mesmo facto. Aliás, era voz corrente que, na escavação inerente à construção dos estabelecimentos (onde estava a Adega dos Ossos) nos baixios do próprio cemitério, apareciam ossadas em grandes quantidades.

Construído para servir freguesias rurais, a grande expansão urbanística da cidade obrigou a sucessivas ampliações do seu espaço sendo, actualmente, o terceiro maior cemitério de Lisboa. O seu projecto inicial, de pequeno cemitério, é patente na entrada principal estreita, em nada condizente com o tamanho e movimento do Cemitério.

Chegados aqui, e depois de tanto paleio, é inteiramente justo que os nossos amigos se interroguem: - "E o que é que tem a ver a Sociedade Filarmónica Euterpe de Benfica com o antigo cemitério da freguesia?"
Tem e muito, como vamos já ver! Assim, socorrendo-me das memórias do pároco Álvaro Proença (que conheci muito bem e, se calhar, até bem demais…), aqui vai:

“A 1 de Outubro de 1880, tendo por juiz o Marquês de Fronteira, a Irmandade do Santíssimo Sacramento autorizou, por ofício, a Sociedade Filarmónica Euterpe de Benfica, a construir um coreto no adro poente da igreja ficando, para todos os efeitos, na posse da Irmandade. Tão estúpida autorização, foi votada por unanimidade e, nem sequer uma voz com bom senso, se elevou contra tal construção no antigo cemitério e de onde se haviam levantado, apenas, algumas ossadas.



Entrada do Cemitério de Benfica
(Fotografia de Fausto Castelhano - 2010)



O célebre coreto só veio a ser construído em 1900 pela tal Sociedade Filarmónica e custou, 760$345 reis. Teve uso frequente para as festarolas saloias no adro da Igreja, ou seja, no antigo cemitério. Pertencendo à Irmandade, em 1907, a tal Sociedade Filarmónica, pedia-lhe que mandasse pintar o coreto que se encontrava em estado vergonhoso. E o pedido era reforçado com a argumentação de que o coreto pertencia à Irmandade uma vez que, estava em terreno seu e lhe havia sido entregue. Portanto, os cuidados com a conservação do coreto também lhe pertenciam em boa justiça.”

Sim, senhor…Uma belíssima argumentação!

E aqui está como a Filarmónica Euterpe desenvolvia a sua notável obra de ensino e divulgação da música, mas via-se confrontada em assuntos de antigos cemitérios, ossadas, pinturas de coretos e… o que mais houvera…

Esta curiosíssima história não terminou aqui. Em 1938, a Irmandade do Santíssimo Sacramento conseguiu uma sentença favorável às suas pretensões. Isto é, a reivindicação da posse dos adros de que havia sido arbitrariamente esbulhada. Nesse ano, conseguiu a cessão da posse dos adros e igreja, em uso e administração que, em 1940, através da Concordata com a Santa Sé, se transformou em reconhecimento de posse definitiva.



Capela do Cemitério de Benfica
(Fotografia de Fausto Castelhano - 2010)



Nota: Sou um apaixonado pelas Bandas Filarmónicas. Como membro dos Corpos Sociais da STIMULI/UNISBEN tivemos, recentemente e na Freguesia de Benfica (a convite da nossa Associação) a presença da excelente Banda Filarmónica Comércio e Indústria da Amadora sob a direcção do experiente maestro Joaquim Carlos Alves Rodrigues. Desfilaram por algumas ruas da nossa Freguesia seguindo-se, um magnífico concerto de música clássica nas nossas instalações. E, se a memória não me falha, um acontecimento desta envergadura, já não se verificava na Freguesia de Benfica, pelo menos, há volta de 50 anos.
Este ano, pensamos repetir a extraordinária experiência com a presença desta categorizada Banda de Música.

Um abraço de muita amizade
Fausto Castelhano





sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Vigo, 1949





Fotografia gentilmente cedida por Domingos Estanislau




Fotografia gentilmente cedida por Domingos Estanislau





"Em 1949, em Vigo, o Futebol Benfica sai vencedor do Torneio Internacional de Hóquei daquela cidade espanhola.

A organização do Torneio pretendeu entregar ao capitão da equipa do
Clube uma miniatura do Troféu em disputa.

Caleya Ribeiro, presidente do Clube, retirou das mãos de um dos organizadores o stick que está na imagem e entregou-o ao capitão da equipa do Futebol Benfica, dizendo: “defendam-no, que foi ganho com o vosso suor e sacrifício”… E o troféu veio para Portugal, para nosso orgulho e do desporto português.

Neste mesmo ano, já a equipa de hóquei em campo tinha viajado até Bruxelas para disputar o Torneio daquela cidade. Esta deslocação a Bruxelas ficou assinalada como a primeira deslocação ao estrangeiro de uma representação de um clube."


(por Domingos Estanislau)





Imagem gentilmente cedida por Pedro Macieira
(do espólio de Eugénio Germano Baptista)




Imagem gentilmente cedida por Pedro Macieira
(do espólio de Eugénio Germano Baptista)






Recorrendo ao espólio do seu avô, Pedro Macieira complementa com estas imagens, publicadas no jornal "Os Sports" de 14 de Maio de 1937, o texto de Domingos Estanislau sobre o Torneio de Vigo de 1949.



De referir aqui, publicamente, o quão fiquei satisfeita em saber que, graças a este blog, estes nossos dois amigos (Domingos Estanislau e Pedro Macieira) se encontraram muito recentemente, com o intuito de delinearem um plano-acção com vista a esmiuçarem documentação em busca das origens do Clube Futebol Benfica e do espólio da Sociedade Filarmónica Euterpe de Benfica.

Espero que essas buscas sejam bem proveitosas!







quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Muito obrigada...





"Modas Coelho"
Rua Cláudio Nunes, nº 17 A/B



"Livrarte"
Av. do Uruguai, 13 A





... a todos os comerciantes que, gentilmente, nos disponibilizaram espaço nas suas montras para divulgarmos o Movimento de Cidadãos pela Preservação da Vila Ana e da Vila Ventura (depois da campanha informativa que encetámos pelas principais artérias de Benfica).

Infelizmente, ainda não consegui ter tempo de ir pessoalmente agradecer a todos eles... mas prometo fazê-lo muito em breve e ir actualizando neste post as fotografias das montras dos nossos comerciantes locais que, assim, se juntaram também ao Movimento.

Um obrigada muito especial ainda ao Clube Futebol Benfica, na pessoa do seu presidente, Domingos Estanislau, que se juntou a este Movimento desde a primeira hora e nos tem ajudado também na divulgação do Movimento.





quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Benfica, infelizmente, também é isto...




"Enquanto o homem continuar a ser o destruidor
dos seres animados dos planos inferiores,

não conhecerá a saúde nem a paz.


Enquanto os homens massacrarem os animais,

eles se matarão uns aos outros.

Aquele que semeia a morte e o sofrimento

não pode colher a alegria e o amor".


(Pythagoras)








A quem interessar... a história deste animal encontra-se disponível aqui.





terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

1º "Junta-te ao Jazz, Benfica"





Créditos da imagem: "Junta-te ao Jazz, Benfica"




De 18 a 21 de Março, o Auditório Carlos Paredes, na Junta de Freguesia de Benfica, vai receber grandes nomes do Jazz nacional, no primeiro "Junta-te ao Jazz, Benfica".

Programação aqui.

Mais informações aqui.




Muito obrigada ao Pedro Limpo Rodrigues pelo envio da informação sobre este evento!






segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

O "Paraíso de Benfica"





Para gáudio de muitos leitores e fãs, aqui vos deixamos hoje uma verdadeira relíquia...



Fotografia do Arquivo Mário Novais

(disponível na Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian)




Via Helena Águas (que é uma verdadeira detective nisto de descobrir fotos antigas).

Muito obrigada!




sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Marijú, o Café esquecido






Todos os direitos reservados @ Fausto Castelhano, "Retalhos de Bem-Fica" (2010)





"Marijú, o Café esquecido"
(ou quando o “Calminhas” rachou a cachola ao Joãozinho)


(por Fausto Castelhano)




Tendo a Igreja de Nossa Senhora do Amparo como epicentro e num raio relativamente reduzido, era onde toda a vida social da comunidade se desenvolvia. O mundo da Freguesia de Benfica, o seu centro nevrálgico nas décadas de 50/60 resumia-se e situava-se, exactamente, ali.
A igreja, as missas e os seus inúmeros fiéis; o campo Francisco Lázaro e o ringue Fernando Adrião; a “praça de levante” na Avenida Grão Vasco;
O Teleclube, do padre Álvaro Proença, instalado no edifício do Patronato Paroquial;
As tascas, a do Sr. João (frente ao Chafariz Grande) e a outra, na Travessa do Rio (taverna/carvoaria onde, hoje, é o Restaurante “A Travessa"). Nesses recantos, jogavam-se os inevitáveis matraquilhos e o “negus” (uma variante de Snooker, mais pequeno, cinco buracos e um pivot);
O cinema no salão ou no ringue de patinagem (no Verão) da sede do Benfica (sempre com dois filmes, afora as Actualidades do famigerado SNI), na Avenida Gomes Pereira;



"Estrada de Benfica – Igreja – Vista panorâmica do centro da Freguesia" (1970)
Fotografia de João Brites Geraldes, in
Arquivo Municipal de Lisboa




Os cafés, mesmo ali, à discrição: o "Paraíso de Benfica", do Sr. Manuel Madureira e a "Adega dos Ossos" com a sua Junk-Box; eventualmente, e só para beber a “bica” ou bebericar a cervejola da ordem, no "Girassol" (com a sua pequeníssima esplanada no passeio); um pouco mais afastados, a Cervejaria "Estrela Brilhante" e a "Regional".

Porém, subitamente, algo se alterou na pacatez do burgo. E qual era a espectacular novidade que tanto alvoraçou as gentes do povoado?
Um novo e atraente Café (onde, hoje, é o Estabelecimento "Fica-Bem"), mesmo ao lado do adro da igreja: “Café Marijú”.
Ena, pá! Que nome tão catita…
Esplanada à porta (ocupando parte do passeio frontal), provida de mesas e cadeiras (novinhas em folha) e, a toda a largura da fachada, um toldo modernaço onde estava escarrapachado: “Marijú”… Tudo, tudo, “nos conformes”!... Um local “barilaço”, escolhido a dedo!... Era o máximo, na verdadeira acepção da palavra…

Ponto estratégico, por excelência, para quem pretendia, com olhinhos de ver, apreciar às miúdas que por ali passavam, especialmente as que frequentavam a Igreja, assistiam às missas ou pertenciam às Juventudes Católicas. Moças muito requestadas. Com muita delicadeza, lançavam-se os piropos da ordem. E, àquelas que desciam dos “amarelos” (a paragem da carreira Nº 1 era em frente da esplanada) eram, também, contempladas com o mesmo tratamento. E neste importante pormenor, éramos muito delicados, respeitadores e… nenhuma jovem era discriminada…



"O cruzeiro do Adro da Igreja de Benfica" (s/ data)
Fotografia de Judah Benoliel, in
Arquivo Municipal de Lisboa




Na verdade, o “Marijú” era outra loiça! Da “finaça”… está claro…
Largueza de espaço, empregados muito compinchas (alguns eram do Café "Paraíso de Benfica", já que o Sr. Manuel Madureira era, também, o proprietário do “Marijú”) e depois, um grandessíssimo estoiro: bilhares! Nem mais! Aquelas mesas de madeira polida com os correspondentes panos verdes, aveludados, e as bolinhas luzidias, oh! Uma raridade de “encher o olho”.
Enfim, era um luxo desmedido que nos deixava, a todos, estarrecidos e de cara à banda…Realmente, para quem estava afeito aos matraquilhos, a extravagância era, efectivamente, um requinte de arromba… E depois, aquele toque de bizarria ao besuntar a ponta do taco com o cubinho azul, uma espécie de giz!... Aí, sim… Era a quinta essência da barbatana! Sim, senhor! Benfica, finalmente, acertava o passo com a modernidade…Já não era sem tempo!

Resolvemos arriscar e… fomos experimentar…
Desajeitados, não se conseguia acertar uma. Não era, decididamente, o nosso “métier”. Uma lástima, não obstante, aguentava-se por distracção, saudável convivência (acima de tudo), e aproveitava-se a oportunidade para rever os últimos acontecimentos.

“Calminhas” era de estatura franzina. Tinha “repentes”. Imprevisível! Em mim próprio, deixou a sua marca indelével, na cabeça e num braço. Ainda na Primária, atirou-se ao Victor Louro como gato a bofe e… afinfou-lhe uma brutal dentada na bochecha. Assim, tal e qual… Não falhava!

Naquele malfadado dia era a vez do “Calminhas” segurar o taco e praticar aquela novíssima arte… O taco devia ser zarolho. De cada vez que “tacava”, a bolinha escapava-se à toa, ou então, falhava redondamente colocando, em sérios riscos, o pano verde… Não havia jeito de engrenar… Bom, depois, à volta da mesa de jogo, rebentava a risada geral. Gozava-se o prato… em grande!

Joãozinho, jovem como nós, vivia com a avó na Travessa dos Arneiros. Gente fina, da melhor linhagem do povoado. O moço não tinha nada a ver com o naipe de matulagem que se divertia por qualquer laracha que lançassem para o ar. Porém, tal como outros jovens, aproximava-se, contagiado com tanta alegria e boa disposição daquela “gajada porreiraça”. Galhofávamos, à “fartazana”, açambarcando as atenções de todo aquele espaço de jogatina.



"Estrada de Benfica, Nº 662" (1961)
Fotografia de Artur Inácio Bastos, in
Arquivo Municipal de Lisboa

Café Marijú – Ao lado do
Adro da Igreja onde, hoje, está o Estabelecimento Fica-Bem. A paragem do eléctrico da Carreira nº 1 era em frente ao café. A esplanada com as cadeiras, mesas e o toldo.





Joãozinho teve muito azar e nunca imaginou o sarilho “das arábias” onde se foi enfiar.
Quando o “Calminhas” falhou mais uma tacada, Joãozinho desatou na risota convencido, talvez, que estaria entre os seus amigos de confiança. Repentinamente, “Calminhas” ficou com as tripas do avesso”. Cerrou a dentuça, empunhou o taco como se fora uma cachaporra e, com uma violência inaudita descarregou, com a parte mais robusta daquela arma, uma valentíssima bordoada na cachola do infeliz Joãozinho que, de certeza absoluta, até viu as estrelas do firmamento. O sangue, sem “tardança”, espirrou aos borbotões e não havia nada que o detivesse.

No interior do Café "Marijú" levantou-se, de imediato, um formidável burburinho que, de chofre, alcançou a rua. Clamava-se pela polícia numa tremenda berraria e as gentes, atarantadas, corriam num desatino sem saber como agir…

Completamente atordoado, Joãozinho foi cuidadosamente amparado e levado em braços… "Calminhas”, pé ligeiro como era, saíu disparado porta fora e ninguém lhe conseguiu deitar a unha. O taco ficou rachado e a “matula” deu de “frosques” enquanto o “diabo esfregou um olho”.
Ainda aparvalhado com a inaudita agressão, Joãozinho foi socorrido e levou uma série de pontos na carola.

O Sr. Madureira, como é óbvio, entrou, aceleradamente, em parafuso com tão degradante espectáculo. A reputação do Café "Marijú", não podia ser posta em causa “à pala” dum bando de safados!

Entretanto, “Calminhas” desapareceu da circulação durante uns dias (era useiro e vezeiro na táctica) e Joãozinho, durante algum tempo, ostentou um bonito escrito na cabeçorra de razoáveis dimensões.
“Calminhas”, às tantas, reaparece com uma descarada descontracção passeando-se, à vontade, como se não tivesse nada a ver com tão melindroso assunto. Ele era assim, sem tirar nem pôr! Não há notícia de, alguma vez, ter sido incomodado… Tinha artes de se safar, sorrateiramente!




"Estrada de Benfica - Igreja" (s/ data)
Fotografia de Eduardo Portugal, in
Arquivo Municipal de Lisboa

Café Marijú – E lá estão as cadeiras, as mesas e o toldo. A tabuleta da paragem do eléctrico da Carreira nº 1, está lá, quase no topo da copa da árvore (ulmeiros).






Aos poucos, “Calminhas” começou a entrar no Marijú, nas calmas e ar escarninho, como se fosse um rapazinho de coro sem qualquer mácula. Os empregados, bons rapazes, miravam-no um bocado de través… aguardando qualquer cena de faca e alguidar. “Calminhas” assobiava p’ró lado e… fazia-se desentendido…



Estabelecimentos "Fica-Bem"
Fotografia de Fausto Castelhano (2010)

Era, exactamente aqui, que existiu o tão badalado Café "Marijú".




Para nós, o bilhar terminou naquele dia, mas estou em crer que o encanto do Café "Marijú" acabou por se perder sem a assídua presença, a alegria contagiante e a irreverência daquela “malta brava” à qual, eu próprio, tive a enorme felicidade de pertencer.

Durante algum tempo, o Sr. Manuel Madureira interpelava-me no sentido do “Calminhas” pagar o conserto do taco todavia, nunca soube se, algum dia, acertaram as contas ou não… Tenho a convicção que, mais tarde, acabaram por fazer as pazes…

O Café "Marijú" não teve existência muito longa. Com a revolução urbanística operada na nossa freguesia, julgo que o Café "Marijú" encerrou portas antes da década de 70 do século XX.

Este rocambolesco episódio e outros do mesmo jaez, jamais foram esquecidos e ficaram profundamente gravados, para sempre, no nosso imaginário.
Já lá vão mais de cinquenta anos porém, ao evocarmos a palpitante cena a que nos foi dado assistir garanto, a pés juntos, não resistimos às memórias que nos são tão caras… Nos nossos rostos, é fatal… aflora-nos um largo sorriso de orelha a orelha pela nostalgia dos tempos idos e pelo protagonismo de que fomos eméritos actores…
Uma inconsolável e imensa saudade…








quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

A 1ª estação de Correios de Benfica




Graças a uma fotografia que nos foi enviada pelo Jorge Resende, conseguimos vislumbrar parte de uma casa antiga de Benfica, sobre a qual tínhamos uma enorme curiosidade...





"Estrada de Benfica" (1961)
Artur Inácio Bastos, in
Arquivo Municipal de Lisboa




"(...)

Os correios mesmo velhos eram ao lado da Vila Ventura. Os velhos eram aí.
Há aquela descida da Calçada do Tojal para a Estrada de Benfica, à direita logo, onde agora há assim uns prédios, aí era um jardim grande, maior do que o da Vila Ventura, e no fim havia uma casa onde era precisamente o correio.
Aí é que era o primeiro correio quando eu fui para lá, era pegado connosco.

Até aí, por acaso, é engraçado porque nessa casa, no primeiro andar dessa casa que tinha o correio em baixo, vivia a Maria Lamas, a escritora
Maria Lamas.
Mas é engraçado, porque não nos era nada! Maria Lamas, ela era casada com um senhor que se chamava Alfredo da Cunha Lamas. O meu pai chamava-se José da Cunha Lamas e não tinham nada
[a ver] um ao outro!
Ela tinha duas filhas, uma de um primeiro casamento… Ela foi casada primeiro com um aviador, Ribeiro da Fonseca, um oficial de aviação. E depois é que casou com esse tal senhor Alfredo da Cunha Lamas, que creio que era não sei bem de que partido, não sei.

(...)

E depois do outro lado, então, era essa Maria Lamas, que tinha 2 filhas, uma do primeiro casamento e outra do segundo.
E a segunda filha, a ‘Bissu’, não sei o nome dela, era a ‘Bissu’. A mais velha não me lembro como se chamava. E a mais nova, que era a ‘Bissu’, essa era Lamas, a outra não, a outra era Ribeiro da Fonseca.
E essa ‘Bissu’ tinha uma coisa que nos fazia uma impressão horrorosa, porque estava a brincar connosco, não é, enfim, nós dávamo-nos… Estava a brincar connosco e, de repente, fazia assim e agarrava
[Encena os gestos, demonstrando impressão] com um olho que saía da órbita e ela tinha que meter o olho lá para dentro… Uma coisa, fazia-nos uma impressão horrorosa! Tínhamos 7, 8 anos, isto faz uma impressão horrorosa, não é… Horrorosa!"


In Entrevista ao Engº. João António Lamas (projecto "Gente de Benfica"), 18/03/08.






quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Benfica e São Domingos de Benfica em 1954




"Boa noite Alexandra,

(...)

Hoje e como nos últimos posts que publicou, as memórias urbanas de Benfica têm sido um tema muito aflorado e muito comentado, lembrei-me de lhe enviar três fotos do meu avô (Eugénio Germano Baptista) de Benfica em 1954.




"Estrada de Benfica - Cruz da Pedra/ Quinta dos Milhões"

(espólio de Eugénio Germano Baptista)




"Bairro da Quinta de Casquilha"

(espólio de Eugénio Germano Baptista)





"Estrada de Benfica - Ferro de Engomar"

(espólio de Eugénio Germano Baptista)




As referências das fotos são as que estão anotadas no album e nas próprias fotografias, da minha parte não tenho nenhuma informação adicional sobre estes locais. Embora tendo nascido em Benfica fui muito pequeno para Campo de Ourique.

Também uma prova que anda tudo ligado -uma visitante do seu blogue, encontrou a a casa que tem na Praia das Maçãs num post do meu blogue e curiosamente a mãe vivia na Rua Cláudio Nunes em Benfica e frequentava a Euterpe de Benfica...


Bem espero que as fotos tenham interesse, e use-as ou não como entender.



Um abraço,

Pedro Macieira"





terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Figuras de Benfica - 3


Enviado pelo nosso leitor Domingos Estanislau, com a seguinte mensagem:

"Tem se falado aqui tanto no Paraíso de Benfica, que há falta de imagem do prédio remeto-lhe uma breve síntese do Dono, Sr. Manuel Madureira, que foi um grande Sócio deste Clube."






- Manuel Madureira -
O Homem, o amigo, o futebolbenfiquista


(por Domingos Estanislau)



Fotografia gentilmente cedida por Domingos Estanislau




MANUEL ALVES MADUREIRA, nascido em Lisboa em 31.10.22, é a figura do Clube neste Boletim.

Falar do sócio nº 83, cuja filiação data de 31/03/53, tem tanto de difícil quanto de emotivo. O seu carácter naturalmente modesto não empresta à sua biografia os traços evidentes da sua generosa personalidade.

A “Pastelaria Paraíso”, da qual MANUEL MADUREIRA era proprietário, foi durante 31 anos, um prolongamento do CLUBE FUTEBOL BENFICA, ali se alicerçaram amizades e relevantes actos de generosidade. É hoje um local que os mais antigos e os que ali passaram grande parte do seu tempo de lazer, recordam com uma grande saudade.

MANUEL MADUREIRA e outros nomes de nomeada do Clube, chegaram a tomar ali decisões importantes para a vida do Clube. Por isso não se consegue falar de MANUEL MADUREIRA e do Paraíso de Benfica sem os relacionarmos com o CLUBE FUTEBOL BENFICA aquele de convívio era apontado por muitos como a Sub-Sede do Clube. Ali conviveram figuras da mais elevada projecção desportiva.

“O MANEL” , foi patrono, foi confidente amigo, quando aflitivamente se deseja um amigo.

MANUEL MADUREIRA, fez parte de várias Direcções do Clube, de Comissões de Obras, de Festas, enfim, deu muito de si ao CLUBE FUTEBOL BENFICA. O clube sempre encontrou em MANUEL MADUREIRA, um sócio interessado nos seus problemas, o FUTEBOL BENFICA muito deve a este homem que é sócio Benemérito.

MANUEL MADUREIRA, pertenceu também ao Executivo da Junta de Freguesia de Benfica.

Aqui fica ao correr da pena o rápido perfil dum homem que nem mesmo o correr dos anos deixou no esquecimento. Soube granjear amizades como poucos se podem orgulhar.

Bem haja MADUREIRA !!!



(Publicado no Boletim do Clube nº 9 de 1989)