terça-feira, 29 de março de 2011

"Pequenas estórias de uma livraria de Benfica" (7)




Fotografia de Andréa Adão (2011)




AS MUITAS VIDAS DOS LIVROS


Poderiam ser sete como se diz que são as dos gatos. De gatos e livros falarei noutra ocasião.

Os livros nascem na cabeça de quem os escreve. Se quem escreve não é um leitor a sério esqueça os livros que acha que tem na cabeça. Depois passam, na maior parte dos casos, por mais do que um leitor ainda antes das máquinas tipográficas começarem o seu sagrado matraquear. Só depois se colocam nas mesas e prateleiras dos espaços onde aguardam leitores no circuito tradicional do mercado livreiro. Neste caso andam de andas para bolandas. Distribuidores. Livrarias. Quiosques. Papelarias. Tabacarias. Destas a única que merece ser visitada é a do Pessoa...

Alguns encontram as amorosas mãos que os acariciam. Outros regressam aos distribuidores e aos editores. É o regresso à fonte. O chamado direito de devolução. Não sei se é caso único no comércio. Imagino outros negócios: - "Olhe, caro amigo, não se vendeu, aí tem de volta a mercadoria". Mas é assim. E esta é, em minha modesta opinião, a morte do mercado tradicional do livro.

E, deste modo, entram em acção novas formas de recuperar os livros como se se tratasse da última oportunidade comercial. São os livros que voltam ao mercado com um novo conceito. Preços muito mais baratos e maior proximidade dos leitores. São feiras que nascem nas estações do metro e dos comboios. São tendas que se colocam em zonas de praia. Locais de maior passagem de pessoas. Universidades. Romarias e mercados. Se não estão em todos estes sítios, deveriam estar.

Entre todos os que se dedicam a esta tarefa de colocar os livros ao alcance do maior número de leitores, destaco o Sistema J, do meu amigo José Cardoso, que vai continuar pujante de vida e novas iniciativas, com o seu filho David Cardoso, tenho a certeza!
Este projecto, sem custar um cêntimo ao erário público, sem qualquer apoio, provavelmente, fez mais pela difusão do livro e da leitura em Portugal do que os organismos oficiais que tutelam o sector. Com eles idealizámos uma "Volta a Portugal dos Livros", que merecia continuar. E, no entanto, há autores que não gostam de ver os seus livros acessíveis ao maior número possível de leitores. Coitados deles que julgam que o Sol gira à roda do seu contentinho umbigo. O que é importante é encontrar novos leitores. E, se pelo preço de um livro novo, muitas vezes de duvidosa qualidade, for possível escolher dez livros sobre os quais já passou o crivo do tempo, muito melhor para os leitores.

Voltando às várias vidas dos livros não podemos esquecer todos aqueles que os alfarrabistas recuperam para uma nova vida e ficam assim ao alcance de novos leitores. Bibliófilos. Coleccionadores. Livros autografados. Primeiras edições. Cimélios. Códices. Excelentes encadernações. Ex-libris. Nada contra. É gratificante tentar saber do seu percurso. Aqueles que os leram. O peso de um passado glorioso. São muitos e variados os livros e os leitores e muitas as suas vidas. Esses silenciosos companheiros são capazes de nos interpelar, quando mais precisamos: - "Olha lá, haja o que houver e custe o que custar, amanhã desponta um novo dia!...".


(JAR)










segunda-feira, 28 de março de 2011

"Lisboa tem Hortas!"




aqui tínhamos falado delas, junto à Quinta da Granja...





Versão final do trabalho de fim de semestre do Atelier de Televisão, Mestrado "Novos Media e Práticas Web", FCSH da Universidade Nova de Lisboa.
Trabalho assinado por Carlos Narciso, Hugo Castanho e Filipa Faria (2010).








sexta-feira, 25 de março de 2011

Dia Mundial do Teatro em Benfica




A Junta de Freguesia de Benfica, através do Pelouro da Cultura, comemora o Dia Mundial do Teatro nos dias 26 e 27 de Março com "Palcos de Benfica"...


Direitos de autor do cartaz - Junta de Freguesia de Benfica

[clicar na imagem para ampliar]





Por esta ocasião, o "Retalhos de Bem-Fica" aproveita para aqui vos deixar a mensagem deste ano sobre o Dia Mundial do Teatro (foi escrita pela ugandesa Jessica Kaahwa, professora da Universidade de Makarere, actriz, dramaturga e grande defensora dos direitos humanos)...



"Mensagem do Dia Mundial do Teatro 2011"

ITI - International Theatre Institute

[World Organization for the Performing Arts]

"Este é o momento exacto para uma reflexão sobre o imenso potencial que o Teatro tem para mobilizar as comunidades e criar pontes entre as suas diferenças.
Já, alguma vez, imaginaram que o Teatro pode ser uma ferramenta poderosa para a reconciliação e para a paz mundial?

Enquanto as nações consomem enormes quantidades de dinheiro em missões de paz nas mais diversas áreas de conflitos violentos no mundo, dá-se pouca atenção ao Teatro como alternativa para a mediação e transformação de conflitos.
Como podem todos os cidadãos da Terra alcançar a paz universal quando os instrumentos que se deveriam usar para tal são, aparentemente, usados para adquirir poderes externos e repressores?
O Teatro, subtilmente, permeia a alma do Homem dominado pelo medo e desconfiança, alterando a imagem que têm de si mesmos e abrindo um mundo de alternativas para o indivíduo e, por consequência, para a comunidade. Ele pode dar um sentido à realidade de hoje, evitando um futuro incerto.

O Teatro pode intervir de forma simples e directa na política. Ao ser incluído, o Teatro pode conter experiências capazes de transcender conceitos falsos e pré-concebidos.
Além disso, o Teatro é um meio, comprovado, para defender e apresentar ideias que sustentamos colectivamente e que, por elas, teremos de lutar quando são violadas.

Na previsão de um futuro de paz, deveremos começar por usar meios pacíficos na procura de nos compreendermos melhor, de nos respeitarmos e de reconhecer as contribuições de cada ser humano no processo do caminho da paz.
O Teatro é uma linguagem universal, através da qual podemos usar mensagens de paz e de reconciliação.

Com o envolvimento activo de todos os participantes, o Teatro pode fazer com que muitas consciências reconstruam os seus conceitos pré-estabelecidos e, desta forma, dê ao indivíduo a oportunidade de renascer para fazer escolhas baseadas no conhecimento e nas realidades redescobertas.
Para que o Teatro prospere entre as outras formas de arte, deveremos dar um passo firme no futuro, incorporando-o na vida quotidiana, através da abordagem de questões prementes de conflito e de paz.
Na procura da transformação social e na reforma das comunidades, o Teatro já se manifesta em zonas devastadas pela guerra, entre comunidades que sofrem com a pobreza ou com a doença crónica.

Existe um número crescente de casos de sucesso onde o Teatro conseguiu mobilizar públicos para promover a consciencialização no apoio às vítimas de traumas pós-guerra.
Faz sentido existirem plataformas culturais, como o [ITI] Instituto Internacional de Teatro, que visam consolidar a paz e a amizade entre as nações.
Conhecendo o poder que o Teatro tem é, então, uma farsa manter o silêncio em tempos como este e deixar que sejam “guardiães” da paz no nosso mundo os que empunham armas e lançam bombas.

Como podem os instrumentos de alienação serem, ao mesmo tempo instrumentos de paz e reconciliação?

Exorto-vos, neste Dia Mundial do Teatro, a pensar nesta perspectiva e a divulgar o Teatro, como uma ferramenta universal de diálogo, para a transformação social e para a reforma das comunidades.

Enquanto as Nações Unidas gastam somas colossais em missões de paz com o uso de armas por todo o mundo, o Teatro é uma alternativa espontânea e humana, menos dispendiosa e muito mais potente.

Não será a única forma de conseguir a paz, mas o Teatro, certamente, deverá ser utilizado como uma ferramenta eficaz nas missões de paz."


Makerere University
Department of Music, Dance and Drama








terça-feira, 22 de março de 2011

1º Fórum Agenda 21 Local





A "Agenda Local 21" é um instrumento de política e gestão municipal na área do desenvolvimento sustentável, integrando os aspectos ambientais, sociais, culturais, económicos e de organização espacial, assente num modelo de democracia participativa.

Este instrumento vai ser implementado, este ano, de uma forma experimental, em 5 freguesias: Ameixoeira, Benfica, Carnide, Charneca e Lumiar.

Neste âmbito, realiza-se esta 4ª feira (23/03/11), às 18h, na Escola Secundária José Gomes Ferreira (em Benfica), o 1º Fórum de Participação Pública...





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segunda-feira, 21 de março de 2011

Emparedamento da Vila Ana




(por Alexandra Carvalho)




Fotografias de Alexandra Carvalho (2011)




As traseiras do piso térreo da Vila Ana foram hoje emparedadas com tijolo (mantendo-se a situação de entaipamento no resto das fachadas).

Ao fim da tarde, duas das três pessoas sem-abrigo que aí costumavam pernoitar, encontravam-se paradas em frente às Vilas, olhando-as com um ar vazio, enquanto conversávamos...

No seguimento deste post, o Movimento de Cidadãos pela preservação da Vila Ana e da Vila Ventura remeteu um ofício à Direcção Municipal de Acção Social da Câmara Municipal de Lisboa (com conhecimento da Senhora Vereadora do Pelouro da Habitação, Arqª. Helena Roseta), sinalizando o caso dos 3 indivíduos sem-abrigo que se encontravam a pernoitar na Vila Ana e solicitando auxílio para os mesmos.

Mas o que se diz a alguém que esta noite vai pernoitar ao relento? E como ajudar quem, por algum motivo, não quer as ajudas que lhe são oferecidas?...

O Movimento de Cidadãos pela preservação da Vila Ana e da Vila Ventura apenas tem a agradecer ao João, Mihail e por, durante todos os anos que ali viveram, terem também ajudado a velar pelo se passava nas Vilas, procurando a segurança de todos.

No que diz respeito ao emparedamento da Vila Ana, o Movimento de Cidadãos faz votos para que este não seja um sinal de que a situação de abandono e incumprimento das obras a que a empresa proprietária das Vilas foi intimada persistirão.

De resto, continuamos a aguardar pelo feedback sobre as negociações que têm sido empreendidas pela CML junto do Dr. Henrique de Polignac Barros - director da empresa proprietária das Vilas -, (tal como nos havia sido prometido pela Vereadora da Habitação, Arqª. Helena Roseta na Reunião descentralizada da CML, realizada em Benfica, a 02/12/10).








domingo, 20 de março de 2011

"Património Abandonado - SOCORRO!!!"




(por Alexandra Carvalho)



Realizou-se ontem de manhã uma Acção de Sensibilização promovida pelo blogue "Retalhos de Bem-Fica" a propósito do Chafariz de Benfica - como forma de festejar a Primavera e, simultaneamente, chamar a atenção para este monumento histórico, votado ao abandono há largos anos, cujo espaço poderia ser utilizado plenamente para fruição da população da freguesia.





Vídeo "Retalhos de Bem-Fica" (2011)



Esta Acção iniciou-se junto à Pastelaria "Nilo", com a distribuição de folhetos alusivos à história do Chafariz, tendo a recepção da maioria das pessoas sido extremamente positiva - chegando, inclusivamente, algumas pessoas a apresentarem-nos felicitações por, finalmente, alguém se ter lembrado de conferir o seu devido valor a este monumento, exigindo que o mesmo seja devidamente limpo e conservado.

Como já vem sendo tradição de outras iniciativas similares, alguns elementos da Tuna da UNISBEN - Universidade Intergeracional de Benfica abrilhantaram esta Acção com a sua boa música e, sobretudo, com muita animação.

A nossa Acção de Sensibilização foi acompanhada por uma jornalista do "Jornal de Notícias", que recolheu no local os testemunhos do Prof. Carlos Consiglieri e de Fausto Castelhano, que falaram, respectivamente, sobre a importância patrimonial do Chafariz de Benfica e de algumas memórias da sua utilização pela comunidade em tempos idos.

Junto ao Chafariz de Benfica, a animação foi constante, com os transeuntes a pararem e juntarem-se a nós, bem como alguns outros que iam assistindo das janelas de suas casas ou das lojas, do outro lado da rua.

Tendo a Acção sido concluída após o Prof. Carlos Consiglieri e Alexandra Carvalho terem proferido algumas palavras a propósito do estado de (falta de) conservação e abandono do Chafariz de Benfica ser uma vergonha para uma freguesia onde o património histórico edificado é já quase inexistente.




"Jornal de Notícias" (20/03/11)

[clicar na imagem para ampliar e ler]




Em nome da organização desta iniciativa, o meu muito obrigada a todos os que tornaram possível esta nossa Acção Comunitária Cívica (vocês sabem quem são :) !

Muito obrigada, também, a todos os habitantes de Benfica pelo apoio e carinho com que nos acolheram!

Uma palavra muito especial, ainda, para o Sr. Daniel Costa (chegaram-me quase as lágrimas aos olhos com a sua generosa oferta, Amigo! Obrigada!) e para os nossos amigos do blogue "Lisboa S.O.S" (por estarem sempre em cima do acontecimento).

Por último, não podíamos deixar de agradecer também, pela compreensão, zelo, e profissionalismo, aos agentes da PSP que, discretamente, acompanharam esta nossa Acção. Obrigada!




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Nota final de Esclarecimento:

- O "Retalhos de Bem-Fica" é um blogue comunitário, apartidário, onde, porém, fora do seu âmbito, cada redactor é livre de ter e expressar os seus ideias políticos, quaisquer que eles sejam (desde que, logicamente, os mesmos não lesem os direitos humanos).

O que nos interessa, no "Retalhos de Bem-Fica", não é o poder político ou os partidos, mas sim o agir civicamente, com a força que a comunidade de cidadãos possui, em prol de uma melhor vida na nossa freguesia!...

Quem se quiser juntar a nós nesta linha de pensamento, será muito bem vindo!

Contudo, e face a certos boatos (com intenções dúbias, que visam minar o trabalho que temos vindo a desenvolver) que por aí correm na freguesia de Benfica, - não que tenhamos alguma coisa a justificar, mas como temos o hábito de ser muito frontais e honestos -, gostaríamos de deixar bem claro aos nossos leitores, em particular, o seguinte: - a fundadora do blogue "Retalhos de Bem-Fica", Alexandra Carvalho, não se encontra filiada ou associada a qualquer partido do espectro político português actual (não possuindo, por isso mesmo, qualquer tipo de eventuais "telhados de vidro", como os detractores que andaram a espalhar esses mesmos boatos, talvez, desejassem).
Podendo, contudo, e por diversos motivos, Alexandra Carvalho sentir alguma simpatia pelo, recentemente criado, "Partido pelos Animais"... "simpatia" apenas, e não qualquer forma de pertença ao mesmo, OK?!









sexta-feira, 18 de março de 2011

CONVITE: Acção - Chafariz de Benfica, 19/03/11 - 10h





Para festejar a chegada da Primavera (e não só)...





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Apareçam!...




segunda-feira, 14 de março de 2011

Comércio Tradicional - Espaços & Memórias (1)





(por Alexandra Carvalho com Fausto Castelhano, Mário Pires e Pedro Cabral)




O comércio tradicional é parte integrante da identidade de cada local, contribuindo para a dinamização do seu meio envolvente e constituindo património material. do mesmo. É um elo essencial da relação afectiva do território com os seus habitantes.
O comércio tradicional, para além de caracterizar social, económica e patrimonialmente uma comunidade, ajuda também a construir a memória colectiva do local em que se insere.

Pelo que urge que o comércio tradicional seja bem divulgado, não só como forma de dinamização e incremento financeiro das suas vendas, mas, também, e sobretudo, para dar a conhecer a todos os seus possíveis clientes os seus Espaços & Memórias.

Neste âmbito, em prol do importante trabalho que temos vindo a desenvolver sobre a freguesia de Benfica, o "Retalhos de Bem-Fica" inicia hoje esta nova rubrica, onde procurará inventariar o comércio tradicional existente na freguesia - numa vertente que interligará, também, o trabalho apresentado online neste blogue, com uma apresentação física em cada loja (a qual procurará realçar e valorizar ao público o trabalho desenvolvido por cada uma das lojas, assim como os seus espaços e as memórias a elas associadas).



[clicar no logótipo, para aceder a todas as lojas]


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Apresentação da Mercearia do Sr. Fernando Gonçalves.

Desenho: Pedro Cabral
Fotografias e Vídeo: Mário Pires

Todos os direitos reservados "Retalhos de Bem-Fica" (2011)






No Nº 100 A/B da Rua Cláudio Nunes continua a existir uma das mais antigas Mercearias/Tabernas da freguesia de Benfica.

Este espaço foi, em tempos idos, um lugar de flores; mais tarde, trespassado ao Sr. José Maria Gaspar (do concelho de Pampilhosa da Serra) e à sua esposa.
Quando estes faleceram, nos anos 80, e não tendo deixado descendência directa, a loja passou para o seu actual proprietário, o Sr. Fernando Gonçalves (sobrinho da esposa do antigo dono e, tal como os seus parentes, também originário do concelho de Pampilhosa da Serra).

O Sr. Fernando Gonçalves, de 77 anos, começou a trabalhar em Lisboa aos 14 anos; tendo ido para aquela que hoje é a sua loja em Junho de 1958.

À porta da sua loja continuamos a ser recebidos pelos caixotes de fruta e hortaliça, objectos de utilidade doméstica, alguidares de plástico, ratoeiras para caçar ratos e pássaros, arrastadeiras para acamados, rolhas de cortiça, bocais e chaminés para candeeiros a petróleo, etc. Uma infinidade de coisas de tempos imemoráveis que raramente se encontram em qualquer loja de comércio tradicional!…

Na porta do lado esquerdo, Nº 100 B, funciona a Taberna e, na porta à direita, Nº 100 A, a Mercearia.






Excerto da Entrevista realizada com o Sr. Fernando Gonçalves.

Contacto prévio, Apoio à Entrevista e ao Texto: Fausto Castelhano
Desenho de Fundo: Pedro Cabral
Entrevista: Alexandra Carvalho

Filmagem e Vídeo: Mário Pires

Todos os direitos reservados "Retalhos de Bem-Fica" (2011)




Tal e qual como no tempo do Sr. José Maria Gaspar quando, no regresso dos funerais no Cemitério de Benfica, os participantes no cerimonial funéreo emborcavam os primeiros baldes de vinho na costumeira peregrinação às capelinhas da ordem… Também o Sr. Fernando Gonçalves se recorda da estreita ligação que a sua loja sempre manteve com o Cemitério, sobretudo quando lá trabalhavam mais de 50 pessoas e, todos os dias, às 6h30, ali tinha que estar já na loja, pois os empregados do sepulcrário iam tomar o seu café bem cedo e "(...) a gente tinha compromissos com essa gente", como nos conta.

Actualmente, a sua loja já não fica aberta até à meia noite, como no tempo em que tudo ali à volta eram quintas. E as grandes superfícies, também, vieram "(...) dar cabo do comércio pequeno".
Mas o Sr. Fernando Gonçalves continua a receber clientes dos mais antigos e , também, alguma gente nova, que se mudou ali para a rua há muito pouco tempo... pessoas que só ali continuam a encontrar os artigos que não parecem existir em mais lado nenhum.

Segundo o Sr. Fernando Gonçalves, a sua loja "Faz parte das velharias para passar o meu tempo!"...
E a verdade é que descobrimos no Sr. Fernando Gonçalves a alma de um verdadeiro coleccionador de "velharias", verdadeiras relíquias coleccionáveis, que ele guarda com o mesmo amor, carinho e zelo com que tem cuidado da sua loja.
Como é, por exemplo, o caso da colecção de notas antigas, dos pontos mais díspares do globo, que lhe foram sendo oferecidas, ao longo dos anos, pelo seu público e ele nos mostra com orgulho e um certo embargo na voz, ao dizer-nos: "(...) sou um ajuntador, sem vender! Como é que a senhora se lembrava de vir assim ver uma data de papel velho como esta? (...) Isto é preciso ser um homem doido como eu! É o meu tabaco."




Ver aqui mais fotografias (autoria: Mário Pires) da loja do Sr. Fernando Gonçalves.








sábado, 12 de março de 2011

Protesto da "Geração à Rasca"...





(por Alexandra Carvalho, com Fausto Castelhano, Lídia Varanda, Luísa Pereira, Lú Monteiro e Pedro Macieira)




... o "Retalhos de Bem-Fica" esteve lá!




Fotografia de Alexandra Carvalho (2011)

[clicar para ampliar]




Lisboa, 12 de Março de 2011... um dia histórico em Portugal!

O Povo saiu à rua, unido, sem precisar de partidos políticos, reivindicando um país melhor, um sistema mais justo e solidário...

UM OUTRO MUNDO É AINDA POSSÍVEL... se não perdermos o espírito do que de tão positivo hoje se viveu nas ruas do nosso país; se não deixarmos esmorecer esta (bonita) ideia e continuarmos sempre a lutar, com esperança e acreditando que, juntos, conseguiremos construir o nosso futuro.

Mais do que uma "Geração à Rasca", ao que assistimos no histórico protesto, apartidário e cívico desta tarde, foi à UNIÃO e força de várias geração em uníssono.
Hoje ficou provado que a "Geração à Rasca" somos todos nós!...
Ainda assim, foi muito bonito ver uma (desconhecida) jovem de olhar emocionado, em plena Av. da Liberdade, a agradecer ao Fausto Castelhano, Lídia Varanda e Luísa Pereira por terem ido ao Protesto!



Fotografia de Fausto Castelhano (2011)



Fotografia de Alexandra Carvalho (2011)



Fotografia de Alexandra Carvalho (2011)




"A Manif. de protesto contra este e outros governos de Rasca foi uma Onda, um grito de indignação da 'Geração À Rasca', que vai dos 8 aos 80 e mais anos de idade. A febre do sábado à tarde do dia 12 de Março irá contaminar todo o País, este movimento imparável tem que despertar consciências a nível nacional. Aguardo com entusiasmo o novo protesto. Não há geração que aguente."


(Luísa Pereira)


"Foi com grande emoção que obtive mais uma prova de que os jovens merecem que eu os continue a defender. Eles são uma geração à rasca mas não uma geração rasca."

(Lídia Varanda)


"A primeira de muitas manifestações! Não nos podemos calar agora! Para a frente, com ou sem partido!"

(Lú Monteiro)


"O enorme prazer de ter participado na Manif 'Geração à Rasca' na agradável e entusiasta companhia de Amigas, especialmente de duas companheiras duma geração muito mais jovem; a Alexandra Carvalho e a Lú Monteiro! Um obrigado a todas!"

(Fausto Castelhano)







Vídeo e Fotografias de Pedro Macieira (2011)










sexta-feira, 11 de março de 2011

"Novos Rostos, Novos Desafios"




(por Alexandra Carvalho)



A 28 de Fevereiro, o Movimento de Cidadãos pela preservação da Vila Ana e da Vila Ventura remeteu um ofício à Direcção Municipal de Acção Social da Câmara Municipal de Lisboa (com conhecimento da Senhora Vereadora do Pelouro da Habitação, Arqª. Helena Roseta), dando conhecimento do caso dos 3 indivíduos sem-abrigo que se encontram a pernoitar na Vila Ana e solicitando auxílio aos mesmos.

Esta acção foi empreendida com conhecimento prévio das 3 pessoas, as quais acederam a que o Movimento de Cidadãos empreendesse esta iniciativa.

A Equipa de Rua de Apoio aos Sem Abrigo da CML contactou-nos no dia 01/03/11, informando que os seus elementos tinham estado na véspera nas Vilas, tendo tocado a todas as campainhas e não aparecera nenhum dos indivíduos sem-abrigo (naturalmente! Uma vez que a zona destinada às campainhas serve, apenas, os 3 Moradores-Inquilinos que lá vivem).

Ficou agendada nova visita para ontem à noite.

Ontem de manhã, fomos contactados pela Equipa de Rua de Apoio aos Sem Abrigo da CML, informando que, dado não possuírem nesse dia uma carrinha, não se poderiam dirigir ao local, pelo que o caso iria ser acompanhado pela Associação "Novos Rostos, Novos Desafios".

Ontem à noite, recebemos junto às Vilas 4 técnicos desta associação, os quais falaram com as pessoas sem-abrigo, que pernoitam na Vila Ana, dando-lhes a conhecer quais os melhores caminhos que poderiam seguir para sair daquela situação de exclusão social.
A equipa de rua desta associação ficou de ali regressar, no dia seguinte, com vista a continuar a acompanhar este caso.

Em nome do Movimento de Cidadãos pela preservação da Vila Ana e da Vila Ventura, gostaríamos de agradecer publicamente pela celeridade empreendida pela CML no presente caso, e, sobretudo, pelo profissionalismo, diligência e humanismo com que os técnicos da Associação "Novos Rostos, Novos Desafios" iniciaram o seguimento deste caso.

De salientar que, até à presente data, estas 3 pessoas sem-abrigo ainda não tinham sido "sinalizadas" a nenhum serviço de apoio à exclusão social, nem tão pouco sido sequer visitadas ou contactadas pelas entidades locais competentes (ou seja, era como se fossem meros fantasmas, vagueando pela nossa freguesia... à semelhança de tantos outros que por aí andam!).











quinta-feira, 10 de março de 2011

Mobilidade nos Espaços Públicos adjacentes às Vilas




(por Alexandra Carvalho)




Fotografia de Alexandra Carvalho (2011)





Porque os problemas da Vila Ana e da Vila Ventura não dizem, apenas, respeito ao património histórico edificado, mas, também, à própria mobilidade nas zonas envolventes às mesmas - as quais fazem parte do espaço público, mas parecem, há muito tempo, ter sido votadas ao esquecimento por quem de direito...

O Movimento de Cidadãos pela preservação da Vila Ana e da Vila Ventura remeteu hoje ao Senhor Vereador do Pelouro da Mobilidade da CML, o ofício abaixo...




[clicar na imagem para ampliar e ler o documento]