domingo, 28 de novembro de 2010

Tabernas, Tascas e Casas de Pasto na Freguesia de Benfica (3)




Todos os direitos reservados @ Fausto Castelhano, "Retalhos de Bem-Fica" (2010)




Ler aqui o Capítulo 1 e aqui o Capítulo 2.




(Capítulo 3)

Por Fausto Castelhano



Vai um copo? Branco ou tinto?
(Foto Wikipédia)



Basta de descanso… Seguimos em frente: a “Foto Águia d’Ouro”; a “Farmácia União” do saudoso e grande amigo Manoel de Almeida e Sousa (alentejano de Elvas e atleta de alta competição na modalidade olímpica de Luta Greco-romana) e da esposa D. Belmira, cordiais e sempre atenciosos no avio aos clientes; o relojoeiro na esquina da Travessa da Cruz da Era e, no gaveto do outro lado desta estreita ruela, a bem fornecida “Mercearia Fontan” e as apreciadas “Modas Fontan”, do Sr. Florêncio Fontan. Um dos empregados das “Modas Fontan”, o Sr. Joaquim abriu, por conta própria e alguns anos depois de inaugurada a novel Rua da República da Bolívia (antiga Estrada do Poço do Chão), uma loja de utilidades domésticas e da qual me tornei cliente: o “Quimbeta”.



O úbere intumescido e as quatro tetas granjolas da vaquinha leiteira.
(Foto Wikipédia)




A seguir às “Lojas Fontan” e com o nº 622, as “Ferragens de Benfica” que, em conformidade com a tradição oral, foi afamada leitaria e onde, o leite morninho e genuíno esguichava, directamente, das tetas da vaquinha alojada no interior do estabelecimento… Mungir vaca, uma verdadeira e superior arte ancestral que se perde na noite dos tempos e, para a qual, é requerida predicados especiais: jeitaço a rodos, pulsos flexíveis, mãos macias, gadachos ágeis e ginasticados que saibam acariciar o intumescido úbere do pacífico ruminante no intuito de o acalmar… E pronto, terminados os preliminares, um mamilo graúdo em cada mão e… é só premir com mestria… O suco lácteo produzido nas glândulas mamárias dos animaizinhos, saí de jacto, a uma temperatura de “pronto a beber”! Esgotadas as duas primeiras, o artista agarra-se às duas tetas restantes até o delicado trabalhinho findar…
Pessoalmente, nunca tive habilidade no desempenho da artesanal função, mesmo com a boa vontade de ensinamento de dois exímios executantes da vacaria na quinta onde nasci e vivi: o ti’Conde e o Francisco… Em compensação e p’ra “abrir a pestana”, volta e meia, era contemplado com um profuso esguicho de suco leitoso em plena fuça… Que coisa deliciosa!
Ademais, a Freguesia de Benfica, terra essencialmente rural, no tocante a quintas, vacas e vacarias, levava a palma às freguesias limítrofes: uma farturaça… A ordenha mecânica, modernice dos novos tempos, deu cabo do pitoresco cenário que, hoje por hoje, raramente se consegue observar, a não ser em algum lugar recôndito do Portugal profundo onde se mantêm hábitos de outrora…



O Externato Álvares Cabral na Estrada de Benfica, nº 628. Aqui, era o “Vale do Rio” da Sociedade Comercial Abel Pereira da Fonseca com as suas três magníficas entradas. Hoje, apenas a porta central funciona como tal. (Foto de Fausto Castelhano - Setembro de 2010)



Encravada entre as “Ferragens de Benfica” e a “Drogaria Jardim”, propriedade do Sr. Jardim, o “Coxelas”, como à chucha calada o designávamos por mancar d’uma perna, e correspondendo aos números de polícia 624, 626 e 628, um aprimorado estabelecimento de categoria ímpar: o “Vale do Rio” da acreditada Sociedade Comercial Abel Pereira da Fonseca (3) e onde, em determinada época da nossa sociedade, marcou pontos no país como a maior rede de venda ao público de géneros alimentícios.



O gaveto da Estrada de Benfica com a Travessa do Vintém das Escolas. No gaveto, a antiga “Drogaria Jardim” (hoje, uma loja de electrodomésticos) e, logo a seguir, na Estrada de Benfica, o “Vale do Rio” da Sociedade Comercial Abel Pereira da Fonseca onde, hoje, funciona o Externato Álvares Cabral.
(Foto de Fausto Castelhano -Setembro de 2010)




A arquitectura e a decoração obedeciam a critérios muito particulares e onde o mármore tinha lugar de primazia. Apesar de não se encaixar no tipo de lojas que, pouco a pouco, temos vindo a redescobrir, o “Vale do Rio” merece uma citação especial: local bem afreguesado e onde o vinhão de excelentes e variadas castas pedia meças ao mais pintado… É célebre a frase do Sr. Abel Pereira da Fonseca ao dizer para quem o queria ouvir: "Da uva também se faz vinho!"
Estas lojas comercializavam vinho a granel e engarrafado (ao tempo, uma novidade! Quem não se recorda do famoso Vinho Sanguinhal em garrafa ou garrafão?), bebidas brancas, finas e espirituosas. Ao balcão, aviava vinhaça a copo agregando, facilmente, uma fiel e constante clientela apreciadora do néctar divino…
Presentemente, o local está ocupado pelo “Externato Álvares Cabral” que utiliza, também, os andares superiores do prédio… Apenas uma única entrada permite o acesso à instituição: nº 628. As duas antigas entradas laterais, foram alteradas e apresentam-se em forma de janelões. Não obstante, a fachada do prédio afigura-se muito bela e merece o nosso inteiro aplauso… Em frente, a capelista do Sr. Capelo e da D. Nazaré: a “Papelaria Popular” que, ainda hoje, consegue preservar a sua loja com a mesma fisionomia, tal como a conhecíamos, cinquenta anos atrás…



A taberna do Sr. João na Estrada de Benfica, nº 648C e no gaveto da Travessa dos Arneiros (hoje, Rua dos Arneiros). A entrada principal fazia-se pela Travessa dos Arneiros, nº 2.
(Foto de João H. Goulart - 1961 - Arquivo Municipal de Lisboa)




Passada que foi a Travessa do Vintém das Escolas e a “Farmácia Marques”, uns metros mais adiante, frente ao Chafariz Grande das Águas Livres e no gaveto da Rua dos Arneiros, 2 (antiga Travessa dos Arneiros), damos de chapa, na Estrada de Benfica, nº 648C, com a taberna do Sr. João que, cumulativamente, se dedicava à distribuição de pão, porta a porta alancando, nos costados, com o enorme e tão familiar cabaz de verga… O filho do Sr. João, o Cruzeiro, era um rapazola sossegado da nossa total confiança e que, esporadicamente, acompanhava o nosso grupo de amigalhaços…



O prédio da taverna do Sr. João (hoje, o Restaurante “O Chafariz”) na esquina da Estrada de Benfica com a Rua dos Arneiros (Antiga Travessa dos Arneiros) e frente ao Chafariz Grande das Águas Livres. A janela ao lado da porta da taberna do Sr. João, na Estrada de Benfica, nº 648C, dava para a sala dos matraquilhos. Daqui, da coluna do lado direito que enquadra o Chafariz distavam, em tempos que já lá vão, 8 Km até aos antigos limites da cidade de Lisboa, isto é, S. Sebastião da Pedreira.
(Foto cedida pelo Sr. João Paulo Fontan - 7 de Maio de 1950)



Óptimo local de convívio, salientavam-se os bons vinhos, os petiscos requintados, a gentileza do Sr. João e onde os jogos de matraquilhos nos seduziam, sobremaneira, e desafiavam para umas partidinhas animadas. A pequenina sala, cuja janela comunicava com a Estrada de Benfica e fora especialmente reservada ao popular e desafiador divertimento oferecia-nos, como insuperável pano de fundo, o Chafariz Grande das Águas Livres e o marco quilométrico, indicativo da distância precisa, entre aquele local e os antigos limites da Cidade de Lisboa em S. Sebastião da Pedreira…
Actualmente, o prédio foi restaurado e apresenta-se com um óptimo visual não obstante, a antiga taberna do Sr. João, transmudou-se no Restaurante “O Chafariz”.



O restaurante “O Chafariz” no prédio no gaveto da Estrada de Benfica, 648C, com a Rua dos Arneiros, nº 2. (antiga Travessa dos Arneiros) e frente ao Chafariz Grande das Águas Livres. Aqui, era a Taberna do Sr. João.
(Foto de Fausto Castelhano – Setembro de 2010)



Atravessamos a Rua dos Arneiros (antiga Travessa dos Arneiros). No lado contrário da Estrada de Benfica, o edifício do antigo “Patronato Paroquial da Freguesia de Benfica” (onde o Padre Álvaro Proença instalou o “Teleclube” no início das emissões televisivas), a que se seguia o muro de protecção deste meritório complexo assistencial até ao gaveto no qual, existia a entrada para o recinto de jogos do Clube Futebol Benfica: o “Campo Francisco Lázaro(4) onde, no seu interior e integrando as instalações desportivas do clube, lá estava o “Ringue Fernando Adrião”, palco de tantas e gloriosas jornadas das esplêndidas equipas de Hóquei em Patins do Clube Futebol Benfica no confronto com as melhores do país…



O café “O Girassol de Benfica”do Sr. Gaspar, o “Seboso”, no prédio de gaveto da Rua Cláudio Nunes com a Estrada de Benfica, nº 654A. Ao fundo e encostado ao adro nascente da Igreja de Nossa Senhora do Amparo de Benfica, o “Mariju, o café esquecido” e a sua esplanada.
(Foto de Artur Inácio Bastos - 1961 - Arquivo Municipal de Lisboa)



Passamos junto à cervejaria “Estrela Brilhante” e, andados meia dúzia de passos, chegamos à embocadura da Rua Cláudio Nunes…
No gaveto do lado esquerdo, nº 654A, o pequeno Café “Girassol de Benfica” do Sr. Gaspar… Este conhecido comerciante, já está a “fazer tijolo” há largos anos e, a exígua loja, também mudou de ramo: frutas, vinhos e bebidas finas, queijos e produtos de charcutaria, etc.
No espaço que medeia entre o Café “Girassol de Benfica” e o adro nascente da Igreja de Nossa Senhora do Amparo de Benfica, lá está o celebérrimo “Marijú”, o tal “Café Esquecido” que nos deixou inúmeras e gratas recordações… O “salão dos bilhares”, os solícitos empregados de trato amigável, a convivência alegre e descontraída com a roda de amigos e conhecidos, o Sr. Manuel Madureira, o proprietário do Café “Marijú” e do Café/pastelaria “Paraíso de Benfica”, um cidadão de classe invulgar…



O Centro Policlínico de Benfica no prédio de gaveto da Rua Cláudio Nunes com a Estrada de Benfica, nº 652. No 1º andar, o Centro Policlínico de Benfica (já não existe e o seu espaço destina-se, agora, à habitação). Em segundo plano, os toldos da Cervejaria “Estrela Brilhante”. À esquerda, o pequeno café “O Girassol de Benfica” e a respectiva esplanada.
(Foto de Artur Inácio Bastos - 1961 - Arquivo Municipal de Lisboa)



Local estratégico por excelência e formidável posto de observação, centrado no núcleo histórico da Freguesia de Benfica, aglutinava a nossa ilimitada afeição! Enquanto se saboreava a “bica” ou a “imperial”, actualizava-se as últimas novidades, ou à pala de alguma laracha se desopilava o fígado, à frente do nariz e sob o nosso ângulo de visão que abrangia um raio de 180º, abarcava-se o incessante movimento da população na azáfama do dia-a-dia…



Lá está o “Café Marijú”, o Café esquecido” e a sua estratégica esplanada na Estrada de Benfica, 662.
(Foto de Artur Inácio Bastos - 1961- Arquivo Municipal de Lisboa)




Entre o “Marijú” com o nº 662 e “O Girassol de Benfica”, a paragem dos carros eléctricos (Carris) da Carreira nº1 vindos dos Restauradores e onde, ao longo do percurso de uma dezena de quilómetros, arrebanhava todos quantos de dirigiam a Benfica. Pacientes, mas de olho vivo, aguentávamos pelas namoradas e apreciávamos as moças que, por ali, circulavam lançando, sempre que a oportunidade se nos deparava, os piropos adequados a cada situação… De resto, bonitas ou menos belas, todas eram contempladas dentro do maior respeito e civismo… Afinal, éramos gente de bem!
Era como se estivéssemos sentados na plateia de uma qualquer sala de cinema assistindo, ao vivo, ao desenrolar de uma espantosa fita cinematográfica e onde os incontáveis actores iam desfilando constantemente…
Olhava-se e era um inolvidável espectáculo! Sentia-se o pulsar intenso da comunidade: o próspero e diversificado comércio local; o “Campo Francisco Lázaro” e as grandes jogatanas das magníficas equipas de Futebol e de Hóquei em Campo do clube da Freguesia de Benfica; à noite, o “Ringue Fernando Adrião” iluminava-se e os disputadíssimos jogos de Hóquei em Patins com as melhores equipas da modalidade empolgavam os espectadores e entusiastas da modalidade…



O antigo edifício do “Marijú, o Café esquecido” na Estrada de Benfica, 662. À esquerda do prédio, está localizado o adro nascente da Igreja de Nossa Senhora do Amparo de Benfica.
(Foto de Arnaldo Madureira - 1962 - Arquivo Municipal de Lisboa)




À beirinha do Verão e logo que terminavam os Campeonatos Oficiais de Futebol e se entrava no “defeso”, os intermináveis e bem disputados torneios dos “Clubes Populares de Futebol” onde pontificavam, entre outras, o Sport Lisboa e Águias (do Bairro da Boa Vista) e a sua entusiástica claque feminina, os Corvos (da Cruz da Pedra) e o Real Atlético de Benfica… Como atractivo suplementar de jovens e graúdos, a pista dos “carrinhos de choque” montada no interior e após a entrada nas instalações do Clube Futebol Benfica…
A Igreja de Nossa Senhora do Amparo de Benfica e a enorme afluência de crentes ao Santo Ofício da Missa; as novenas, à tardinha, no “Mês de Maria” (Maio) e a espera pelas “conversadas” e, nas datas estabelecidas no calendário litúrgico, as procissões na rua e o aparato inerente ao evento: andores, as várias Irmandades e a inocente criançada enfarpelada de anjinhos; o pároco sob o pálio, os dedicados acólitos e… povo aos magotes! Imprescindível e sempre afinadinha, a banda de música contratada com a necessária antecedência…



“Campo Francisco Lázaro”. A cabeceira poente do campo de jogos de Futebol e Hóquei em Campo, após a entrada no complexo desportivo do Clube Futebol Benfica. À direita, o ringue de Hóquei em Patins “Fernando Adrião”. Ao fundo, as cabinas (Jogadores e Árbitos), roupeiros, posto médico de primeiros socorros. Nas traseiras das cabinas, corria o Rio (Ribeira de Alcântara). Na margem direita do Rio, as instalações da “Metalúrgica do Bemfica”.
(Foto de Artur Goulart - 1960 - Arquivo Municipal de Lisboa)




A Escola Primária, o Infantário e, mais tarde, o Teleclube aglutinados no edifício do Patronato Paroquial da Freguesia de Benfica (notável iniciativa do Padre Álvaro Proença e de alguns paroquianos amigos); os espaços de convívio nos cafés “Paraíso de Benfica”, “Adega dos Ossos” e nos “tascos” e “casas de pasto” das redondezas; o concorrido “Mercado de levante” na Avenida Grão Vasco abastecido pelas saborosas frutas e os melhores produtos hortícolas das quintas e quintarolas da região não olvidando, está claro, o peixe fresquíssimo e a saltar do “nosso mar”…



O simpático e bem frequentado “Bar da Mata de Benfica” junto ao lago.
(Foto de Vasco Gouveia de Figueiredo - Arquivo Municipal de Lisboa)




No pino do Estio, a “Piscina dos pobres” no Chafariz Grande das Águas Livres e a alegria desbragada da pequenada que atingia o ponto alto na apetecida banhoca, em cuecas ou em pelota; os operários da “Metalúrgica de Bemfica”, na Estrada das Garridas, à beira do Rio, na margem direita; as centenas de empregados da “Fábrica Simões", na Avenida Gomes Pereira e as senhoras e meninas dos “Laboratórios ATRAL”, um pouco lá mais acima na mesma avenida; o expedidor da Carris onde os carros eléctricos da Carreira nº1 retornavam pela Rua Emília das Neves e Avenida Grão Vasco, tomando o caminho da Baixa lisboeta…



A Paula Maria e a Maria Helena no agradável Parque Silva Porto.
(Foto de Fausto Castelhano - Setembro de 1969)




O cinema na sede do Sport Lisboa e Benfica: no salão ou no ringue de patinagem (apenas no Verão) e onde, nos dias de hoje, funciona a Junta de Freguesia de Benfica, isto é, na Avenida Gomes Pereira; o admirável “Parque Silva Porto(5), a “Mata de Benfica”, à época, um óptimo e seguro lugar de namoricos e de estudo e que, ao mesmo tempo que apreciávamos o chilreio da passarada, nos convidava a desfrutar da exuberante vegetação e do frondoso arvoredo; o Parque Infantil apetrechado de escorregas e baloiços; o Parque de Merendas onde muitos dos nossos conterrâneos, aproveitando folganças ou os merecidos fins-de-semana, munindo-se de fartos e apetitosos farnéis previamente confeccionados, almoçavam ao ar livre sob a copa das árvores…
O simpático e bem frequentado “Bar da Mata” junto ao lago e onde os peixes vermelhos vinham à tona d’água e abocavam as migalhas de pão que, os muitos visitantes do Parque Silva Porto, lhes atiravam porém, o que mais sobressaía no sedutor ambiente era, efectivamente, o garboso casal de cisnes que, vogando suavemente no espelho de água fazia as delícias de crianças e adultos…
Nos últimos anos da década de 50 do século XX, tem início o desmantelamento das “Quinta da Casquilha” e da “Quinta das Garridas”: arrancava a construção do Bairro de Santa Cruz (6) e do novo complexo desportivo do Clube Futebol Benfica… A Escola Primária junto ao “portão de cima da Mata”, não demorou muito e a inauguração teria lugar em 1962 com a presença do Presidente da Câmara Municipal de Lisboa de então, França Borges e d’outras individualidades do Regime de então…



Inauguração da Escola do Bairro de Santa Cruz (“Escola da Mata”) pelo Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, França Borges e outras individualidades do Regime de então.
(Foto de Armando Serôdio – 1962 - Arquivo Municipal de Lisboa)




O Colégio “Instituto Lusitano” estava em pleno funcionamento, seja na Avenida Grão Vasco, nº56 (masculino), junto ao portão de entrada do “Parque Silva Porto”, seja na Estrada de Benfica, nº765 (feminino)… Frequentado pelos meninos e meninas das famílias mais abastadas da freguesia evitavam, tanto quanto possível (isto era assim mesmo, nem vale a pena doirar a pílula), qualquer misturada com as crianças pobres da urbe: “O maravilhoso Instituto Lusitano. Colégio para ambos os sexos, mas em sedes separadas. Uma bela descrição das instalações. Tudo no Palácio Feiteira e Palacete Peyssoneau. Frescas hortaliças e leite puro das vacas do estábulo”) - tal como era propagandeado no anúncio do Almanaque Alentejano!



A Maria Helena e a Paula Maria junto à Escola Primária do Bairro de Santa Cruz (que frequentaram) encaixada entre o Parque Silva Porto (e junto ao portão de cima) e as moradias do Bairro de Santa Cruz.
(Foto de Fausto Castelhano - Fevereiro de 1973)




A Escola Primária “António Maria dos Santos”, paredes-meias com o expedidor da Carris; a Escola Primária nº47 (já desaparecida), frequentada só por meninos e onde leccionavam quatro competentes professoras mas… bravíssimas: D. Tomásia, D. Isaura, D. Maria Mateus e D. Maria do Céu… A disciplina rígida era ponto assente e fazia mossa, à base de ponteiradas e reguadas de ferver… A escola estava situada na Estrada de Benfica, vizinha do “Quartel dos Bombeiros Sapadores de Lisboa” e nas traseiras da “Cozinha dos Pobres” (vulgarmente apodada de “Sopa do Barroso” ou “Sopa do Sidónio”) da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa; a “Escola do Magistério Primário”, onde se formavam os futuros professores do Ensino Primário e, na mesma área geográfica, as Escolas de Instrução Primária de meninos e meninas: a “Escola Normal” como era mais conhecida…
Melhor que a esplanada do “Marijú”, como se fora altaneira torre de vigia, só a esplanada do café “Girassol de Benfica” pela sua soberba localização… Raramente nos sentámos ali porém, o Sr. Gaspar, a quem alcunhámos de “O Seboso”(assim permaneceu até aos dias de hoje), armou-nos uma encrenca das antigas na última vez que assentámos as nádegas nas cadeiras da sua esplanada… Enfim, outros contos…
Tempos inolvidáveis d’um fascinante mundo já antigo, mas que nos deixaram imperecíveis saudades…
Enquanto durou a nossa permanência naquele local tão apetecido do “Marijú” foi, sem dúvida, bestial… O capital de mútua confiança e cordialidade que fomos angariando junto do Sr. Madureira e do pessoal de serviço ao balcão, às mesas no interior do Café ou da esplanada, desmoronou-se, num ápice, no dia fatídico em que subiu à cena a tragédia do “Calminhas e do Joaozinho”! Aí, deitámos tudo a perder!
Depois, embezerrámos face ao imprudente sarilho desencadeado na “salão dos bilhares” do “Café Marijú” e fomos farejando outros rumos… A década de 50 do Século XX encerrava-se… O “Marijú” não aguentou a pedalada devido à concorrência do “Café Nilo” (com bilhares na cave) e tantos outros que abriram aqui e ali… Pouco tempo depois, trancava as portas de modo definitivo… O prédio foi demolido e, exactamente na mesma superfície, ergueram mais um mamarracho de traça incaracterística… O “Fica-Bem”, loja de roupas, está lá!
Por ora, ficaremos na esquina da Rua Cláudio Nunes a observar o movimento das pessoas que por aqui se vão movimentando, ora apressadas ou mais vagarosas contudo, absolutamente anónimas! Já não conheço ninguém!


(Continua…)



NOTAS:


(3)


Abel Pereira da Fonseca

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.



A concretização de instituir uma linha quase directa entre a maior adega do país e a boca do bebedor, em Lisboa teve, como protagonista, um único intermediário: certo beirão da raia de Espanha que veio dos lados de Vilar Formoso para o Poço do Bispo e Bombarral, Abel Pereira da Fonseca, nome também legendário da vitivinicultura portuguesa de primeira metade deste século e que dispersou, por toda a capital, uma rede de 47 estabelecimentos de venda, por miúdo, de determinados géneros alimentícios entre os quais, e parece que em plano especial, vinho, inclusive a copo.


“Da uva também se faz vinho”: Abel Pereira da Fonseca
(Foto Wikipédia)



Estabelecimentos “Vale do Rio” - Praça Leandro da Silva, 1 a 7
com a Rua do Amorim 2 a 6 – Poço do Bispo – Freguesia de Marvila
(Foto Wikipédia)



Símbolo da Sociedade Comercial Abel Pereira da Fonseca
(Foto Wikipédia)



Abafado! Uma das especialidades da Sociedade Comercial Abel Pereira da Fonseca
(Foto Wikipédia)



Os Vinhos de Missa! Consumo garantido em alta escala.
(Foto Wikipédia)




Instalações da Sociedade Comercial Abel Pereira da Fonseca junto à doca do Poço do Bispo.
(Foto Wikipédia)




Designados inicialmente pelo nome do fundador, depois adoptou a sigla Sociedade Comercial Abel Pereira da Fonseca e, finalmente, ficou registado pela denominação de "Vale do Rio".
Conquanto vendessem vinho a copo, estas lojas revestiam-se, no que concerne a arrumação da casa e todo o "cenário" interior, de ambiente inadequado a legítima taberna. Já que veio à baila o aspecto interno dos estabelecimentos, anote-se o facto da não alteração do respectivo símbolo ou marca iconográfica, aposta no exterior, ao longo das três sucessivas administrações: um barco à vela, uma alusão, segundo se consta, às fragatas ou bateiras transportadoras dos cascos de vinho provenientes de Rio Frio, através do rio das Enguias e estuário do Tejo.



Fernando Pessoa, freguês habitual dos estabelecimentos “Vale do Rio”.
(Foto Wikipédia)




(4)


Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.


Uma homenagem ao grande atleta e maratonista Francisco Lázaro.
Francisco Lázaro nasceu em Benfica a 21 de Janeiro de 1891 e faleceu em Estocolmo, 15 de Julho de 1912. Foi um atleta que fez parte da primeira equipa olímpica portuguesa nos Jogos Olímpicos de 1912, em Estocolmo, Suécia, onde participou na prova da maratona. Lázaro desfaleceu durante a prova e veio a falecer poucas horas depois.



(5)


Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.


Em 1880, João Carlos Ulrich mandou plantar um pequeno bosque para envolver o Palácio da Feiteira. Alguns anos depois, vendeu a propriedade a César Augusto de Figueiredo que se tinha disposto, em 1911, para oferecer o parque ao Município de Lisboa para que este fosse acessível a todos os cidadãos.
Foi baptizado em homenagem ao explorador António Francisco Ferreira da Silva que, mais tarde, adoptou o nome da sua cidade natal, a cidade do Porto.
O Quiosque do Parque Silva Porto foi construído em 1916, segundo um projecto (de 1913) do Arquitecto José Alexandre Soares; os painéis de azulejos que o ornamentam são Arte Nova e foram realizados por José António Jorge Pinto, pintor e um dos principais criadores do estilo Arte Nova. Os temas representados pelos painéis são: «Mal me quer», «Bem me quer», «Muito», «Pouco», «Nada», «O Bosque» e «A Caça».
Há em Lisboa mais três quiosques iguais: o Quiosque Municipal do Cais do Sodré, o Quiosque do Poço do Bispo e o Quiosque do Jardim Constantino.

Flora
O parque está coberto por 22 tipos diferentes de arbustos e árvores, proporcionando uma riqueza inesperada de espécies. As plantas predominantes são o cedro-do-buçaco, o eucalipto, o cipreste, o pinheiro-de-halepo, o pinheiro manso, o carvalho e o sobreiro.

Fauna
A fauna do parque é dominada pelas aves, sobretudo chamarizes, pintassilgos, melros. De realçar a presença de rolas, pouco comuns em zonas urbanas e, também, de esquilos.



(6)

Bairro de Santa Cruz

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

O bairro começou por ser um bairro social, nos finais dos anos 1950. É constituído por moradias geminadas e em banda, todas de primeiro andar e com quintal à frente e atrás.
É composto por duas partes distintas: a Oeste, o chamado "Bairro de Baixo" e a Leste, o "Bairro de Cima", separados pelo Parque Silva Porto.









sábado, 27 de novembro de 2010

A Matinée de Fado na Stimuli/UNISBEN




Realizou-se ontem à noite a Matinée de Fado organizada pela Stimuli/UNISBEN nas suas instalações...





Vídeo de Alexandra Carvalho (2010)




Num simpático ambiente, reuniram-se cerca de 100 pessoas para ouvir cantar o Fado, como noutros tempos se fazia nos famosos Retiros existentes na freguesia de Benfica.

É de enaltecer iniciativas como esta e outras, que a Stimuli/UNISBEN tem vindo a desenvolver, como forma de combater a solidão e proporcionar aos seniores com mais de 50 anos momentos de lazer.

No entanto, cada vez que participo numa das iniciativas da Stimuli/UNISBEN, sinto que todos ganharíamos bastante se mais jovens e pessoas de outras áreas da nossa freguesia participassem nas mesmas, aliando-se assim ao verdadeiro sentido do conceito "intergeracionalidade" (mecanismo que junta pessoas em actividades benéficas para ambas, que promovem um melhor entendimento e respeito entre gerações, contribuindo assim para a construção de uma comunidade mais coesa).
Muito temos ainda a aprender com os nossos "velhos", se tivermos (ou quisermos ter) tempo para parar e apreciar o que a vida tem de melhor... as relações humanas!

Muito obrigada a todos aqueles (Direcção da Stimuli/UNISBEN, Comissão de Alunos, professores, Eurico Simões - o organizador da selecção de Fados e apresentador do espectáculo -, Fadistas e convidados) que transformaram esta matinée de Fado numa noite tão agradavelmente bem passada!



Ver mais fotografias aqui.







sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Pintadas de Fresco



Actualização de 05/12/10:

Depois de um comunicado enviado à Junta de Freguesia de Benfica (para o qual continuamos a aguardar resposta), as passadeiras da Av. Grão Vasco foram, finalmente, pintadas na madrugada de 26/11/10.

No entanto, até à presente data, as passadeiras da Rua Pereira Bernardes, junto à Av. do Uruguai, continuam por pintar.

A 02/12/10, na Reunião descentralizada da CML que ocorreu em Benfica, tivemos conhecimento, de acordo com informação veiculada pelo Vereador da Mobilidade da CML, Dr. Fernando Nunes da Silva, que a pintura de todas as passadeiras de peões é da responsabilidade das Juntas de Freguesia, com quem a CML efectuou protocolos de delegação de competências (tendo, inclusivamente, e segundo informação do Vereador, a Junta de Freguesia de Benfica adquirido, recentemente, uma máquina de pintar passadeiras, de forma a diligenciar de uma forma mais célere esta tarefa).



****




Depois do alerta que nos foi deixado por diversos leitores do "Retalhos de Bem-Fica"...

Depois do comunicado que remetemos por e-mail à Junta de Freguesia de Benfica (sem que, até agora, tenhamos recebido qualquer resposta)...

E, quando alguns habitantes de Benfica, começavam já a ponderar a hipótese de irem eles próprios pintar as passadeiras...



Fotografia de Alexandra Carvalho (2010)



A Av. Grão Vasco acordou esta manhã de cara lavada e pintadinhas de fresco, ei-las, no local onde sempre deveriam ter estado!

Pena é que, ali não muito longe, na Rua Pereira Bernardes, junto à Av. do Uruguai, a situação permaneça na mesma... apenas com o novo alcatrão, mas sem sinalização (custava muito mais, ter pintado tudo na mesma noite/madrugada?).




Fotografia de Alexandra Carvalho (2010)



A julgar pela sórdida situação da CML estar encarregue de pintar todas as novas passadeiras e as Juntas de Freguesia serem responsáveis apenas pela pintura das já existentes (segundo nos informou um autarca que aqui comentou no nosso blog), assistimos a situações tão caricatas como a existente, actualmente, na Av. Grão Vasco, junto à Rua Emília das Neves (ver fotografia acima).

E depois os munícipes é que são queixosos e exigentes, querem ver?!







DIVULGAÇÃO: 2 Cursos no Clube Futebol Benfica


(Por Domingos Estanislau)



VENHA ENRIQUECER OS SEUS CONHECIMENTOS CONNOSCO

CURSO DE ÉTICA - Da Acção Discernida ao Discernimento Agente

CURSO DE ESCRITA CRIATIVA PROFUNDA





A nossa acção também se estende a outras áreas para além do aspecto desportivo e nesta perspectiva com o intuito de aperfeiçoar o conhecimento vamos levar a efeito dois cursos, em título, que ocorrerão nas nossas instalações (Clube Futebol Benfica) e abertos a quem quiser participar.

Qualquer destas matérias terá a orientação do professor PEDRO VISTAS.

Tal iniciativa será levada a efeito a partir das 19 horas ou ainda das 18 horas às 3ªs e 5ªs feiras e aos sábados em horário a definir.

BASTA INSCREVER-SE UTILIZANDO O TELEMÓVEL 922 251 223

A inscrição é gratuita.



quinta-feira, 25 de novembro de 2010

"Ainda há Poesia nas Cidades" -(1)





Gustav Adolf's Torg - Malmö (Suécia)
Fotografia de Alexandra Carvalho (2007)




Estação de metro "Jardim Zoológico", 19h30.

Um homem escondido, por detrás das colunas, espreita quem desembarca no cais. Fica parado, nervoso, todo o seu corpo desengonçado parece tremer.

Às tantas, em acção... segue apressado uma rapariga, que nem o pressente.

Alcança-a já depois da bilheteira, muito nervoso, com um toque no ombro. E oferece-lhe um ramo de gerberas.

Beijam-se e partem de mãos dadas pela Estrada de Benfica.

Cena digna de um filme, neste final de tarde fria, a provar que ainda há românticos (o que nos deixa sempre muito bem dispostos)... e Poesia nas nossas cidades e bairros!






sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Edital Rectificativo




No seguimento do post anterior, este outro (importante) Edital nunca foi, sequer, afixado nas Vilas!...

O Movimento de Cidadãos pela preservação da Vila Ana e da Vila Ventura teve conhecimento do mesmo através de informação da Senhora Presidente da Junta de Freguesia de Benfica.





Digitalização do Edital

[clicar na imagem para ampliar]




Como o consideramos de extrema importância, trazendo novidades a propósito do desenvolvimento do processo das Vilas (nomeadamente no que diz respeito à aplicação de algumas sanções, previstas no Edital de intimação à realização de obras, caso as mesmas não se realizem no prazo previsto), aqui o deixamos para conhecimento geral.






quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Fracções Devolutas na Vila Ana




O Edital da imagem abaixo, referente ao processo da Vila Ana, foi hoje afixado na Vila Ventura... apesar de na data de afixação constar a referência do dia de ontem.

Tendo o mesmo sido retirado por um dos Moradores-Inquilinos da Vila Ventura, que telefonou à Junta de Freguesia de Benfica, solicitando que a situação fosse reposta em conformidade, ou seja, que o referido Edital fosse afixado na Vila a que, de facto, se destina.





Imagem do Edital digitalizada

[clicar na imagem para ampliar e ler]




Apesar de em ambas as Vilas ainda se encontrarem algumas das letras de inscrição dos seus nomes (com algumas falhas em letras que desapareceram), no alto dos dois torreões que encimam a entrada das mesmas, o Movimento de Cidadãos pela preservação da Vila Ana e da Vila Ventura, em jeito de colaboração pro-activa, gostaria de aqui deixar aos Senhores Funcionários da Junta de Freguesia de Benfica a imagem abaixo (a qual pode ser, devidamente, impressa em papel), como forma de os auxiliar no correcto e eficaz desenvolvimento do seu trabalho de afixação de Editais futuros nestes dois imóveis.

Não há nada que enganar: o que está do lado esquerdo é a Vila Ana, o do lado direito a Vila Ventura!



Fotografias de Alexandra Carvalho (2009)




No que diz respeito ao conteúdo do Edital referente à declaração de fracções devolutas na Vila Ana, e de modo a que os nossos leitores compreendam melhor o que se passa, aqui deixamos a referência aos artigos dos Decretos-Lei referidos no mesmo...




Decreto-Lei n.º 159/2006 de 8 de Agosto

Artigo 2.º
Noção

1 - Para efeitos de aplicação da taxa do IMI, considera-se devoluto o prédio urbano ou a fracção autónoma que durante um ano se encontre desocupado.

2 - São indícios de desocupação:

a) A inexistência de contratos em vigor com empresas de telecomunicações e de fornecimento de água, gás e electricidade;
b) A inexistência de facturação relativa a consumos de água, gás, electricidade e telecomunicações.


Artigo 4.º
Procedimento

1 - A identificação dos prédios urbanos ou fracções autónomas que se encontrem devolutos compete aos municípios.
2 - Os municípios notificam o sujeito passivo do IMI, para o domicílio fiscal, do projecto de declaração de prédio devoluto, para este exercer o direito de audição prévia, e da decisão, nos termos e prazos previstos no Código do Procedimento Administrativo.




Decreto Lei n.º 442/91, de 15 de Novembro



SUBSECÇÃO IV
Da audiência dos interessados

Artigo 100.º

Audiência dos interessados

1 - Concluída a instrução, e salvo o disposto no artigo 103.º, os interessados têm o direito de ser ouvidos no procedimento antes de ser tomada a decisão final, devendo ser informados, nomeadamente, sobre o sentido provável desta.
2 - O órgão instrutor decide, em cada caso, se a audiência dos interessados é escrita ou oral.
3 - A realização da audiência dos interessados suspende a contagem de prazos em todos os procedimentos administrativos.

Artigo 101.º
Audiência escrita

1 - Quando o órgão instrutor optar pela audiência escrita, notificará os interessados para, em prazo não inferior a 10 dias, dizerem o que se lhes oferecer.
2 - A notificação fornece os elementos necessários para que os interessados fiquem a conhecer todos os aspectos relevantes para a decisão, nas matérias de facto e de direito, indicando também as horas e o local onde o processo poderá ser consultado.
3 - Na resposta, os interessados podem pronunciar-se sobre as questões que constituem objecto do procedimento, bem como requerer diligências complementares e juntar documentos.






Ou seja, meus caros amigos...
Face à redacção do presente Edital (vide in nº 2, último parágrafo), ficamos na dúvida se este documento já constitui uma Declaração efectiva de fracções devolutas, ou se ainda se trata apenas de um Projecto de Declaração (que ainda terá que ser sujeito à fase de Audiência Prévia dos interessados).

A verificar-se a última situação que referimos acima, veremos, mais uma vez, o prazo já existente para a conclusão da realização de obras de conservação (neste caso, esse prazo termina a 31/12/2010) suspenso sine dia enquanto a empresa proprietária das Vilas não se pronunciar com base no direito de Audiência Prévia.

Paralelamente, gostaríamos de aqui deixar o alerta à Câmara Municipal de Lisboa (Gabinete da Senhora Vereadora da Habitação, Arqª. Helena Roseta) que, de acordo com o Artº. 2.º, nº 1 do Decreto-Lei n.º 159/2006 de 8 de Agosto, na Vila Ventura, também se encontram devolutas 4 fracções (apenas se têm encontrado menos expostas ao perigo de serem devassadas do que aquilo que se tem passado no caso da Vila Ana).

Aguardamos pacientemente (como sempre!) pelos desenvolvimentos futuros deste caso!...







quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Até quando continuaremos sem "passadeiras" de peões em Benfica?



Actualização de 05/12/10:


Depois de um comunicado enviado à Junta de Freguesia de Benfica (para o qual continuamos a aguardar resposta), as passadeiras da Av. Grão Vasco foram, finalmente, pintadas na madrugada de 26/11/10.

No entanto, até à presente data, as passadeiras da Rua Pereira Bernardes, junto à Av. do Uruguai, continuam por pintar.

A 02/12/10, na Reunião descentralizada da CML que ocorreu em Benfica, tivemos conhecimento, de acordo com informação veiculada pelo Vereador da Mobilidade da CML, Dr. Fernando Nunes da Silva, que a pintura de todas as passadeiras de peões é da responsabilidade das Juntas de Freguesia, com quem a CML efectuou protocolos de delegação de competências (tendo, inclusivamente, e segundo informação do Vereador, a Junta de Freguesia de Benfica adquirido, recentemente, uma máquina de pintar passadeiras, de forma a diligenciar de uma forma mais célere esta tarefa).



****



Durante o mês de Outubro, a Câmara Municipal de Lisboa procedeu à reparação de várias artérias da freguesia de Benfica, entre as quais a Av. Grão Vasco, que foi totalmente repavimentada e a Rua Pereira Bernardes...


Passado mais de um mês sobre estes trabalhos, os locais onde outrora se encontrava indicada a sinalização horizontal (passadeiras de peões) ainda não voltaram a ser pintados...

Diversos leitores do "Retalhos de Bem-Fica" nos têm alertado para esta situação (tendo a mesma já sido divulgada no "Espaço Cívico" do nosso blog)... Situação essa que tem tido como consequência inúmeros atropelamentos (entre eles, de muitas pessoas idosas).

Uma vez que, de acordo com a informação veiculada pelo website da Junta de Freguesia de Benfica, ao abrigo do novo Protocolo de Delegação de Competências da Câmara Municipal de Lisboa, a conservação e reparação de sinalização horizontal passou a ser da responsabilidade da Junta de Freguesia...

Perguntamos até quando terão os cidadãos de Benfica de continuar a aguardar pela pintura das passadeiras na Av. Grão Vasco?

Quantos mais atropelamentos (eventualmente mortais até!) terão que ocorrer para que alguém se digne resolver esta situação?

E, já agora, para quando a re-pintura das inúmeras passadeiras de peões ainda existentes, mas quase "apagadas" do alcatrão?



P'los Redactores e Leitores do Blog "Retalhos de Bem-Fica"

(Alexandra Carvalho)





NOTA: - Uma vez que a Junta de Freguesia de Benfica apela, através do seu website, à "colaboração dos fregueses que alertem para todas as situações que necessitem de alterações ou melhoramentos através de carta para Junta de Freguesia de Benfica, Av. Gomes Pereira 17 – 1549-019, Lisboa ou por email", esta nota foi reencaminhada, a 17/11/10, para o seguinte endereço de e-mail - vogalespacopublico@jf-benfica.pt


quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Reunião descentralizada da CML em Benfica (02/12/10)




No próximo dia 2 de Dezembro, às 18h30, realizar-se-á, na Escola Secundária José Gomes Ferreira, uma Reunião Pública descentralizada da Câmara Municipal de Lisboa, para debater questões ligadas à nossa freguesia de Benfica.

A participação dos munícipes (apresentando exposições à CML nessa reunião) estará aberta apenas a 20 pessoas.

As inscrições podem ser efectuadas por e-mail para dacm@cm-lisboa.pt ou por fax para 21. 817 12 74 até ao dia 18 de Novembro.

Ou em alternativa, entre as 10h e as 12h de dia 18/11/10 nas instalações da Junta de Freguesia de Benfica.

Porque a cidadania activa é cada vez mais importante... E, quando os cidadãos se unem, lutando naquilo que está ao seu alcance, participando activamente na tentativa de resolução dos problemas dos seus bairros e das suas ruas, podem contribuir para a mudança e para a melhoria das vivências na nossa sociedade...
Apelamos à divulgação massiva desta informação, de modo a que todos os munícipes de Benfica que se queiram inscrever para exporem os seus assuntos o façam atempadamente.









quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Encontro-Informativo sobre as Vilas com o Partido Ecologista "Os Verdes"



Fotografia de Mário Pires (2010)



Este encontro surge passados sete meses sobre a aprovação por unanimidade de uma Recomendação pela preservação da Vila Ana e da Vila Ventura na Assembleia Municipal de Lisboa; visando dar conhecimento do ponto de situação actual em relação à luta que o Movimento de Cidadãos tem levado a cabo pela preservação destas duas Vilas centenárias, assim como das nossas preocupações em relação às mesmas.

Os elementos do Grupo Municipal do Partido Ecologista "Os Verdes" manifestaram o seu apoio à nossa Causa pela preservação das Vilas, referindo que iriam averiguar, junto do Senhor Presidente da CML, em reunião da Assembleia Municipal de Lisboa, o motivo pelo qual não foi dado seguimento à Recomendação aprovada pela AML em Abril passado.



Fotografia de Mário Pires (2010)




O Movimento de Cidadãos pela preservação da Vila Ana e da Vila Ventura agradece ao Grupo Municipal do Partido Ecologista "Os Verdes" todo o interesse demonstrado neste encontro.

E reiteramos, pelo presente, que, não tendo qualquer motivação partidária por detrás dos objectivos que nos uniram nesta Causa, nos encontramos disponíveis para receber, informar e dar conhecimento das nossas preocupações a qualquer partido político que manifeste interesse.




Ler aqui a notícia da visita do às Vilas, no website do Grupo Municipal do Partido Ecologista "Os Verdes".






terça-feira, 9 de novembro de 2010

Comunicado do Movimento de Cidadãos




Realiza-se amanhã (4ª feira - 10/11/10) a 50ª Reunião Pública da Câmara Municipal de Lisboa, onde será apresentada a proposta da Revisão do Plano Director Municipal de Lisboa (PDM) para aprovação.

Nesse sentido, no Movimento de Cidadãos pela preservação da Vila Ana e da Vila Ventura considerámos muito pertinente o envio do presente Comunicado à Senhora Vereadora do Pelouro da Habitação, Arqª. Helena Roseta, assim como aos Vereadores dos partidos políticos da oposição.




[clicar na imagem para ampliar e ler o Comunicado]







Documentos citados em anexo:

- Exposição apresentada na Reunião Pública da CML do dia 31/03/10;

- Parecer do Núcleo Consultivo da Estrutura do PDM de Lisboa;

- Fotografia do que resta do logradouro da Vila Ana.







segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Gente de Benfica - IV




Entrevista realizada no âmbito do Projecto "Gente de Benfica"
(todos os direitos de utilização reservados em nome dos entrevistados - Maria Luísa e Fernando Carril - e da antropóloga responsável pelo projecto - Alexandra Carvalho).




Fotografia de Alexandra Carvalho (2009)





[clicar no gravador para ouvir a entrevista de 23/07/09,
integrada no Projecto "Gente de Benfica"]






Maria Luísa (90 anos) e Fernando Carril (84 anos)… 55 anos de vida em Benfica.

Ela, nascida em 1920, na freguesia de Santa Isabel, diz nunca ter gostado de Benfica, por se lembrar com muita saudade de Campo de Ourique e da Rua Maria Pia, onde viveu durante muito tempo.

Ele, nascido na Rua da Prata. Não chegou a conhecer a sua mãe, que morreu tinha ele apenas 22 meses. Este facto viria a marcar não só o percurso de vida do seu pai, como também o seu próprio percurso, fazendo com que nunca estabelecesse laços emocionais a propósito de gostar ou não do local em que habitava (por ter andado quase sempre feito andarilho de um lado para o outro).

Quis o destino que ela e ele se cruzassem na estação dos CTT dos Restauradores, onde trabalharam durante 40 anos.
Em 1949 uniram as suas vidas pelo matrimónio e foram viver para a Penha de França, de onde saíram em 1955, com uma filha de 5 anos, rumo à freguesia de Benfica.

Benfica, nessa altura, era fora de portas… Mas Benfica, nessa altura, já se estava a transformar…

Maria Luísa e Fernando foram morar para um prédio novo, acabado de construir, na Rua Cláudio Nunes.
Rua assaz movimentada, com trânsito em dois sentidos, ligando directamente à Estrada de Benfica. Pela Rua Cláudio Nunes passavam, a essa época, os autocarros que iam para a Amadora e havia sempre pessoas a venderem na rua, com carrinhos. Esta era a principal via de acesso ao cemitério, vinda da Estrada de Benfica.

Nas traseiras do seu prédio, existia ainda uma grande quinta [do Tojalinho], onde se ia comprar leite e buscar água de um poço, ali existiam também três moinhos de vento.

Na Rua Cláudio Nunes, em Junho, era hábito os moradores irem ver a marcha popular sair do "Fófó", quando este tinha a sua sede do lado direito de quem sobe a rua.
E aos domingos ía-se até à Mata de Benfica, onde havia os balouços e o escorrega, e havia até quem levasse comida e por ali almoçasse. "Nesse tempo aquilo era muito visitado", relembra Fernando.

Era na Mercearia do Sr. Octávio, junto à Igreja, que se abasteciam e lhes entregavam as compras em casa; tal como a padeira que, nessa época, ainda vinha entregar à porta.
No entanto, fruto dos seus horários de trabalho, a vida social de Maria Luísa e Fernando Carril fazia-se mais nos Restauradores, perto do emprego.
Só depois de reformados, com mais tempo disponível, se começaram a dar com as pessoas da freguesia. "Agora até parece que há mais conhecimento nosso com as pessoas (...) passámos a conviver mais porque temos mais tempo e porque há muito mais gente, isto é mais povoado.”, diz Fernando, lembrando que não passa agora um dia em que não parem inúmeras vezes ao descer a sua rua, conversando com este ou aquele vizinho.

O comércio desenvolveu-se bastante e já não é necessário, como antigamente, irem à Baixa à procura de algo. Em compensação, ambos relembram com uma certa mágoa que muitas das lojas que têm fechado na rua em que habitam, não voltam a abrir "(...) porque ninguém lhes pega".

"Entretanto isto foi-se tudo modificando, as quintas acabaram, os transportes mudaram com o aparecimento dos autocarros e isto modificou-se tudo. (...) Tudo se transformou, a meu ver, para pior! (...) Porque as pessoas são outras...", explica Maria Luísa. "... E a vida é outra também!", complementa logo em seguida Fernando.





Vídeo de Alexandra Carvalho (2010)









domingo, 7 de novembro de 2010

Orçamento Participativo 2011 - Projectos Vencedores




Foram conhecidos, no passado dia 05/11/10, os projectos vencedores do Orçamento Participativo 2011...



"Cara(o) Cidadã(o),

Conforme foi anunciado, realizou-se hoje [05/11/10] às 12h00 no Salão Nobre dos Paços do Concelho de Lisboa, a Cerimónia de Apresentação Pública dos Projectos Vencedores do OP 2010/2011, tendo este ano havido 7 Projectos Vencedores, que integrarão o Orçamento e Plano de Actividades da Câmara Municipal de Lisboa para 2011.


São eles:


1º. Criação de um Campo de Rugby Municipal na cidade de Lisboa – 730 votos

Área: Desporto

Descrição: O projecto prevê a construção de um campo de rugby, com equipamentos de apoio, balneários, iluminação e vedação do mesmo.

Local: Alto do Lumiar - Parque Urbano Sul

Custo: 900.000,00 €

Prazo de execução: 18 meses



2º. Parque Urbano do Rio Seco 3ª Fase -714 votos

Área: Espaço Público e Espaço Verde

Descrição: Implementação da 3ª fase do Parque Urbano do Rio Seco.

Local: Rua Eduardo Bairrada

Custo: 1.000.000 €

Prazo de execução: 24 meses



3º. Requalificação da Envolvente da Igreja de Santa Clara – 600 votos

Área: Espaço Público e Espaço Verde

Descrição: Requalificação da envolvente da Igreja de Santa Clara.

Custo: 250.000 €

Prazo de execução: 18 meses



4º. Centro de Actividades Intergeracionais - Quinta da Bela Flor - 520 votos

Área: Acção Social

Descrição: Criar um centro de actividades intergeracionais no âmbito do programa envelhecimento activo e saudável no Bairro da Bela Flor.

Custo: 250.000 €

Prazo de execução: 24 meses



5º. Requalificação e Cobertura do Espaço Desportivo existente no Bairro do Cabrinha – 506 votos

Área: Desporto

Descrição: O projecto prevê a reabilitação do campo de jogos, considerando a substituição do piso, substituição das redes de todo o equipamento desportivo e colocação de cobertura fenólica ou membrana.

Local: Av. de Ceuta - Bº da Cabrinha

Custo: 300.000,00 €

Prazo de execução: 6 meses



6º. Casa destinada a Mães (Pós-parto) – 473 votos

Área: Acção Social

Descrição: Espaço destinado a mães e bebés que vivem os meses pós-parto em situação de isolamento. Pretende-se que este espaço funcione como um lugar informal de partilha de experiências e de acesso a informação diversa, nomeadamente a questões relacionadas com a amamentação, depressão pós-parto, etc.

Custo: 800.000 €

Prazo de execução: 24 meses



7º. Quinta do Bom Nome – 408 votos

Área: Espaço Público e Espaço Verde

Descrição: Projecto de qualificação da Quinta do Bom Nome integrando parque infantil.

Local: Quinta do Bom Nome

Custo: 1.000.000

Prazo de execução: 24 meses



Com o culminar desta edição, é com muito agrado que registamos a maior adesão de sempre no Orçamento Participativo, com 11.570 votos.


Gostaríamos, por isso, de o convidar a visitar o site OP onde poderá consultar a lista de todos os Projectos com a respectiva votação e despedimo-nos com um até já, pois no início do próximo ano esperamos contar com a sua participação na edição do OP 2011/2012.


Cumprimentos,


A Equipa OP 2010/2011

Câmara Municipal de Lisboa

Contactos: 217988220/217989446

Campo Grande, nº 25, 2º A

Email: op@cm-lisboa.pt

Url: www.cm-lisboa.pt/op



Lisboa é de todos.

Todos têm uma palavra a dizer.

Orçamento Participativo. Proponha.

Vote. Nós fazemos."
(**)





Como não podia deixar de ser, o primeiro projecto vencedor já está a gerar celeuma e contenda!... O que nos leva a (continuar a) questionar quais os critérios de análise aplicados pela Câmara Municipal de Lisboa para avaliar os projectos apresentados que devem passar à fase de votação; assim como qual a verdadeira pertinência da criação de um campo de rugby municipal, quando este nem é um desporto praticado no nosso país em larga escala.
Mas foi votado e está votado... a maioria assim o ordena!

Fazemos agora votos sinceros para que, de facto, a Câmara Municipal de Lisboa avance para a concretização de todos os projectos vencedores... situação que, inexplicavelmente, ainda não sucedeu com o projecto mais votado no OP transacto.

No que diz respeito à nossa freguesia de Benfica, com 29 projectos apresentados a votação dos munícipes, nem um sequer foi aprovado!...
O que nos leva a indagar se não seria muito mais viável conseguir ter apenas um ou dois projectos relativos à nossa freguesia em fase de votação, para que depois os votos se pudessem concentrar nos mesmos, levando assim a que, pelo menos um deles, pudesse ter muito mais do que apenas 1 ou 2 votos!...









(**)- E-mail recebido da Câmara Municipal de Lisboa, através de op@cm-lisboa.pt