Todos os direitos reservados @ Fausto Castelhano, "Retalhos de Bem-Fica" (2010)
(por Fausto Castelhano)
O Patronato Paroquial da Freguesia de Benfica, obra emblemática da nossa Freguesia, foi um louvável projecto lançado pelo pároco Francisco Maria da Silva (prior da Igreja de Nossa Senhora do Amparo de Benfica) e que presidiu aos destinos da paróquia ao longo dos anos de 1922 a 1934.
Esta venerável instituição já foi objecto de algumas referências neste Blog e que, por vezes, tem pecado por ser pouco rigorosa. Não só quanto ao local onde estava edificado, as suas dimensões e limites, o aspecto do próprio edifício, os objectivos que presidiam ao seu funcionamento, etc., enfim, a sua história.
7 de Maio de 1950 – A Estrada de Benfica e, ao centro da foto, o edifício do Patronato Paroquial da Freguesia de Benfica. À direita, o prédio da Farmácia Marques e, à esquerda, o Laboratório de Patologia Veterinária (hoje, Laboratório Nacional de Investigação Veterinária).
Foto cedida pelo Sr. João Paulo Fontan
Eu próprio, já “botei faladura” sobre o assunto em breves intervenções no espaço livre que os "Retalhos de Bem-Fica" proporciona a todos quantos nele queiram participar.
O padre Francisco Maria da Silva era um homem mui talentoso e possuído de enorme humildade e dinamismo. Assim, além de várias obras efectuadas na própria igreja da paróquia (foram abertos nichos nas colunas entre os altares laterais, a capela-mor ficou protegida por uma teia de madeira, etc.), o pároco resolveu, no ano de 1933, alugar o prédio e toda a área envolvente situados na Estrada de Benfica, 703 e 705, mais conhecida pela Quinta do Caldas.
E, já agora e de raspão, uma curiosidade. Uma boa parte dos terrenos que constituíam esta propriedade foi, pouco tempo depois, subalugada ao Clube Futebol Benfica para aí instalar as suas instalações desportivas: o Campo de Futebol Francisco Lázaro, o Ringue de Patinagem Fernando Adrião, o campo de basquetebol (encostado ao muro da Estrada das Garridas e junto do canavial que ladeava o rio (ou caneiro, como alguns teimam em lhe chamar), as bancadas em madeira do campo de futebol, os balneários das equipas e dos árbitros, etc.
O padre Francisco Maria da Silva era um homem mui talentoso e possuído de enorme humildade e dinamismo. Assim, além de várias obras efectuadas na própria igreja da paróquia (foram abertos nichos nas colunas entre os altares laterais, a capela-mor ficou protegida por uma teia de madeira, etc.), o pároco resolveu, no ano de 1933, alugar o prédio e toda a área envolvente situados na Estrada de Benfica, 703 e 705, mais conhecida pela Quinta do Caldas.
E, já agora e de raspão, uma curiosidade. Uma boa parte dos terrenos que constituíam esta propriedade foi, pouco tempo depois, subalugada ao Clube Futebol Benfica para aí instalar as suas instalações desportivas: o Campo de Futebol Francisco Lázaro, o Ringue de Patinagem Fernando Adrião, o campo de basquetebol (encostado ao muro da Estrada das Garridas e junto do canavial que ladeava o rio (ou caneiro, como alguns teimam em lhe chamar), as bancadas em madeira do campo de futebol, os balneários das equipas e dos árbitros, etc.
7 de Maio de 1950 – O Patronato Paroquial ao centro da foto. O muro, após o edifício principal, prolongava-se até à esquina. Depois, fazia um recanto (em ângulo recto) até aos Estabelecimentos Simões de Carvalho e, daí, continuava até à esquina da Av. Grão Vasco (como actualmente). Era aí, nesse cantinho, que existia a entrada para o Campo de Jogos do Clube Futebol Benfica através de um portão e de duas portas (uma de cada lado do portão). Para lá do muro que se observa na foto, encontrava-se o espaço de recreio das crianças do Patronato, mas os últimos metros (não mais que 10 ou 15 metros) já correspondiam ao recinto do Clube Futebol Benfica, isto é, logo que se transpunha a entrada do recinto de jogos. Era como se fosse, grosso modo, um átrio em terra batida. A fachada principal do Patronato correspondia ao lado norte da propriedade e, pelo lado sul, o Patronato estava protegido por um muro idêntico, mais baixo. Então sim, a partir daí e até ao rio (Ribeira de Alcântara), estava implantado o Campo de Jogos do Clube Futebol Benfica. Ou seja, o Campo de Jogos encontrava-se entalado entre duas barreiras: o Patronato (muro) e o rio. No sentido da largura, claro está.
Foto cedida pelo Sr. João Paulo Fontan
A notável ideia do padre Francisco Maria da Silva, uma nobre iniciativa deste bom e generoso homem seria instalar, num mesmo complexo, as obras católicas e assistenciais existentes na paróquia de Benfica, extremamente importantes no apoio a parte substancial de uma população pobre e muito carenciada de todos os meios para uma existência digna desse nome. Assim, ou por iniciativa particular, da igreja ou do Estado aparecem, aqui e ali, núcleos de auxílio às famílias desprotegidas e às suas crianças: a Creche das Fábricas Grandella, no lugar da Alfarrobeira, inaugurada em 8 de Junho de 1906 e a sua ampliação em 5 de Outubro de 1912; a “Sopa dos Pobres” que funcionou num barracão no adro poente da Igreja; a “Sopa do Sidónio” (ou “Sopa do Barroso”) da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, etc.
7 de Maio de 1950 – Estrada de Benfica - A paragem dos autocarros das carreiras 15 e 29 junto ao edifício do Laboratório Nacional de Investigação Veterinária, 701 (antigo Laboratório de Patologia Veterinária e onde, em 1890, esteve instalado o Hotel Mafra). A carreira 29 tinha o seguinte percurso: Portas de Benfica, Monsanto, Montes Claros, Cemitério da Ajuda, Belém e Algés. Hoje, a carreira 29 prolonga-se até ao Bairro do Padre Cruz (1) - ver nota no fim do texto
Foto cedida pelo Sr. João Paulo Fontan
Por alvará, os estatutos do Patronato Paroquial são aprovados em 31 de Março de 1930; uma Comissão de Senhoras angaria uma elevada quantia para obras de adaptação das instalações e do arranque do empreendimento e, em 1942, já todos os organismos assistenciais que exerciam a sua valiosa actividade estavam a laborar em pleno: Patronato, creche, escola, dispensário.
E depois desta breve resenha a propósito do antigo Patronato Paroquial da Freguesia de Benfica vamos, sem demora, deitar uma olhadela a um conjunto seis fotografias, verdadeiramente notáveis, que nos foram proporcionadas pelo nosso amável conterrâneo, Sr. João Paulo Fontan obtidas, exactamente, na tarde de 7 de Maio de 1950 e que contemplam, nem mais nem menos, que o antigo Patronato Paroquial da Freguesia de Benfica: o edifício, o local…
E depois desta breve resenha a propósito do antigo Patronato Paroquial da Freguesia de Benfica vamos, sem demora, deitar uma olhadela a um conjunto seis fotografias, verdadeiramente notáveis, que nos foram proporcionadas pelo nosso amável conterrâneo, Sr. João Paulo Fontan obtidas, exactamente, na tarde de 7 de Maio de 1950 e que contemplam, nem mais nem menos, que o antigo Patronato Paroquial da Freguesia de Benfica: o edifício, o local…
Assim, será possível descrever com um rigor mais apurado esta tão digníssima instituição de referência da nossa Freguesia e onde, de permeio e nas legendas das fotografias, vou acrescentando alguns pormenores que o meu imaginário conseguiu reter com toda a nitidez…
Vamos, então, retornar cerca de sessenta anos, à tarde primaveril de 7 de Maio e apreciar estas verdadeiras relíquias dum passado já longínquo e da movimentação verificada no sítio em apreço.
7 de Maio de 1950 – O largo do Chafariz de Benfica das Águas Livres (onde a água corria, abundantemente, pelas duas bicas), a vendedeira de fruta com o seu triciclo, a carroça com o burro. Ao lado, o largo portão de madeira que dava entrada para um pátio de dimensões razoáveis o qual, permitia o acesso aos moradores das várias casas habitação (rés-do-chão, 1º andar e águas furtadas) e do próprio Patronato Paroquial (por uma porta lateral) por onde entravam os alunos, o pessoal de serviço, etc.
Numa sala do rés-do-chão duma dessas habitações funcionou a Secção de Escuteiros e a JOC (Juventude Operária Católica) da Freguesia de Benfica.
A porta mais pequena (a seguir ao portão), era a entrada principal do edifício por onde, mais tarde, se podia aceder ao salão do Teleclube e cujas janelas (após a porta principal) se podem observar nesta foto.
Numa sala do rés-do-chão duma dessas habitações funcionou a Secção de Escuteiros e a JOC (Juventude Operária Católica) da Freguesia de Benfica.
A porta mais pequena (a seguir ao portão), era a entrada principal do edifício por onde, mais tarde, se podia aceder ao salão do Teleclube e cujas janelas (após a porta principal) se podem observar nesta foto.
Foto cedida pelo Sr. João Paulo Fontan
No edifício principal do Patronato Paroquial que estamos a descrever, também funcionou uma Escola Primária (para meninos e meninas), uma secção de pré-primária e, desde 1955, um jardim infantil entre os 3 e os 6 anos. No ano lectivo de 1946/47, eu próprio e o meu irmão Carlos, frequentámos a Escola Primária do Patronato Paroquial durante a primeira classe com a excelente professora Maria Helena Bento.
7 de Maio de 1950 – Outro aspecto do Patronato Paroquial e das suas imediações
Foto cedida pelo Sr. João Paulo Fontan
Foto cedida pelo Sr. João Paulo Fontan
Mais tarde, no início das emissões de Televisão da RTP1 com origem do Centro Emissor de Monsanto (23 de Março de 1957), e por feliz iniciativa do pároco Álvaro Proença (e a colaboração, certamente, de outros paroquianos) funcionou, no salão do rés-do-chão (o antigo refeitório da escola), um Teleclube. Assim, mediante o pagamento de uma pequena quota, os associados podiam assistir aos programas que a RTP nos enviava através das ondas hertezianas.
Eu próprio tive uma ligação muito afectiva a esta respeitável instituição. A Escola Primária (na 1ª Classe), os Escuteiros (por escasso tempo. Depressa me apercebi que não fazia parte daquele filme); a JOC (Juventude Operária Católica) embora, ao tempo, fosse estudante, mas o padre Álvaro Proença nunca viu com “bons olhos” as reuniões daqueles jovens…Com alguma razão…(a maioria já estava inserida no mundo laboral e, os problemas com que se defrontavam, no dia a dia, nos seus locais de trabalho eram, ali, abertamente debatidos); o Teleclube, de que fui um dos associados.
Este respeitável edifício não resistiu à onda avassaladora do cimento armado dos inícios dos anos 60 do século XX. A vaga foi de tal ordem que, de alto a baixo transfigurou, de um modo irreversível, a nossa Freguesia restando, apenas, pequenos núcleos do antigo povoado.
À data da sua demolição, a velha instituição da paróquia ainda albergava, em regime de semi-internato, uma centena de crianças.
À data da sua demolição, a velha instituição da paróquia ainda albergava, em regime de semi-internato, uma centena de crianças.
7 de Maio de 1950 – Prédio da esquina da Estrada de Benfica com a Rua dos Arneiros (antiga Travessa dos Arneiros). Por acaso, ainda lá está, inteirinho e remodelado depois de sofrer obras de conservação. Então, vamos lá identificar este imóvel…Mesmo à esquina, era a taberna do Sr. João com uma entrada pela Estrada de Benfica, 648 C (a entrada principal fazia-se pela Travessa dos Arneiros, 2 (actualmente, Rua dos Arneiros); depois, a janela que dava para uma salinha onde se jogavam os matraquilhos; a porta com o número 648 B é o barbeiro e, logo após, a entrada do prédio, 648 A. A Farmácia Marques, com as duas montras a ladear a porta, vem logo a seguir.
Foto cedida pelo Sr. João Paulo Fontan
1947 - Chafariz de Benfica das Águas Livres e que proporcionava o abastecimento de água à população da Freguesia de Benfica quando a água (potável) jorrava pelas duas bicas. Nesse tempo, os cantoneiros da Câmara Municipal de Lisboa mantinham o chafariz (regularmente e com todo o desvelo) limpo, asseado, em perfeitas condições higiénicas. No Verão, o tanque era a piscina dos meninos pobres da nossa freguesia. A garotada atirava-se lá p’ra dentro, nus ou em cuecas… Porém, e sem tempo para reagir, um conhecidíssimo actor de teatro e das telenovelas da nossa praça, também mergulhou no tanque… mas todo aperaltado… Tal e qual! O “Calminhas” tinha os seus “repentes”. Era daqui, também, que à noite “cuscávamos” a Grega, que habitava o 1º andar, por cima da Farmácia Marques. Um pormenor: para lá dos prédios que se observam na imagem, ficava o campo de jogos do Clube Futebol Benfica.
Foto de Fernando Martinez Pozal (1947), in Arquivo Municipal de Lisboa
Agora, sessenta anos volvidos, vamos regressar ao presente e observar as alterações que, entretanto, aconteceram no local onde existia o Patronato Paroquial da Freguesia de Benfica.
Abril de 2010 – O espaço (a partir do largo do Chafariz, à esquerda) que correspondia à antiga propriedade do Patronato Paroquial de Benfica e ao seu prolongamento até à esquina da entrada do Campo de Jogos do Clube Futebol Benfica. Actualmente, essa enorme fatia de terreno inclui várias urbanizações que se prolongam até ao jardim do Bairro de Santa Cruz e que ocuparam as áreas do antigo Patronato Paroquial (os anexos e recreio), o Campo Francisco Lázaro, o ringue de Patinagem Fernando Adrião, o rio (Ribeira de Alcântara) e a “Metalúrgica de Benfica”. Entre este bloco de apartamentos e a outra urbanização por detrás desta (que corresponde, sensivelmente à antiga “Metalúrgica de Bemfica”), fica a Rua da República Peruana. Por aí passava o rio (Ribeira de Alcântara) que, na década de 60 do século passado, foi encanado.
Foto de Fausto Castelhano
Abril de 2010 – O velho Chafariz de Benfica da Águas Livres de Benfica – A água, e já lá vão muitos anos, deixou de jorrar pelas suas bicas. O seu aspecto é, realmente, bastante degradante. O tanque, a antiga piscina das crianças pobres da nossa freguesia, foi adulterado. Uma verdadeira lástima…
Foto de Fausto Castelhano
Abril de 2010 – A fachada principal do prédio da Estrada de Benfica, 248. A partir da esquerda: o Restaurante “O Chafariz, o cabeleireiro de homens “Freixinho”, a entrada do edifício e a Farmácia Marques. Este edifício sofreu obras de beneficiação, o que muito o valorizou.
Foto de Fausto Castelhano
Abril de 2010 – O bonito edifício da esquina da Estrada de Benfica, 648 com a Rua dos Arneiros, 2. As janelas de guilhotina, as belíssimas e bem lançadas águas-furtadas e as varandas em ferro forjado (um pormenor importante). A taberna do Sr. João também se actualizou. Actualmente, é o Restaurante “O Chafariz”.
Foto de Fausto Castelhano
Abril de 2010 – A Farmácia Marques mantém-se, mas modernizou-se. As portas e as janelas de madeira foram substituídas pelas incaracterísticas estruturas em alumínio O barbeiro acompanhou os novos tempos. Agora, dá pelo nome de “Freixinho”, cabeleireiro de homens. No 1ºandar sobre a Farmácia Marques morava a “Grega”, uma senhora muito bela e cujos atributos físicos eram, efectivamente, de “parar o trânsito”.
Foto de Fausto Castelhano
Foto de Fausto Castelhano
Abril de 2010 – O magnífico prédio do Laboratório Nacional de Investigação Veterinária e onde existia a paragem dos autocarros da Carris das carreiras 15 e 29.
Foto de Fausto Castelhano
Abril de 2010 – O Edifício do Laboratório Nacional de Investigação Veterinária (antigo Laboratório de Patologia Veterinária e onde esteve instalado o Hotel Mafra no final do século XIX) na esquina da Estrada de Benfica com a Estrada das Garridas e junto ao Chafariz das Águas Livres de Benfica.
Foto de Fausto Castelhano
O novo Centro Paroquial de Benfica
Entretanto, e já em 1956, teve início o peditório para a construção dum novo Centro Paroquial no adro poente da Igreja de Nossa Senhora do Amparo (local onde existiu, até 1880, o cemitério da Freguesia de Benfica) e que se encontrava ao abandono desde à muitos anos. Pelo meio do extenso matagal em que se tinha transformado o adro, ainda se encontravam as ruínas do antigo coreto, o tal da Sociedade Filarmónica Euterpe de Benfica.
Após inesperadas vicissitudes relacionadas com o projecto inicial e que sofreu várias alterações ao longo de alguns anos (o Gabinete de Urbanização da Câmara Municipal de Lisboa rejeitou três projectos já que, prendia edificar um Jardim público no espaço do adro poente da igreja), a construção da primeira fase do empreendimento arrancou “em força” no ano de 1958 depois de corrigidos e aprovados alguns pormenores do projecto (o lado fronteiro sobre a Estrada de Benfica, devia ficar livre) e, nos inícios do ano de 1959, finalmente, a empreitada teve o seu termo num tempo relativamente curto.
Após inesperadas vicissitudes relacionadas com o projecto inicial e que sofreu várias alterações ao longo de alguns anos (o Gabinete de Urbanização da Câmara Municipal de Lisboa rejeitou três projectos já que, prendia edificar um Jardim público no espaço do adro poente da igreja), a construção da primeira fase do empreendimento arrancou “em força” no ano de 1958 depois de corrigidos e aprovados alguns pormenores do projecto (o lado fronteiro sobre a Estrada de Benfica, devia ficar livre) e, nos inícios do ano de 1959, finalmente, a empreitada teve o seu termo num tempo relativamente curto.
Abril de 2010 – Um aspecto da fachada das lojas do adro poente depois da remodelação de que foi alvo na década de 60 do século XX. Estas portas correspondiam ao café/pastelaria “Adega dos Ossos”.
Foto de Fausto Castelhano
Abril de 2010 – O adro poente da Igreja de Nossa Senhora do Amparo de Benfica, as lojas e parte dos edifícios do Centro Paroquial de Benfica. No espaço deste adro e até 1880, estava instalado o antigo cemitério da Freguesia de Benfica.
Foto de Fausto Castelhano
É um belo complexo que muito engrandeceu a Paróquia de Nossa Senhora do Amparo de Benfica: residência paroquial destinada ao pároco e a mais dois coadjutores, Cartório Paroquial, salas para reuniões, Secretariado Paroquial e uma grande sala-roupeiro e de costura para os pobres, seis salas de aulas seriam ocupadas no ensino da catequese, gabinete para a Assistência Social, salão-biblioteca, sala-cartório da Irmandade de Nossa Senhora do Amparo e uma outra destinada à Irmandade do Santíssimo Sacramento etc.
Todavia, havia que dar continuidade ao exaltante cometimento. Assim, o peditório continuou com o objectivo da construção da 2ª fase do Centro Paroquial. Em 29 de Maio de 1963, teve início a construção do segundo pavilhão e da total reestruturação da frente do adro poente e das respectivas lojas que aí estavam instaladas.
Todavia, havia que dar continuidade ao exaltante cometimento. Assim, o peditório continuou com o objectivo da construção da 2ª fase do Centro Paroquial. Em 29 de Maio de 1963, teve início a construção do segundo pavilhão e da total reestruturação da frente do adro poente e das respectivas lojas que aí estavam instaladas.
A questão da propriedade dos adros da Igreja de Nossa Senhora do Amparo de Benfica tem uma história bastante atribulada e que se arrastou durante larguíssimos anos, segundo os registos do padre Álvaro Proença (in "Benfica através dos tempos"). De facto, e depois da mudança de regime político no nosso país em 1910, a Irmandade do Santíssimo Sacramento viu-se espoliada da propriedade dos adros em 1914 e, o próprio Ministério da Justiça resolveu conceder, a uma Sociedade Comercial, a fachada do adro poente para aí construir e instalar um conjunto de lojas.
A Igreja de Nossa Senhora do Amparo de Benfica, a escadaria do lado poente e a Adega dos Ossos com o toldo (logo ali, à nossa espera).
Foto de Judah Benoliel (195..), in Arquivo Municipal de Lisboa
Porém, em 1938, a Irmandade conseguiu que uma sentença do tribunal lhe fosse favorável na reivindicação da posse dos adros da Igreja de que havia sido espoliada uns bons anos antes.
Em 1940 e através da Concordata estabelecida entre a Santa Sé e o governo de então, a Igreja alcançou, finalmente, o que à tanto tempo almejava: o reconhecimento definitivo da posse “em uso e administração” dos adros e da Igreja.
Mas esta querela não ficou por aqui. Seguiu-se um longo pleito judicial com a Sociedade Comercial que ocupara, com as suas lojas, uma boa parte do adro poente. Mais tarde, e interpretando as boas razões da Irmandade do Santíssimo Sacramento nas suas pretensões, o Tribunal marcou o ano de 1960 como a data definitiva em que as lojas teriam de ser removidas do local e onde exerciam a sua actividade comercial.
Esta data, bate certo com o registo do meu imaginário no que se refere à “Adega dos Ossos”. Em 1958 e 1959, ainda frequentava (e os meus amigos) o tão falado café/pastelaria e aí se namoriscava. Esperavam-se as namoradas ao fundo da escadaria do lado poente da Igreja, após a missa das 11:00 horas… A “Adega dos Ossos”estava, logo ali, à nossa espera…
Em 1940 e através da Concordata estabelecida entre a Santa Sé e o governo de então, a Igreja alcançou, finalmente, o que à tanto tempo almejava: o reconhecimento definitivo da posse “em uso e administração” dos adros e da Igreja.
Mas esta querela não ficou por aqui. Seguiu-se um longo pleito judicial com a Sociedade Comercial que ocupara, com as suas lojas, uma boa parte do adro poente. Mais tarde, e interpretando as boas razões da Irmandade do Santíssimo Sacramento nas suas pretensões, o Tribunal marcou o ano de 1960 como a data definitiva em que as lojas teriam de ser removidas do local e onde exerciam a sua actividade comercial.
Esta data, bate certo com o registo do meu imaginário no que se refere à “Adega dos Ossos”. Em 1958 e 1959, ainda frequentava (e os meus amigos) o tão falado café/pastelaria e aí se namoriscava. Esperavam-se as namoradas ao fundo da escadaria do lado poente da Igreja, após a missa das 11:00 horas… A “Adega dos Ossos”estava, logo ali, à nossa espera…
Abril de 2010 – Parte do complexo do Centro Paroquial de Nossa Senhora do Amparo de Benfica.
Foto de Fausto Castelhano
Foto de Fausto Castelhano
A 2ª fase da construção do Centro Paroquial, ficou concluída em 1964. O novo pavilhão tem entrada pela Rua Ernesto da Silva a qual, dá acesso ao Centro de Caridade. Inclui sala de espera onde seriam servidas refeições volantes a crianças pobres. O refeitório tem capacidade para cerca de 150 pessoas. A escadaria do lado poente dá acesso ao óptimo Salão Paroquial, com palco, 360 lugares sentados e apetrechado com aparelhagem de som e projecção de imagem.
Nos dias de hoje, o Centro Paroquial desenvolve uma excepcional obra social digna de todos os encómios, prestando assistência às famílias mais carenciadas da nossa Freguesia.
Engloba importantes sectores, além doutros: Centro Social (Creche, Jardim Infantil, Actividades de Tempos Livres, Apoio domiciliário, Serviço dos Pobres, Dispensário Médico e Farmacêutico);
Sector Litúrgico (Acólitos e Meninos de Coro, Irmandade de Nossa Senhora do Amparo, Irmandade do Santíssimo Sacramento); Sector de Evangelização.
E pronto… Espero ter contribuído, de alguma forma, face às fotos que me foram cedidas pelo Sr. João Paulo Fontan (a quem expresso os meus agradecimentos), a um melhor conhecimento do antigo Patronato Paroquial de Benfica e ao sítio onde se encontrava implantado. Não sei se consegui esse desiderato.
Engloba importantes sectores, além doutros: Centro Social (Creche, Jardim Infantil, Actividades de Tempos Livres, Apoio domiciliário, Serviço dos Pobres, Dispensário Médico e Farmacêutico);
Sector Litúrgico (Acólitos e Meninos de Coro, Irmandade de Nossa Senhora do Amparo, Irmandade do Santíssimo Sacramento); Sector de Evangelização.
E pronto… Espero ter contribuído, de alguma forma, face às fotos que me foram cedidas pelo Sr. João Paulo Fontan (a quem expresso os meus agradecimentos), a um melhor conhecimento do antigo Patronato Paroquial de Benfica e ao sítio onde se encontrava implantado. Não sei se consegui esse desiderato.
Fausto Castelhano
(1) O bairro do Padre Cruz foi construído entre os anos de 1959 e 1960 com o objectivo de realojar a população afectada por obras de renovação urbanística da cidade de Lisboa e que eram oriundos de diversos locais, nomeadamente, dos moradores da Quinta da Calçada os quais, foram desalojados dum núcleo de habitações que ali existiam aquando da construção da Cidade Universitária.
Porém, ao longo dos anos, o Bairro do Padre Cruz foi crescendo com o realojamento de populações doutros lugares como, por exemplo, habitantes do Bairro de Alcântara devido à construção da Ponte 25 de Abril (antiga Ponte Salazar) sendo, nos dias de hoje, considerado o maior Bairro Social da Península Ibérica.
Porém, ao longo dos anos, o Bairro do Padre Cruz foi crescendo com o realojamento de populações doutros lugares como, por exemplo, habitantes do Bairro de Alcântara devido à construção da Ponte 25 de Abril (antiga Ponte Salazar) sendo, nos dias de hoje, considerado o maior Bairro Social da Península Ibérica.
9 comentários:
Amigo Fausto,
Os meus sinceros e elevados parabéns... o seu trabalho está EXCEPCTIONAL!!!!!
Muito obrigada por continuar a contribuir de uma forma tão positiva para o conhecimento da nossa freguesia (e, sobretudo, para o "Retalhos de Bem-Fica").
Gostei mesmo muito de visualizar como era o Patronato e de saber mais sobre a acção que levava a cabo (só tinha conhecimento da existência do Teleclube, através da entrevista que fiz com o Engº. João António Lamas).
Os meus agradecimentos, também, ao Sr. João Paulo Fontan pelas fantásticas fotos!
Terá ele alguma coisa a ver com a famosa Casa Fontan? :)
Abraço amigo,
Alexandra.
Fausto: para quem não conheceu o Patronato, esta sua descrição permite uma perfeita visualização do mesmo. Mais um excelente trabalho sobre o bairro de Benfica, sempre ao nível daquilo a que nos tem habituado.
Amiga Alexa
Claro!`É o neto do Sr. Florêncio Fontan da mercearia que conheci muito bem. Aliás, tenho uma foto do Sr. Florêncio e dos seus empregados junto da mercearia e que, também, me foram gentilmente cedidas pelo neto, Sr. João Paulo Fontan. Um dia qualquer vou eleborar um pequeno texto sobre essas lojas e das outras que estavam nas imediações e que, entretanto, se dedicam a outro ramo de actividade.
Um abraço de amizade do Fausto
As fotos deste artigo dizem ser de 1950, consultando o site da carris, em guia mapas e carreiras, em 1950 e 1951 a carreira 29 de autocarro não consta, o mapa seguinte é já de 1955 aí já vem mencionada a carreira 29. Só estou alertar não vá alguém pôr em causa a data.
Amigo F Calado
As fotos de grande formato (talvez de algum fotógrafo profissional)que me foram cedidas pelo Sr. João Paulo Fontan, neto do Sr. Florêncio Fontan das lojas do mesmo nome, estão datadas de dia e ano e, penso, merecerem toda a confiança.
De qualquer modo, o meu obrigado pela informação
Fausto Castelhano
O Centro Paroquial de Benfica era um ponto de encontro para muitos jovens nos finais da década de 60.
O Salão Paroquial onde todos os domingos à noite se exibiam filmes, era bastante frequentado por famílias inteiras. As festas de Carnaval e dos Santos Populares eram sempre eventos a não perder.
Quanto a Álvaro Proença, era sem dúvida um homem dinâmico mas que gostava de tudo à sua santa vontade. E quem não se mantivesse "na linha"....que procurasse outro paradeiro.
Que belíssimo e precioso texto este!
E que belo era o centro da freguesia, a julgar pelas fotos. Que bem enquadrado deveria ficar a fonte com o edifício de veterinária de um lado, e o edifico do patronato do outro! Que pena essa demolição. Também se vê uns edifícios antigos por trás da fonte. Pertenciam ao patronato?
Muito obrigado, Sr. Fausto Castelhano.
Grato pelo seu comentário, Henrique Oliveira. Efectivamente, a freguesia de Benfica era de uma beleza incomparável. Actualmente, Benfica encontra-se bastante descarecterizada. Daí a enorme saudade desses tempos já um pouco longínquos.(Fausto Castelhano)
Fui muitas vezes ao cinema no salão paroquial o meu filho frequentou a cresce do patronato, já na Rua Ernesto da Silva. Eu fazia parte da congregação qdo era jovem.
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