quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Figuras de Benfica - 2



Falando em animais, no post anterior...

Envia-nos o Jorge Resende o seguinte texto, a propósito de um residente "ilustre" de Benfica.



Imagem disponível in "Os Anos de Ouro do Cinema Português"




"(...) gostava de lhe dizer que Benfica teve como morador uma figura pública que decerto muito a honrou. Refiro-me ao inesquecível toureiro
Manuel dos Santos, que nasceu em Lisboa em 1925, e faleceu a caminho da Goulegã, não frente a um touro, mas sim num brutal acidente de automóvel, em 1973.

Manuel dos Santos teve, nos anos 50 do século XX, uma carreira auspiciosa, interna e externamente, e entrou em alguns filmes com Amália Rodrigues 'Sangue Toureiro' e 'Sol e Toiros'.



"Estrada de Benfica, Nº 702" (1961)
Artur I. Bastos, in
Arquivo Municipal de Fotografia


"Estrada de Benfica, Nº 702" (1961)
Artur I. Bastos, in
Arquivo Municipal de Fotografia


Imagem disponível in "Google Street View"




Habitava esporadicamente um andar na Estrada de Benfica, para onde algumas vezes o vi entrar com sua família. O prédio, que se dizia ser seu, fica a caminho das Portas de Benfica, no seu lado direito, depois da entrada para as Pedralvas, frente ao bloco onde foi a segunda estação de correios de Benfica. Junto uma foto do toureiro retirada da net, e fotos do prédio.


Um abraço,
JResende"





NOTA:

De salientar que a autora deste blog é, tacitamente, contra as touradas e todo e qualquer tipo de violência exercida contra animais (movido por que motivos forem).






23 comentários:

Unknown disse...

Jorge e Alexandra,

Eu morava bem pertinho no nº692-1ºesq., existia e creio que ainda se mantém um café num dos prédios que aparece na foto do nº702, mesmo defronte onde se vêm estancionados dois VW carochas.

Nesse café era onde íamos os menos abastados ver a RTP, a sala onde estava o aparelho ficava lotada todas as noites. Outra curiosidade foi nesse café onde vi pela 1ª vez uma "Junk - box", que era o deleite dos jovens na época, era nela onde a troco, creio 5 tostões, ouviamos os THE BEATLES e SHADOWS.

Um abraço.

Vitor Filipe

João disse...

Este post fez-me lembrar um breve momento do qual eu estava absolutamente esquecido. Há muitos anos atrás, passava eu (ainda puto) e o meu pai à porta desta casa, quando o meu pai parou para cumprimentar um indivíduo que estava à conversa com Manuel dos Santos. O indíviduo em questão, de quem o meu pai era amigo pessoal, era - nem mais nem menos - Mário Coelho, grande matador vilafranquense, considerado o maior executante mundial do chamado "câmbio de bandarilhas". Durante alguns minutos, assisti a uma conversa sobre tauromaquia entre o meu pai, Manuel dos Santos e Mário Coelho. Para ser sincero, pouco percebi dos temas tratados nessa "tertúlia espontânea". Um pouco à semelhança da linguagem usada pelos juristas, o "jargão/calão" tauromáquico é algo que não está ao alcance do comum dos cidadãos...


"De salientar que a autora deste blog é, tacitamente, contra as touradas e todo e qualquer tipo de violência exercida contra animais (movido por que motivos forem)."

Alexandra, esses seus sentimentos só lhe ficam bem. O advérbio de modo por si escolhido é que me parece um pouco deslocado no meio da frase. Porque não "frontalmente" em vez de "tacitamente"...!? Já agora, permita-me uma "provocaçãozita" meio marialva que vai no sentido de "linkar" o tema deste post com o do anterior. O nosso amigo "Castiço" teve azar não ter nascido e vivido no Ribatejo. Tal como o "Gingão", o dito cavalo russo que é cantado num fado, o "Castiço" também merecia um fado, talvez ainda mais marialva, a julgar pelas suas características de autêntico giggalo. Estou convencido que o Fausto me dará razão... ;-)

Pedro Nolasco disse...

Olá Alexandra e comentadores.
Pois esse predio era mesmo do Manuel dos Santos, a minha mãe quando casou, ainda os meus avós viviam na Calçada do Tojal, foi viver, se não me engano, para o 1º andar, e eu sempre ouvi falar na casa do "Manel dos Santos" quando se falava da 1ª casa que eles habitaram. So a seguir os meus avós ficam com a quinta( Lobo Antunes) no 678 da Estrada de Benfica, e nós fomos viver para lá, não na parte de casa que se ve nas fotos que existem aqui no blog, mas se houvesse uma foto de frente, se veria.
E ai havia ( Casa Manuel dos Santos), como se ve por estas fotos, a loja das bicicletas, minha perdição de miudo, visto que a minha estava sempre avariada, mas como os pais não pagavam os arranjos feitos na oficina, lá ia eu perguntar como se arranjava, e comprava as peças para fazer eu mesmo a reparação. Muitas horas paseei nessa loja vendo arranjar biciletas e motorizadas, a tentar perceber como funcionavam. Um pouco mais a frente, havia uma vivenda no alto de uma rampa, que era dos donos da Fortex, familia Bouça, tambem muito conhecida em Benfica.

Muitos parabens Sr. Resende por esta memoria.

Abraços a todos os filhos e amigos de Benfica
Pedro Lobo Antunes Nolasco

Alexa disse...

Vítor: O Nº 692, coladinho à Drogaria do Sr. Fernando e da Dª. Natália (da qual já aqui falei http://retalhosdebemfica.blogspot.com/2009/12/drogaria.html) :)

O Café das sessões de RTP e da "Junk - box" ainda existe, sim, Vítor... mas hoje em dia, está mais transformado em taberna, segundo creio.

Um abraço

Alexa disse...

João: Está visto, pela conversa a que o João assistiu, que Benfica também foi cenário de muitos ilustres da tauromaquia, para além do já citado neste post, Manuel dos Santos.

Quanto ao advérbio de modo, coloquei este porque, como falo tantas vezes sobre gatos, pensei que já estava implícito para os leitores mais assíduos estes meus sentimentos ;)
Mas vou optar por colocar o seu "frontalmente", que, também, me parece muito bem!

Um abraço

Alexa disse...

Pedro: mais uma vez, muito bem vindo aqui ao "Retalhos" e, sobretudo, muito obrigada pela partilha dessas suas memórias!

A casa das bicicletas ainda hoje lá existe, exactamente no mesmo local, hoje ladeada pela sapataria "Charles".

Seria óptimo se algum dos leitores nos conseguisse arranjar uma fotografia da Casa dos Lobo Antunes, no antigo Nº 678 da Estrada de Benfica... mas com a fachada principal (e não esta que já aqui deixámos - http://retalhosdebemfica.blogspot.com/2009/02/casa-da-1-geracao-da-familia-lobo.html).

Vou tentar arranjar uma foto (que me parece que já vi no Arquivo Municipal) dessa "vivenda no alto de uma rampa, que era dos donos da Fortex, família Bouça, também muito conhecida em Benfica").

Estou a ver que temos que tentar arranjar mesmo maneira de organizar um jantar deste blog (como sugeriu o Luís, ali ao lado na "Caixa de Recados do Blog"), quando conseguirmos reunir todos os "filhos e amigos de Benfica", os nossos leitores que estão fora de Lisboa ou ausentes do país :)

O que vos parece?


Um grande abraço

João disse...

"João: Está visto, pela conversa a que o João assistiu, que Benfica também foi cenário de muitos ilustres da tauromaquia..."

Acho que não, Alexa. A situação que eu descrevi foi fortuita. Estou convencido que terá resultado de um mero encontro entre dois profissionais do mesmo métier. Benfica foi, isso sim, cenário de muitos ilustres do desporto, particularmente do Hóquei...

Fausto disse...

Amigo João

Vade retro, Satanás...Manchar, nem quem seja ao de leve, a memória do "Castiço", acho que é uma intolerável provocação e de muito mau gosto. "Castiço" era um animal de uma nobreza ímpar e, se porventura, nalguma fase da sua existência vagueou por caminhos menos próprios, desonestos, que o nosso amigo sugere, temos que convir que, face à sua posterior e intocável postura, ele seria, sem qualquer dúvida, um emérito giggalo mas, com muita "pintarola".
Agora, enquanto ao serviço da nossa casa, "Castiço" demonstrou uma abnegação, uma estaleca e uma total disponibilidade que nos honrou a todos, sem excepção.
"Castiço" foi alimentado com produtos de primeira, treinado e acarinhado para uma função muito específica, duríssima, exigente. Trabalho duro, ali, "na marra", sem um queixume, sem exigência de ração extra. Um verdadeiro moiro de trabalho, meus amigos...E com um reportório...faz favor. Sempre variado porém, duma soberba eficiência. E no seu formidável desempenho, era um portento, verdadeiramente espectacular.
E não vos espantais! Segundo rezam as crónicas de então, que correram de boca em boca pelas redondezas da nossa freguesia (e não só), "negas" não faziam parte do vocabulário do nosso querido "Castiço". "Negas", jamais...
Contribuiu, largamente, para a conservação da sua espécie além do exigível e, por isso mesmo, merece o nosso inteiro aplauso e apreço.
Vamos, então, venerar a memória do fabuloso "Castiço", um herói dos quatro costados que, além do mais, também ele, de certa forma e na sua exigente especialidade, honrou a nossa freguesia duma maneira tão admirável.
Um abraço de muita amizade para todos os amigos.

Fausto Castelhano

João disse...

Amigo Fausto, sinto-me no dever de me retractar daquela minha intolerável provocação consubstanciada na ideia de um fado marialva que pudesse eternizar a nobreza ímpar do "Castiço". Depois de reler as façanhas desse intrépido procriador, fiquei convencido que nem uma heróica de Lopes Graça seria musicalmente capaz de preencher os requisitos exigidos à veneração de tamanha grandeza... :)))

Unknown disse...

Alexandra,

Seria interessante fazer chegar ao António Loboa Antunes a existência do seu blogue, ele é uma enciclopédia do bairro de Benfica, vidé "Crónicas".

Abraço.

Vitor Filipe

Alexa disse...

João: sobre o Hóquei falarei também aqui muito em breve :)

Fausto: de facto, não se compreende que o João tenha assim manchado a memória do "Castiço", tão importante "figura" de Benfica... Mas acredito que não o tenha feito por mal, afinal de contas, estamos aqui todos em tertúlia na brincadeira positiva ;)

Vítor: excelente sugestão a sua, que muito me enaltece (e acredito que, também, a todos os leitores que têm contribuído para este blog, seja através do envio de textos e fotos, seja através dos comentários nos posts e na "Caixa de Recados").
Posso dizer-lhe que, graças a um grande Amigo comum, o António Lobo Antunes já tem conhecimento deste nosso blog (e, também, do Movimento pela Vila Ana e pela Vila Ventura - ao qual já aderiu)... mas, segundo fui informada, não é muito dado a estas coisas da internet.
Mas seria, verdadeiramente, uma grande honra se ele nos pudesse visitar e connosco partilhar as suas memórias de Benfica.

Um abraço a todos

Ana Vassalo disse...

Xana querida, Boa Tarde!!! Com maiúsculas, ah pois, que chegar a este blog ilumina a tarde de qualquer um!
Cheguei cá pela mão da Carla e só hoje arranjei tempo para dar aqui um pulinho, mas valeu a pena, oh se valeu!
Tenho estado aqui a recordar tanto da minha infância, a tentar identificar os locais mencionados, designadamente a Casa do Manuel dos Santos e o Café onde se via TV, que frequentei tbem durante algum tempo.
Vou voltar, com mais tempo, pois vou.
Beijinho, querida, Parabéns por este documento magnífico!
Ana Vassalo

(estás convidada para o meu blog, quando e sempre que quiseres)

Fausto disse...

Caros amigos
O que se assiste nas touradas, logo à partida é, apenas, um jogo viciado, onde um dos contendores parte numa nítida inferioridade física, muitíssimo desvantajosa.
Cá por mim, que sempre vivi no meio de muitos e variados animais gostava, era de assistir, a uma corrida de toiros mesmo "à séria". Isto é: toiro e homem, mano a mano, tal e qual como na antiguidade. Sem "picar" o animal como em Espanha (e um pouco por cá, nas "tentas"), sem bandarilhas e sem serrarem a ponta dos cornos aos toiros, sem as selvajarias que, se calhar, são infligidas aos animais (nos curros) antes e depois das "faenas". Sem batotas. Assim é que era uma verdadeira tourada! Então, convidassem os nossos "diestros", os mais badalados de todos, com os seus magníficos e cintilantes "trajes de luces". Que fossem lá para dentro e, em plena arena, enfrentassem tão nobres animais, de igual para igual. Podem crer, seria o bom e o bonito! E, se a “sete pés” não se “pirassem” a tempo, totalmente borrados de cagaço, eram literalmente massacrados, espezinhados a quatro patas, amassados, desfeitos. Levavam um valentíssimo arraial de pancadaria que nunca mais se endireitavam. O toiro, um genuíno toiro de “lide” até os trincava. E tudo ao som dum qualquer “passo doble. Assim, e nestas condições, eu tornar-me-ia um fervoroso apaixonado das autênticas corridas de toiros. Assim, sim!

Fausto Castelhano

Anónimo disse...

Gostei da ideia do jantar. Posso fazer-me convidada?

Leonor Nunes

Alexa disse...

Ana Vassalo: muito bem vinda, então, aqui ao "Retalhos". Fico muito contente com a sua visita!
Mas diga-me uma coisa, pff: chegou aqui pelas mãos da Carla Sancho ou da Carla Carvalho?

Espero que volte mais vezes e, sempre que quiser, sinta-se à vontade para enviar o seu contributo para este blog.

Prometo, brevemente, também dar um saltinho pelo seu.

Um grande abraço

Alexa disse...

Amigo Fausto: gostei muito deste seu texto sobre as verdadeiras touradas, aquelas que se fariam sem batota!

Infelizmente, o Homem arma-se sempre com bandarilhas e outros instrumentos de tortura, para tentar "provar" a sua superioridade (quanto muito física, já que racional não será!) perante os restantes seres vivos.

Lamentavelmente, no caso da tourada em particular, essa tentativa idiota de demonstrar superioridade acaba por ser ainda mais extrema quando essa actividade é apresentada como entretenimento. Entretenimento às custas de outros seres vivos.
Por isso, amigo Fausto, estou consigo nessa das "verdadeiras touradas", e aí sim, pagaria para as ver ;)

Pena que, na sua grande maioria, o Homem ainda não tenha aprendido que, se estamos todos juntos neste planeta, por algum motivo isso aconteceu. E que seria muito mais saudável e correcto se tratássemos os restantes seres vivos com o devido respeito e não como uma competição.

Como diria Ghandi, "A grandeza de uma nação e o seu progresso moral podem ser avaliados pela forma como esta trata os seus animais."

Um abraço


P.S. - Para quem ainda não conhece, deixo aqui um testemunho da minha autoria sobre aquilo que o Homem é capaz perante animais (isto passa-se na cidade de Lisboa):

http://parolesimages.blogspot.com/2007/04/uma-tarde-no-canilgatil-municipal-de.html

Alexa disse...

Cara Leonor: fico muito contente em saber disso!

Isto começou um pouco como brincadeira, depois de uma sugestão do Luís, ali ao lado, na "Caixa de Recados" do blog... mas estou a ver que, dadas as dimensões que está a tomar, teremos mesmo que fazer esse jantar :)

Vou tentar, durante este fim-de-semana, organizar um pouco melhor as coisas, de modo a criar aqui um esquema das pessoas se inscreverem :)

Mas claro que sim, considere-se, desde já, inscrita para o jantar, amiga Leonor :)


Bjs

Anónimo disse...

Aquela padaria nova, toda em branco, muito romântica, já abriu.

Tem que ir lá fazer uma reportagem. Benfica não pode ser só o passado.O presente também é importante.

Fico à espera do jantar!!!

Leonor Nunes

Julio Amorim disse...

E um dos melhores edifícios modernistas da Estrada de Benfica, infelizmente....desfigurado por marquises.

Alexa disse...

Leonor: já lhe tinha deixado uma mensagem ali na "Caixa de Recados" a propósito da Padaria.
Estive para lá ir hoje fazer a reportagem, mas estava tanta gente que nem quis estar a incomodar as senhoras do balcão.

Tem toda a razão... Benfica é também o Presente, e tenho tentado aqui incorporá-lo no blog (vide in textos mais antigos), mas como as inúmeras contribuições dos nossos leitores têm versado mais sobre o Passado, e devido à questão das Vilas tenho andado sem tempo praticamente nenhum, nos últimos tempos temos aqui falado mais sobre o Passado.

Mas não se preocupe, Leonor, porque muito em breve aqui falaremos da Padaria... que, aliás, ficou mesmo muita bonita e veio comprovar que, quando há vontade, pode preservar-se o Passado (o edifício onde está localizada) em consonância com o moderno (a Padaria :)

Um abraço amigo

Alexa disse...

Júlio: sem dúvida :(
Nas traseiras deste prédio, então, há com cada mamarracho de marquise que até faz dó!

Alexa disse...

Ana Vassalo: 1000 desculpas! Não a reconheci na foto do seu blog e só esta tarde me disseram quem era :(
Que gaffe da minha parte!!!!
Muito bem vinda aqui ao "Retalhos", vizinha ;)

Helena disse...

grande aplauso e de pé para o fausto castelhano!!!

eeehhhhhh!!! holaaaaa!! eeehhh!!!

;DD