A beleza de cada novo dia...
Tinha o cabelo, caído pelos ombros, de uma alvura profunda… e 70 e muitos anos.
Todas as manhãs abria a janela da sua cozinha e ficava por alguns instantes a perscrutar o horizonte, com um ar muito sereno, como se estivesse a admirar a beleza de cada novo dia que se iniciava.
Por vezes, quando olhava na direcção da minha janela, esboçava um sorriso e voltava a perder o seu olhar no infinito.
Passados largos meses, ela nunca mais apareceu àquela janela, que se passou apenas a abrir para uma outra senhora de bata –mais jovem- estender a roupa.
No ano seguinte, começou a aparecer mais roupa estendida à janela... e o som de risos de crianças.
Os prédios em que habitamos são como as pessoas, na sua longa existência...
As próprias pessoas vão transformando os prédios naquilo que eles são, ou que não são.
E a verdade é que os prédios vão sofrendo diversas e sucessivas fases, consoante os seus habitantes se vão regenerando.
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