quinta-feira, 6 de maio de 2010

Atentados ao Património



A casa oferecida pelo Sr. Grandela ao seu amigo Afonso Costa
Fotografia de Luísa Teotónio Pereira (1980)



30 anos depois...





Fotografias de Raquel Serrão (2010)



A 05/05/10, esta casa, que se fazia parte do Bairro Grandela (abrangido na Zona Especial de Protecção - ZEP do Património da "Quinta do Beau-Séjour / Quinta das Campainhas", sendo, também, Património Técnico-Industrial Classificado desde 1984) começou a ser demolida... tendo o "trabalho" sido concluído hoje.

De referir, também, noutras paragens, a triste notícia sobre a Vila Martins, nos Anjos, que derrocou ontem, depois de tantas queixas e chamadas de atenção dos seus habitantes e moradores da freguesia.

Até quando vamos continuar a deixar que o Património da nossa cidade seja destruído, para sermos persistentemente emparedados por prédios???








9 comentários:

mikolas disse...

É muito triste. Acho que isso esta a ocorrer nu todo mundo. Há uma batalha entre a valor útil e a valor estética.

Boa sorte com sua actividade.

(Sorry for my bad Portuguese)

Julio Amorim disse...

Felizmente, caro Mikolas....demolir casas antigas em algumas partes do mundo já é excepção!
Em Portugal ainda não chegamos a isso e, infelizmente, o nosso património edificado vai desaparecendo à velocidade da luz. Lisboa é continuamente descaracterizada e....identidade perdida, não volta!

Dulce P. disse...

Li e reli a informacao, vi e voltei a ver as fotos mas, quase me custa ainda a acreditar no que foi feito=desfeito.
Uma vez mais a Camara mostrou o "interesse" que tem no Património Cultural existente em Lisboa.
Um abraco de longe

Mike disse...

"Emparedados por prédios" não é precisamente aquilo que se verificava antes da demolição? Toda a Estrada de Benfica aliás é um bom exemplo do péssimo urbanismo que grassa nas grandes cidades portuguesas, desde há pelo menos meio-século, onde a especulação por ocupar cada m2 com construção vence quase sempre em prejuízo da qualidade de vida, pela falta de espaços verdes, espaços públicos reduzidos ao mínimo, trânsito intenso de autocarros, carrinhas e motas a circular a 2 ou 3 metros das janelas dos prédios de habitação. Veja-se por exemplo a largura mínima do passeio em frente ao prédio que foi demolido (os passeios desta zona estão constantemente invadidos por automóveis).

Claro que se aqui se demole para construir novo, ainda maior no mesmo exacto local não vale a pena. Caso contrário, se daí se conseguir uma melhoria significativa do espaço público e da qualidade de vida dos habitantes, a idade não muito avançada e valor cultural deste património em particular parece não ser assim tão relevante, pois está longe de ser um edifício único.

Já agora referir que vivi quase 2 anos na Estrada de Benfica a cerca de 300 metros deste local, e só posso dizer que não sinto saudades nenhumas deste local.

Alexa disse...

"a idade não muito avançada e valor cultural deste património em particular parece não ser assim tão relevante, pois está longe de ser um edifício único."

Mike: apesar de não ser um "edifício único" estava integrado no Bairro Grandela, fazia parte do mesmo.
Será que isso não era motivo suficiente para ser conservado (já que, muito recentemente, até fizeram obras de beneficiação no Bairro)?
Ou será que, como alguns doutos olissipógrafos (que muitos relatórios "vendem" por aí), também acredita que património é apenas tudo aquilo que é imponente e significativo?

Abraço

Mike disse...

Efectivamente fazer parte de um bairro histórico com valor cultural como é o Grandela pode ser motivo suficiente para ser conservado. Neste caso em particular, tal como referi acima, para quem conhece bem esta zona, com elevadíssima densidade de construção resultando mesmo numa sensação claustrofóbica para quem lá vive, não deixo de sentir uma lufada de ar fresco ao olhar para o local sem aquele edifício.

Praticamente toda a freguesia de Benfica está altamente carenciada de espaços públicos, verdes e outros, em condições e de qualidade.

Repare-se que, por exemplo, nos 3 ou 4 km da Estrada de Benfica que separam Sete-Rios do Fonte Nova existem apenas 1 ou 2 árvores. Em contrapartida nessa mesma extensão temos um mar de carros em cada buraco onde um se consiga enfiar (maioritariamente em cima dos passeios).

Neste contexto cara Alexa (há pouco citou uma frase minha descontextualizada), aposto que a população local veria com imenso agrado nascer naquele local um pequeno jardim ou parque infantil, isto no lugar de um prédio decadente semelhante a centenas ou milhares de outros existentes em Lisboa. Infelizmente, sabemos com 95% de certeza que não será isso que irá acontecer, e veremos ali mais um prédio construído à imagem do "pato-bravo" da CML que o licenciou para ajudar a tapar o buraco negro das contas municipais.

Julio Amorim disse...

...."nos 3 ou 4 km da Estrada de Benfica que separam Sete-Rios do Fonte Nova existem apenas 1 ou 2 árvores..."

Pois, pois....qualidade de vida !?

Alexa disse...

Caro Mike: as minhas desculpas pela descontextualização. Mas o Mike não falou no jardim no seu 1º comentário, pelo que me pareceu importante que seja efectuada a distinção que património não é só o que é imponente.

Quanto ao jardim, é como diz... e, cá para mim, ficam apenas os sonhos dos habitantes e estes ténues momentos em que a construção não emerge e se vêem algumas árvores e espaço livre.

Abraço

Dulce P. disse...

Eu também gostaria de ver Benfica como "um jardim plantado à beira-mar" mas com os "edificios decadentes (como lhe chama Mike)" todos bem saneados em vez dos mamarrachos que actualmente sao construidos por toda a Lisboa!
Evolucao? Decadência na cabeca!
Um abraco de longe