quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Instruções




(texto e fotografia de JCDuarte)







Este carro estava parado onde se vê: em cima de uma passadeira de peões, quase esparramado em cima dela.
Não gostei. Até por ser habitual, tanto aqui, em frente da estação de Benfica, como em frente à gare do Oriente. Deve ser uma questão de química: a ferrovia atrai a instrução automóvel.

Ao volante um rapaz quase que imberbe, que soprava, remexia-se no banco e esfregava as mãos, como se estivessem húmidas. Daria para apostar, dobrado contra singelo, em como se tratava de um instruendo numa das suas primeiras incursões no trânsito.

Estive vai-não-vai para lhe dizer das minhas acerca do local de estacionamento, que a aprendizagem é logo desde o início. Mas o seu nervoso era tanto que metia dó. Preferi esperar pelo respectivo instrutor. Que seria, supunha eu, um dos três homens que conversavam a uns metros de distância. Quando um deles se aproximou do carro, indaguei-o a esse respeito. Era!

Nessa altura confrontei-o com o local de estacionamento, ao que recebi uma resposta esclarecedora:
- “Isto a gente pára onde pode ser.”

Quase perdi as estribeiras mas, mantendo a compostura, perguntei-lhe se aquele era o exemplo a dar ao instruendo lá dentro sentado. A resposta foi ainda melhor:
- “Oh pah! Agora não tenho tempo para isso!”
E, entrando no carro pela direita, ligou o motor, deu algumas instruções a quem aprendia, e seguiram à suas vidas.

Fala-se em prevenção rodoviária; em segurança rodoviária; mostram-se os números negros das estradas, nas épocas festivas e fora delas…
Mas o que se pode esperar dos automobilistas se os exemplos que têm para seguir são deste calibre?
Seria bom que instrutores, formadores, monitores e professores tivessem plena consciência da importância que têm na sociedade, mesmo depois de terminado o curso que ministram!








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