sábado, 26 de dezembro de 2009

A SCIPAT







"Descoberto em Portugal o princípio novo em descasque que permitia uma separação nítida da polpa da casca dos frutos verdes, e conhecido como era o seu valor económico na sua aplicação ao descasque das bananas verdes, demonstrada a eficácia deste princípio em aparelhos de laboratório expressamente construídos para esse fim, fez-se a primeira máquina experimental.


(...)

Para a exploração industrial das patentes internacionalmente registadas, que a estas máquinas dizem respeito, para a sua construção em série, e, de uma maneira geral, para tudo quanto se ligue à cultura, indústria e comércio dos produtos das plantações de bananeiras, constitui-se por escritura pública de 22 de Junho de 1933 a SCIPAT - Sociedade Comercial e Industrial de Produtos Alimentares Tropicais (...)" *









A SCIPAT possuía um conjunto de instalações fabris composto por 12 edifícios, o maior dos quais ocupava uma área de 500 m2, situados a meia encosta da serra de Monsanto e "(...) construídos desde os alicerces conforme um plano maduramente ponderado, segundo os mais modernos preceitos da higiene do trabalho, cheios de luz e do ar puro da serra, separados uns dos outros por largos espaços ajardinados, oferecem aos operários que neles trabalham condições de comodidade e de bem-estar pouco vulgares. Com prazer temos constatado que estas condições se reflectem beneficamente, por uma forma palpável, na saúde do operariado e no rendimento do trabalho." *







Os principais ramos de actividade da SCIPAT prendiam-se com:

"(...) - Produção em série de dois modelos da máquina cortadora-descascadora de banana verde;

- Produção de farinhas alimentares;

- Produção de "tourteaux" para alimentação de gado;

- Estudos especulativos sobre a possibilidade de novas aplicações da farinha de banana e aproveitamento dos sub-produtos da cultura da bananeira;

- Propaganda e reclame dos seus produtos."
* (dos quais podemos ver um exemplar aqui).







Todas as imagens e Texto (*) em "Uma nova Agricultura Colonial intensiva e uma nova Indústria". Lisboa: SCIPAT, 1933.

[livro disponível para venda na "Ulmeiro/Livrarte"]





1 comentário:

João disse...

Não tenho a mínima noção do local onde terá funcionado esta fábrica. A pergunta que deixo é a seguinte: foram estas as instalações fabris que deram lugar à antiga fábrica dos gelados "Rajá" que existia ali na zona do Pina Manique, nos anos 60 ?!

Mau grado o "espírito FNAT", muito típico daqueles tempos, é de realçar os valores da empresa («... estas condições se reflectem beneficamente, por uma forma palpável, na saúde do operariado e no rendimento do trabalho.»), cujos mentores pareciam estar mais evoluídos para a época do que muitos modernaços empresários do século XXI...