sábado, 15 de janeiro de 2011

Recantos de Benfica




(por Alexandra Carvalho com Fausto Castelhano)





Imagine um Futuro,
onde cada espaço vazio e inutilizado,
nas grandes cidades,

seria utilizado para fazer nascer novos espaços verdes...





Vídeo de "Retalhos de Bem-Fica" (2011)




Os dois exemplos apresentados no vídeo acima são, de facto, bastante contrastantes!...

Mas o repto que aqui lançámos aos moradores é sincero, porque acreditamos que, independentemente da existência de instituições (que tutelam ou são responsáveis por determinadas situações), os cidadãos não se podem (nem devem) dirimir de participar na melhoria do seu quadro de vida, contribuindo directamente para a mesma (sobretudo, através da implementação de iniciativas de carácter comunitário).

Neste sentido, os jardins comunitários representam muito mais do que um simples passatempo, constituem, sobretudo, movimentos alternativos, independentes e colectivos, que lutam pela preservação do meio ambiente e da própria sociedade (como resposta à urbanização massiva e à crise de valores sociais); estimulando, em paralelo, o desenvolvimento dos próprios bairros (por via do qual se pode devolver às pessoas a representatividade e unidade de outrora).

Fruto da iniciativa cívica, os jardins comunitários podem, por isso mesmo, ser entendidos como locais através dos quais os habitantes conseguem conquistar o direito à cidade, ou seja, o direito a uma melhor qualidade de vida urbana.

Estes locais abertos a todos, favorecem os encontros entre diferentes gerações, culturas e classes sociais, permitindo tecer e estreitar laços dentro da comunidade, através da re-apropriação e reconfiguração do espaço exterior.


“O nosso jardim é um meio
de combater por uma sociedade mais justa.
Mas não é apenas o jardim em si mesmo,
mas, também, a organização que está por detrás dele,
e a forma como nos auto-organizamos."


Nadja, Community Garden, Buenos Aires





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A cidade de Nova Iorque foi pioneira neste domínio, vendo aparecer nos anos 70 os primeiros "jardins partilhados" sob o nome de "community gardens".
É neste contexto de industrialização, de urbanização e de morosidade densa que a artista Liz Christy e o seu Movimento, baptizado "Green Guerrillas" decidem agir: plantar árvores, tratar dos terrenos, pintar as fachadas de verde, tornam-se as suas acções quotidianas.
Estes jardins comunitários nascem, assim, da iniciativa de alguns habitantes em conflito com a urbanidade, que deliberadamente se apropriam de terrenos abandonados no centro da cidade, por aí fazer os seus jardins comunitários.
Actualmente são cerca de 1.000 jardins comunitários que embelezam Nova Iorque e o Movimento "Green Guerrillas" continua activo para proteger este património foram do comum.

Actualmente, este fenómeno expandiu-se largamente por todos os países e cidades do mundo.

O governo Cubano, por exemplo, via nestes jardins comunitários uma solução original, eficaz e durável para alimentar a população e lutar contra a fome, após a queda da União Soviética; tendo mesmo incentivado e enquadrado o desenvolvimento desta agricultura urbana ao inscrevê-la na sua política oficial.

No Japão, de há alguns anos a esta parte, os "jardins partilhados" têm nascido, sobretudo, nos telhados de Tóquio... Uma forma original de oferecer um pulmão verde a esta megalópole que não pára de crescer. Para os japoneses, estes jardins são assimilados a uma verdadeira fonte de paz e de tranquilidade em pleno coração da cidade.

Na Alemanha, o jardim comunitário também surge em toda a sua originalidade. Em Kreuzberg, bairro popular de betão em Berlim, os habitantes cultivam um jardim partilhado apelidado de "Prinzessinnengarten" (Jardim das Princesas), onde as plantas e vegetais crescem em garrafas de plástico, enquanto no "Gartencafé" (café do jardim), os visitantes são servidos com iguarias confeccionadas com produtos do jardim.

Em França, o primeiro "jardim partilhado" nasceu em Lille, em 1997. Estes jardins de bairro têm como antepassados os "jardins familiares", cultivados depois da 2ª Guerra Mundial; tendo o seu desenvolvimento, em França, sido realizado graças à iniciativa de algumas associações.
Em 2003, a Mairie de Paris, tomou a iniciativa de encorajar o desenvolvimento destes jardins colectivos através do programa "Main Verte", que regularizou e enquadrou esta nova forma de agricultura urbana.

A ideia dos jardins comunitários é, na verdade, bem mais antiga, pois já no século XIX, existiam os chamados "jardins familiares" na Alemanha. Tendo, em França, no final do século XIX, algumas ordens religiosas introduzido uma espécie de jardim comunitário, como forma de apoiar as famílias mais carenciadas com produtos hortícolas.











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