quarta-feira, 22 de abril de 2009

Contrastes Claustrofóbicos








Abre-se a janela das traseiras e somos violentamente submersos por uma estranha claustrofobia, que nos invade face ao peso que a modernidade e alguns "arranha-céus" de 12 ou mais andares ali instalaram.






Nas traseiras da Rua Cláudio Nunes, a casa do "americano" ainda por ali subsiste, isolada e vazia, como que teimando em fazer frente aos novos valores que imperam.






Por entre os seus quintais e logradouros, confluentes com a (nova) Rua Jorge Barradas, onde outrora existia a Quinta do Tojal, apenas subsiste agora mato... e, ao longe, a Igreja de Benfica.

Lembro-me, ainda, de em miúda passear com a minha mãe e o meu irmão por uma estrada de terra batida, ladeada por papoilas de um vermelho intenso. Alguns metros à frente, parávamos e ficávamos a olhar para o outro lado, para a janela da cozinha dos nossos avós. Por vezes, eles apareciam à janela e acenávamos (nessa altura, ainda não existiam os telemóveis; e, contudo, a comunicação parecia muito mais livre de constrangimentos e mal entendidos!).

Muitos anos mais tarde, a estrada velha das papoilas desapareceria, dando lugar à Rua Jorge Barradas.
A vista para a janela da cozinha dos meus avós desapareceu também, dando lugar a esse sentimento claustrofóbico sempre que agora os visito e me sinto cercada por prédios altaneiros que tentam obliviar um passado há muito esquecido.







Do outro lado, por entre os destroços de uma serralharia que persiste em funcionar num local inusitado, subsistem ainda três blocos de habitações antigas, provavelmente, vestígios daquela que foi a Quinta do Tojal.















10 comentários:

Julio Amorim disse...

Pois é Alexa....mas olhe que esta aproximação à Cláudio Nunes ainda demorou uns anitos. Da minha casa na Rua dos Arneiros, do segundo andar, via-se a Pena de Cintra. Depois apareceram aqueles prédios altos na década de 60 na Calçada do Tojal...e a vista foi-se embora. Quase paralelamente, do lado da Quinta das Palmeiras, apareceram outros prédios...e lá se foi a vista para o Estádio da Luz. Não é fácil ser prédio de três andares...;-)
Mas parece-me que mais perto da Cláudio Nunes...também já não existe espaço para mais prédios?

Alexa disse...

Júlio Amorim: tem razão, de facto a Cláudio Nunes foi poupada por alguns anos, comparativamente a outras ruas da freguesia.

Pena que não tenham seguido o que estava inicialmente previsto para Benfica (e sobre o qual o João António Lamas nos falou na 1ª entrevista do "Gente de Benfica"), pois assim, os prédios de 3 andares teriam sempre uma óptima vista ;)

Perto da Cláudio Nunes já não há espaço para mais nada, de tão atafulhada que se encontra :(

Mas fale-me um pouco mais da Quinta das Palmeiras, pff. (essa desconhecia).

Um abraço.

P.S. - O Café Paraíso não está esquecido (e já tenho o contacto de um dos filhos do seu dono), tenho andado é com muita falta de tempo para marcar a entrevista/encontro.

Julio Amorim disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Julio Amorim disse...

A Quinta das Palmeiras (era o nome que lhe dávamos) era limitada por:
Do nr 47 da Rua dos Arneiros a quinta subia a mesma rua (sendo este troço então bem mais estreito, e por lá desciam as camionetas da Brandoa) até ao cimo, onde a Rua encontra a Travessa com o mesmo nome. Descendo esta até, e seguindo, a actual Rua da República da Bolívia, voltando para cima em direcção à Rua dos Arneiros, onde hoje está a Rua Dom António Caetano de Sousa.

Esta Quinta tinha um muro alto na sua limitação para a Rua dos Arneiros. Muro esse que nós adorávamos saltar, pois, do outro lado, as canas da Índia eram do melhor para fazer arcos de flechas. Esta quinta tinha um alinhamento de palmeiras perpendicular à Rua dos Arneiros, e que ficava um pouco mais acima das "escadinhas" para a Cláudio Nunes. Algumas destas palmeiras, foram depois replantadas frente ao Estádio da Luz. Mesmo encostada ao muro que hoje corresponde à António Caetano de Sousa, havia um lindo laranjal com terraços. De resto, creio, que haviam umas tantas oliveiras...mas a maioria (que ainda hoje se notam) era eucaliptos.
No arquivo fotográfico da CML encontram-se fotografias do muro da Rua dos Arneiros e, da parte onde já não havia muro em frente ao nr. 115.
Os primeiros prédios altos que apareceram nos limites da Quinta foram lá em baixo na Rua da R. da Bolívia.

E essa história do Paraíso...seria mesmo uma delícia...fico à espera :-))

Alexa disse...

Caro Júlio: muito obrigada pela sua partilha das memórias de infância das aventuras e brincadeiras vividas na "Quinta das Palmeiras"!

Já descobri as 2 fotos que mencionou, no Arquivo Municipal de Lisboa online e, se me der permissão, utilizarei parte do que escreveu no seu comentário anterior, num post que brevemente dedicarei à Rua dos Arneiros (da qual sempre muito gostei, por ser idêntica à rua onde os meus avós moram - só que em ponto um pouco mais avantajado em termos de largueza ;)

Um abraço

Julio Amorim disse...

Use à vontade Alexa !!!!

Alexa disse...

Muito obrigada, Júlio!

Um abraço

Jardim Benfica disse...

Por um jardim de proximidade com área de recreio infantil na Rua Jorge Barradas/ bairro de Pedralvas. Projecto 145.
Ajuda a informar e motivar algumas centenas de cidadãos de Benfica a votar no Projecto n.º 145 do Orçamento Participativo da CM Lisboa 2011/12, em Setembro deste ano.
Este equipamento servirá os moradores de vários arruamentos:
- Rua Jorge Barradas,
- Calçada do Tojal,
- Rua Cláudio Nunes,
- Rua João Ortigão Ramos,
- Rua Rogério Amaral,
- Rua Comandante Henrique Maya,
- Rua Ernesto da Silva e
- Estrada de Benfica (no troço junto à Igreja de Benfica)
E também os utentes da Escola Jorge Barradas, Creches, Jardins Infantis e Centros de Dia das imediações, entre outros.
Por agora, podemos imaginar. Gostaria que no ano que vem víssemos crianças a brincar no jardim. Vota no projecto n.º 145.
http://lisboaparticipa.cm-lisboa.pt/pages/projetos.php/projId=166

Fausto disse...

Gostaria de precisar um pouco melhor (se me permitem) a Quinta das Palmeiras, também conhecida pela Quinta do Galla!
Todo o espaço territorial limitado pelas traseiras das moradias do Largo Ernesto da Silva, Estrada do Poço do Chão (Rua da República da Bolívia), Estrada dos Arneiros e Travessa dos Arneiros (Rua dos Arneiros, compreendia duas quintas: A Quinta das Palmeiras ou Quinta do Gala e a Quinta do Brito ou do Zé Brito.
A maior parte deste espaço, correspondia, efectivamente, à Quinta das Pameiras, cujo limite se situava numa linha que, partindo moradia com o Nº31 da Estrada do Poço do Chão (Rua da República da Bolívia) terminava na Travessa dos Arneiros (Rua dos Arneiros). Para baixo, até às traseiras do Largo Ernesto Da Silva, a Quinta do Briro ou do Zé Brito. Para cima, na direcção do Cemitério, a Quinta das Palmeiras.
A entrada da Quinta das Palmeiras fazia-se pelo portão da Estrada do Poço do Chão, nº63 mas existia, na Travessa dos Arneiros (Rua dos Arneiros) um portão que raramente era utilizado.
A entrada da Quinta do Brito ou do Zé Brito fazia-se pela Travessa dos Arneiros, 28 (Rua dos Arneiros).
Guerreiro Galla, um grande industrial ligado à marinha mercante (possuía uma Empresa de Navegação) vivia no palacete existente na própria Quinta das Palmeiras (um crime a sua demolição) e o José Brito vivia na moradia da Estrada do Poço do Chão, 31 (Rua da República da Bolívia) E existe uma história muito curiosa àcerca de uma das filhas! Bom, mas isso é outro negócio e será para outra ocasião mais oportuna.
Um abraço
Fausto Castelhano

Alexa disse...

Caro Jardim Benfica: excelente ideia para o vosso projecto apresentado a OP!
Um jardim nessa zona é mesmo muito importante!
Gostaria, apenas, de lhe clarificar que a Rua Jorge Barradas nunca pertenceu ao Bairro das Pedralvas.