08/03/08
Já existia muito tempo antes de ter sido criado o Centro Comercial Fonte Nova (com as suas 3 salas de cinema), ou de se pensar sequer que o Centro Comercial Colombo iria abrir na freguesia de Benfica.
O Cinema Turim foi o local predilecto da infância de muitos jovens trintões!...
Não há ninguém que aqui tenha vivido que não se recorde desse local com um misto de ternura e de saudade.
Fotografia de Alexandra Carvalho (2008)
Neste cinema, instalado no R/c de um pequenissímo centro comercial, passávamos as tardes a ver os últimos filmes que tinham saído, numa sala pequenina, com fabulosos cadeirões de veludo vermelho (as melhores poltronas que alguma vez viria a experimentar em qualquer outra sala de cinema de Lisboa).
Quando entrávamos, o écran encontrava-se ainda coberto por um pano, também ele, de veludo vermelho, onde se encontravam fixos uma série de anúncios publicitários do comércio local.
Nesse tempo idílico, ainda não existiam pipocas dentro dos cinemas (que benesse dos deuses!), mas comíamos chocolates Kit-Kat à saída da sala, depois de uma tarde bem passada.
Nas vésperas de Natal, o Cinema Turim encontrava-se sempre apinhado de crianças e pais ou avós, que faziam fila à porta para assistirem à nova película infantil que estrearia nessa quadra festiva.
E, em época normal, havia sempre dois filmes em exibição, a horários diferentes, em várias sessões.
Quando entrávamos, o écran encontrava-se ainda coberto por um pano, também ele, de veludo vermelho, onde se encontravam fixos uma série de anúncios publicitários do comércio local.
Nesse tempo idílico, ainda não existiam pipocas dentro dos cinemas (que benesse dos deuses!), mas comíamos chocolates Kit-Kat à saída da sala, depois de uma tarde bem passada.
Nas vésperas de Natal, o Cinema Turim encontrava-se sempre apinhado de crianças e pais ou avós, que faziam fila à porta para assistirem à nova película infantil que estrearia nessa quadra festiva.
E, em época normal, havia sempre dois filmes em exibição, a horários diferentes, em várias sessões.
Fotografia de Alexandra Carvalho (2008)
Depois, com o passar dos tempos, e a abertura de novos centros comerciais com salas de cinema mais apetrechadas e espaçosas, o Cinema Turim deu origem a uma sala de retaguarda, onde apenas eram projectados os filmes que já tinham saído de cartaz nos outros cinemas.
Nessa altura, o meu irmão ainda por lá passou uma ou duas vezes, eu já não. O veludo das poltronas estava coçado e a alcatifa outrora resplandecente jazia agora suja e gasta pelos espectadores de outros tempos.
Depois, com o passar dos tempos, e a abertura de novos centros comerciais com salas de cinema mais apetrechadas e espaçosas, o Cinema Turim deu origem a uma sala de retaguarda, onde apenas eram projectados os filmes que já tinham saído de cartaz nos outros cinemas.
Nessa altura, o meu irmão ainda por lá passou uma ou duas vezes, eu já não. O veludo das poltronas estava coçado e a alcatifa outrora resplandecente jazia agora suja e gasta pelos espectadores de outros tempos.
Fotografia de Alexandra Carvalho (2008)
No fatídico dia 1 de Agosto de 2007, o Cinema Turim encerrou as suas portas ao público. E com elas, fechou, também, um importante capítulo na infância de muitos de nós.
Um belo sábado de manhã, em Janeiro do presente ano, ao passar pela entrada do Centro Comercial Turim, onde o cinema com o mesmo nome se encontrava instalado, deparo-me com dois indivíduos que tentavam colar um letreiro naquilo que foram o painel de anúncio dos filmes em cartaz. À sua volta, uma série de idosos curiosos miravam o que os indivíduos faziam. Um enorme cartaz onde se podia ler a inscrição "Igreja Maná de Benfica" acabava de ser colocado, para grande surpresa e ultraje dos mirones, que comentavam a blasfémia de um tal propósito mesmo ali, em frente à Igreja de Benfica.
Mais tarde, vim a saber, por portas e travessas (ou melhor, pelos meus avós, que andam sempre muito bem informados nestas coisas), que a Igreja Maná alugara a antiga sala do Cinema Turim para realizar as suas celebrações de culto aos sábados de manhã.
Uma semana depois, o famoso cartaz foi retirado do antigo espaço onde em letras garrafais vermelhas apareciam os nomes dos filmes em cartaz.
Quanto à Igreja Maná, não sei se permanece escondida na sala junto às bobines de filmes bem antigos... Mas, de facto, é um duro golpe para as memórias de infância de tantos de nós!...
Uma boa reportagem sobre o Cinema Turim, a ler aqui.
Um belo sábado de manhã, em Janeiro do presente ano, ao passar pela entrada do Centro Comercial Turim, onde o cinema com o mesmo nome se encontrava instalado, deparo-me com dois indivíduos que tentavam colar um letreiro naquilo que foram o painel de anúncio dos filmes em cartaz. À sua volta, uma série de idosos curiosos miravam o que os indivíduos faziam. Um enorme cartaz onde se podia ler a inscrição "Igreja Maná de Benfica" acabava de ser colocado, para grande surpresa e ultraje dos mirones, que comentavam a blasfémia de um tal propósito mesmo ali, em frente à Igreja de Benfica.
Mais tarde, vim a saber, por portas e travessas (ou melhor, pelos meus avós, que andam sempre muito bem informados nestas coisas), que a Igreja Maná alugara a antiga sala do Cinema Turim para realizar as suas celebrações de culto aos sábados de manhã.
Uma semana depois, o famoso cartaz foi retirado do antigo espaço onde em letras garrafais vermelhas apareciam os nomes dos filmes em cartaz.
Quanto à Igreja Maná, não sei se permanece escondida na sala junto às bobines de filmes bem antigos... Mas, de facto, é um duro golpe para as memórias de infância de tantos de nós!...
Uma boa reportagem sobre o Cinema Turim, a ler aqui.
2 comentários:
Pois foi, mas o aluguer não chegiu a concretizar-se. O cinema na altura sem espectadores passou a ser insustentável. Uma oferta astronómica prometia que se mantivesse o espaço. Mas logo após essa primeira negociação o proprietário voltou a trás e recusou! A igreja nunca cá esteve, só o cartaz pairou erguido poucos dias! Agora reabriu como TEATRO TURIM. O esforço do proprietário continua. E esperemos que os espectadores saibam cumprir a sua função para que nunca mais este espaço se torne insustentável! Obrigada a todos
Caro Anónimo: muito obrigada pelo seu comentário!
A Igreja Maná pode nunca ter estado, mas, pelo menos dois sábados, por volta da hora do almoço, houve sessões de uma qualquer outra igreja ou associação, onde se entoavam cânticos.
Esperemos que sim, que os espectadores saibam "cumprir a sua função" e, sobretudo (e mais importante ainda), saibam usufruir da Cultura que no Teatro Turim se vai fazendo.
Nós por aqui, no "Retalhos de Bem-Fica", à semelhança do que temos feito, continuaremos a divulgar todas as iniciativas deste espaço cultural de Benfica.
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